São Paulo, segunda, 1 de junho de 1998

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Zagallo vê progresso assustador

dos enviados especiais a Bilbao

O técnico Zagallo considerou "excelente" o desempenho do Brasil no amistoso de ontem em Bilbao. A partida, segundo ele, serviu para mostrar que a seleção está "no caminho certo".
"Em relação ao jogo-treino de sexta-feira, a evolução foi assustadora", afirmou o treinador.
Havia dois dias, os titulares tinham enfrentado o Racing, de Paris, 10º colocado da terceira divisão francesa, e só ganharam porque o preparador físico Marcos Moura, que apitou o jogo, inventou um pênalti a favor dos brasileiros.
Zagallo elogiou o amistoso, especialmente porque o "Athletic exigiu muito da seleção e ela soube responder". Dos jogadores brasileiros, os que mais elogiou foram o lateral-esquerdo Roberto Carlos e o meia Giovanni por terem conseguido realizar jogadas de ataque.
"Falei para o Giovanni se despreocupar com a marcação. No outro lado, o Roberto Carlos subiu para o ataque um monte de vezes, como eu pedi a ele."
Ele também elogiou muito Rivaldo. "Ele soube segurar a bola, foi ao ataque e ainda fechou espaços atrás."
Zagallo negou, contrariado com a pergunta, que seja preocupante o fato de o Brasil ter sido tão atacado por um time formado por reservas do vice-campeão espanhol e que, segundo o lateral-esquerdo Roberto Carlos, estava praticamente de férias havia 15 dias.
Para Zagallo, o Brasil não esteve nunca vulnerável, exceto após a saída de César Sampaio. "Nós só treinamos, eles jogaram. Até o juiz jogou."
Ele reclamou da arbitragem, reivindicando a legalidade de um gol anulado (corretamente) e um suposto pênalti não marcado.
Zagallo se acalmou ao falar de suas "experiências". A principal foi colocar o meia Leonardo como volante pela esquerda. Leonardo entrou no lugar de César Sampaio e Doriva foi para a direita.
"Dos jogadores que entraram, o que mais me agradou foi o Leonardo. Com ele, ficamos apenas com um volante, e ele mostrou que sabe ser eficiente tanto na armação quanto na marcação."
Mas o desempenho dos reservas não mudou a cabeça do treinador sobre o time que vai jogar na abertura da Copa do Mundo.
Ele será o mesmo que iniciou a partida de ontem, com Dunga no lugar de Doriva e, talvez, Romário no lugar de Bebeto. "O Dunga é certeza; o Romário, não."
Ele minimizou a importância de a equipe ter ficado mais um jogo sem vencer. "Num amistoso como esse, o resultado é o que menos importa. O que valeu foi que os jogadores se movimentaram bem e mostraram empenho."
O treinador de goleiro Wendell Ramalho defendeu Taffarel no lance do primeiro gol. "Não houve falha. A bola desviou na cabeça do Roberto Carlos. Ele não tinha como tocar para escanteio. Ele fez o que deu."
Segundo Ramalho, Taffarel não está em má forma. "Goleiro precisa de ritmo de jogo. E ele estava sem jogar desde a apresentação em Teresópolis, no dia 12 de junho. Agora, com os amistosos, ele pega esse ritmo."
Segundo Ramalho, Taffarel não é melhor do que seus reservas, Carlos Germano ou Dida, mas tem mais experiência do que eles.
"Ele tem mais de cem jogos pela seleção brasileira. Na Copa, isso pesa muito. Por isso, ele é o meu titular."
Cuidados
O treinador do Athletic, Luis Fernández, minimizou a importância dos erros do Brasil.
"Já fui jogador de seleção e sei que nesses jogos às vésperas da Copa ninguém se arrisca com medo de se machucar."
Ele afirmou que a seleção brasileira mostrou só metade do empenho que deve mostrar na Copa. "O que eu gostei da seleção foi a parte física, que está muito bem. O time começou andando em campo, mas quando sofreu o gol passou a correr e aguentou até o fim."
Por fim, falou em tom de brincadeira. "Fiquei contente, porque posso continuar a dizer que de mim o Brasil não ganha", disse o francês que cobrou o pênalti que eliminou a seleção brasileira da Copa de 86. (MD e AGz)



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