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A teoria dos retângulos
MATINAS SUZUKI JR.
Joga-se futebol em dois momentos: com a posse da bola e
sem a posse de bola.
No segundo momento, a seleção
da Nike, digo, do Brasil, apresentou alguma evolução: adiantou a
marcação no meio-campo e a linha de defesa aproximou-se mais
desse setor, dando maior consistência à procura da retomada da
posse de bola.
Mesmo levando em consideração a fragilidade ofensiva (aliás,
os bascos foram tão cordiais que
não ofenderam ninguém; já o Cafu confundiu vontade ofensiva
com vontade de ofender e deu
aquele vexame...) do Athletic Bilbao, os brasileiros melhoraram
em um quesito que preocupa bastante. Vamos ver como esse setor
se comporta em partidas que exigirão mais dele.
Tanto na marcação quanto na
saída de jogo, o retângulo da esquerda (Aldair, Roberto Carlos,
Doriva e Rivaldo) esteve melhor
do que o retângulo da direita (Júnior Baiano, Cafu, César Sampaio e Giovanni).
Com a posse de bola, patrimônio tecnológico do futebol brasileiro e onde reside a vantagem
competitiva do futebol local, a
coisa ainda está bastante ruim.
Faltam conceito de jogo, rapidez
e criatividade, movimentação,
maior interatividade e sinergia
entre as partes. Não está dando
nem para quebrar o galho de
vencer um time desfalcado. Roberto Carlos, mais solto, pôde disparar mais pela raia esquerda,
Doriva esteve à vontade na desconstrução e Rivaldo está em ritmo de seleção (precisa apenas de
mais entrosamento com o ataque).
Do outro lado, por onde o ataque do Bilbao se meteu, quando
se meteu, Cafu não apresentou
melhora visível, César Sampaio
nem atuou bem como espanador
e nem como o homem que deveria ajudar a criar as jogadas pela
direita, e Giovanni... bem, como
se sabe Giovanni, precisa sempre
de um tempo para se adaptar a
um nova competição e uma nova
formatação tática.
No ataque, Bebeto até que tentou se movimentar, mas ressentiu-se (e foi para o banco ressentido), assim como Ronaldinho
continua a ressentir, do fato de
não receber uma bola limpa.
Ronaldinho está aprendendo
que a pior forma de solidão não é
a companhia de um paulista, como dizia Nélson Rodrigues, é o
ataque da seleção.
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