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Evento tem custo oficial de US$ 1,57 bilhão, mas Fifa, governo francês e patrocinadores escondem valores de seus investimentos
Mundial é mais rico do que parece
JOÃO BATISTA NATALI
da Reportagem Local
Para quem gosta de números
oficiais, é facílimo responder
quanto custará a Copa da França.
Será US$ 1,57 bilhão.
Mas a verdadeira matemática é
um pouco mais complicada. Se a
contabilidade do CFO (Comitê
Francês de Organização) é em alguns pontos transparente, o mesmo não ocorre com a Fifa ou com
o governo francês.
Outro embrulho cheio de pontos
de interrogação se refere aos investimentos do setor privado.
A Nike, fabricante global de artigos esportivos, também patrocinadora da seleção brasileira, não
revela o quanto está gastando e
quanto pretende faturar com a
Copa do Mundo.
De certo modo, dinheiro é quase
sempre um assunto tabu em futebol. A cartolagem não conta quanto ganha, e os empresários, para
não mostrarem suas cartas aos
concorrentes, também se mantêm
com frequência calados.
Um exemplo: o CFO repassa dinheiro para a Fifa. Mas não diz
quanto. É desse caixa que Fifa
emite cheques para presentear cada seleção, por partida disputada,
com um cachê de 1 milhão de francos suíços, ou US$ 680 mil.
Outro exemplo: o governo francês (o Tesouro, as prefeituras) entrou oficialmente com US$ 903
milhões para a organização da
competição esportiva.
Só que outras torneiras foram
abertas em paralelo, como a torneira das estatais Äé o caso da
France TelecomÄ, que integram
o grupo de 45 patrocinadores.
O Ministério do Interior não
contabiliza, como gasto público
para a Copa, os 14 mil CRSs (a polícia militar francesa) mobilizados
para manter a segurança.
Aliás, um sindicato da Polícia
Civil divulgou há dias que o CFO
havia doado US$ 8 milhões às delegacias como ajuda de custo.
Quem quiser conferir precisará
esperar no ano que vem o relatório
do Tribunal de Contas francês.
Uma entidade chamada Cobof,
agrupamento que faz campanha
pelo boicote à Copa, calcula que a
festa custará em verbas públicas
US$ 831 milhões, ou US$ 72 milhões a menos que o oficialmente
anunciado.
Se for verdade, o governo está
recebendo algum retorno que ainda não contabilizou.
Não confundir com os US$ 39
milhões que o CFO pagará em impostos na França.
Ninguém sabe tampouco, por
enquanto, quanto está faturando a
ISL, empresa suíça que administra
o marketing da Fifa.
O mesmo vale para a Mondiresa,
empresa criada pelo CFO para
unificar os mecanismos de reservas de hotel. Ele fez no mínimo 132
mil reservas e deve estar faturando
um bocado.
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