São Paulo, terça-feira, 01 de junho de 2010 |
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JUAN PABLO VARSKY Intimidade argentina
Ninguém entra na Universidade de Pretória. Decisão de Maradona. A seleção argentina treina sob sigilo máximo. Portas fechadas, sem a possibilidade de assistir aos treinamentos e sem entrevistas com os jogadores. Apenas na quinta-feira, dia 3 de junho, é que a equipe terá um encontro com os jornalistas. Não vou reagir corporativamente. Sei que isso é uma complicação para meus colegas que trabalham na cobertura da equipe argentina, mas vou tentar contextualizar essa situação. O coquetel Maradona-Messi é irresistível. É o melhor do mundo e um dos melhores da história, juntos, como jogador e treinador, respectivamente. A concentração argentina será a mais assediada pela imprensa mundial. Ninguém vai querer perder um detalhe que seja dessa convivência. Imagine você, meu amigo brasileiro, o que seria uma Copa do Mundo com Pelé como treinador e Ronaldo como jogador. A Argentina conquistou seu último título em 1986, com Diego em campo. E, 24 anos mais tarde, Diego se senta no banco para dirigir o argentino cujo jogo mais se assemelha ao seu. O mundo está de olho em Pretória. Todos os holofotes estão voltados para essa universidade. Além disso, a seleção argentina ainda precisa se converter em um grupo verdadeiro. Esses jogadores não se conhecem uns aos outros. Precisam de intimidade. Precisam criar momentos que ajudem a conquistar essa química, que é imprescindível em um esporte coletivo. Precisam compartilhar diálogos, futebolísticos ou pessoais. O Brasil, por exemplo, tem um grupo já consolidado na Copa das Confederações. A Argentina não o tem. O time mudou de técnico no meio das eliminatórias. Maradona descartou alguns jogadores e escolheu outros. Há muito poucas afinidades preexistentes, como Verón e Palermo, Messi e Agüero, Pastore e Bolatti. Mas não há a mistura coletiva. Será preciso encontrá-la para a estreia contra a Nigéria. Isso será responsabilidade exclusiva dos jogadores argentinos. Maradona tem outro desafio: executar uma ideia e convencer seus atletas de que esse é o melhor caminho para chegar à vitória. Silêncio: há gente trabalhando para consolidar a equipe e formar um grupo. Por isso, ninguém entra na Universidade de Pretória. @VarskyMundial JUAN PABLO VARSKY é colunista de futebol do jornal argentino "La Nación" e do site Canchallena.com. Tradução de CLARA ALLAIN Texto Anterior: Agenda da Seleção Próximo Texto: Técnico prepara equipe para o jogo mais fácil Índice |
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