São Paulo, segunda, 1 de junho de 1998

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Brasil consome, investe e esquece mercado adverso

da Reportagem Local

Na Copa do Mundo roda uma dinheirama incalculável no Brasil. Certo? É o que diz o mercado.
Há tópicos já tradicionais em vendas de produtos ou gastos com propaganda e marketing.
Em razão do óbvio aumento de sua audiência durante os jogos, a Rede Globo vendeu cada cota de patrocínio por US$ 36 milhões.
A Coca-Cola brasileira está centrando na Copa investimentos de US$ 150 milhões, o que é muito: praticamente o dobro do que pagam, em conjunto, as empresas autorizadas na França pelo CFO (Comitê Francês de Organização) ao uso da logomarca da "grande festa esportiva" em seus produtos.
A Brahma está com previsão de vender 20% a mais mais em cerveja. Preparou embalagens especiais para 230 milhões de litros com sua própria marca e para 62 milhões de latinhas Skol.
Investimento concentrado
Francisco Madia, consultor de marketing, diz acreditar que, a exemplo de 1994, a Copa canalizará investimentos publicitários maiores que os do Natal.
Madia relata com um raciocínio bem simples o que ocorre no mercado.
Caso uma empresa distribuísse igualmente por todos os meses sua programação em promoções e anúncios, ela estaria gastando 8,3% de seu orçamento anual em junho e 8,3% em julho.
Já que o consumidor estará agora mais grudado na mídia, essa porcentagem é no mínimo de 17% para marcas que nada têm a ver com o esporte, de uns 24% para outras que têm alguma coisa a ver, e de até 40% para as que têm tudo a ver com atividades esportivas.
O presidente da Associação Brasileira da Indústria de Artigos Esportivos, Roberto Estefano, diz que as empresas do setor trabalham com duas hipóteses: se o Brasil chegar à final, as vendas aumentarão em até 30%.
Mas se a seleção for eliminada de início, a queda do entusiasmo freará o aumento ao patamar de apenas 10%.
Isso tudo com a economia pouco aquecida. Não é por menos que a Copa traz faturamento a setores que estavam quase parados.
O de televisores era um deles. Segundo a Eletros, sindicato dos fabricantes de eletrodomésticos, o estoque de aparelhos para a copa, vendido pelos fabricantes às lojas em abril, foi de 672 mil unidades.
É 42,5% a mais que em março e 2,7 vezes a mais que no mês de janeiro. (JBN)



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