São Paulo, segunda, 1 de junho de 1998

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Atacante anuncia retorno aos treinos nesta quinta, após um mês de contusão, e promete gols no Mundial
Romário diz que já não sente mais dor

JOÃO CARLOS ASSUMPÇÃO
enviado especial a Lésigny

"Só não jogo no dia 10 se o Zagallo, por opção tática, quiser escalar outro no meu lugar." Foi com declarações contundentes como esta que o atacante Romário tentou encerrar as especulações sobre seu estado físico.
Em entrevista coletiva dada no Château de Grande Romaine, onde a seleção está concentrada para a Copa-98, o jogador fazia questão de mostrar bom humor e confiança em sua recuperação.
Sem treinar com bola desde 6 de maio, quando se contundiu num jogo contra a Friburguense, e em tratamento médico desde que a seleção chegou à França, há dez dias, Romário diz não sentir mais dores na panturrilha direita e que espera começar a treinar com o restante do grupo a partir de quinta-feira.
"Faço quatro sessões diárias de fisioterapia, alongamento, piscina e muita bicicleta. Faço tanta bicicleta que isto vai me dar de 80% a 90% de condições para eu jogar. O resto eu ganho nos dez dias que faltam para a estréia (em 10 de junho, contra a Escócia)."
Apesar de se dizer triste com toda a polêmica criada em torno de sua contusão, Romário afirma que tem recebido muita força de familiares e amigos do Brasil.
Na quinta da semana passada, o atacante passou por um trabalho espiritual à distância, feito por um médium, em Duque de Caxias (RJ), que fora procurado por parentes do jogador. "Minha mãe fica preocupada com as notícias que chegam sobre mim ao Brasil e é sempre a primeira a me ligar."
Sobre o trabalho espiritual, porém, Romário não quis fazer comentários. "É uma coisa muito íntima, particular", afirmou. "O que sei é que tenho muita fé em Deus e certeza absoluta de que dia 10 estarei em campo."
Da comissão técnica da seleção, o atacante diz que ninguém chegou a procurá-lo para discutir eventual possibilidade de corte.
"Nunca estipularam um prazo para minha recuperação, para eu dar uma resposta sobre meu estado físico. Sempre me deram muita tranquilidade, em nenhum momento passou pela minha cabeça que eu não disputaria a Copa. Sei que vou estar lá."
Em relação a Zico, tentou desmentir divergências entre os dois. Negou informação apurada pela Folha de que se queixou a um amigo no Rio do comportamento do coordenador técnico da seleção, que defendeu o corte do atacante.
"Não existe história, quem falou isto é mentiroso e desonesto. Em nenhum momento eu coloquei isto. Sempre que há algum tipo de comentário na imprensa a gente conversa. O Zico já veio uma vez falar comigo, eu já falei com ele, nossos problemas são resolvidos aqui dentro. O resto é boato."
A afirmação de Romário, porém, não é confirmada por Zico. Na sexta-feira, o coordenador dissera não ter sido procurado pelo jogador e afirmava que não seria ele, Zico, quem tomaria a iniciativa de procurá-lo.
No final da entrevista, o jogador voltou a se irritar quando indagado se estaria recebendo tratamento especial, diferentemente de Márcio Santos e Flávio Conceição, cortados, e de Juninho, não convocado, por estarem recuperando-se de contusões.
"Não é a mim que vocês têm de perguntar. Não falo sobre isso." E, depois, completou: "Não tenho que dizer mais nada, tenho é que fazer. E no dia 10 vou estar lá, fazendo meus gols. Podem escrever, que depois será só conferir."



Texto Anterior | Próximo Texto | Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.