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Dia R
FÁBIO VICTOR
FERNANDO MELLO
JOÃO CARLOS ASSUMPÇÃO
JOSÉ ALBERTO BOMBIG
PAULO COBOS
ROBERTO DIAS
RODRIGO BUENO
SÉRGIO RANGEL
ENVIADOS ESPECIAIS A YOKOHAMA
Logo após marcar na vitória sobre a Turquia, com a vaga garantida na final da Copa do Mundo,
Ronaldo afirmou que o pesadelo
havia acabado. Ele estava recuperado para o futebol.
Mas faltava algo. Sobre seus
ombros ainda restavam 170 milhões de brasileiros que esperavam dele um título do Mundial, já
que em 1994, no triunfo da seleção
nos Estados Unidos, Ronaldo não
saiu da reserva.
"Não era dívida. Havia um peso
na consciência", declarou o atacante após o término da partida
contra a Alemanha, ao ser questionado sobre a relação entre as
duas finais que efetivamente disputou, a de 1998, na França, e a redentora, no Japão.
Ronaldo fez ontem os dois gols
da vitória brasileira e surpreendeu-se. "Nem no melhor dos
meus sonhos aconteceu assim",
disse o jogador da Inter de Milão.
Pudera, o atacante foi artilheiro
do Mundial, com oito gols, igualou Pelé em gols anotados em Copas: 12 cada um no mesmo número de jogos, 14 -média de 0,86
gol por partida.
A marca de Ronaldo neste
Mundial é a melhor de um artilheiro desde 1974. Desde então,
nenhum dos goleadores do torneio havia feito mais do que sete
gols em cada edição do torneio.
Surpreendente para quem quatro anos atrás deixava o gramado
da partida decisiva do Mundial
contra a França abatido, sob o estigma de ter "amarelado" na final.
Na ocasião, antes do jogo decisivo, Ronaldo, já então o maior astro brasileiro, teve uma crise nervosa que o levou a um hospital de
Paris. "Acho que o destino já havia reservado para a gente 2002",
afirmou o atacante ontem.
Depois do vice-campeonato de
1998, o atacante sofreu duas cirurgias no joelho direito e ficou quase três anos parado.
Até os títulos de melhor jogador
do mundo, conferidos pela Fifa
em 1996 e em 1997, foram colocados em questão. "O título da Copa
veio coroar a minha luta, a minha
recuperação", disse Ronaldo.
Com um corte de cabelo de gosto no mínimo duvidoso, que lhe
valeu o apelido de "Cascão" (personagem das HQs de Maurício de
Souza), o jogador foi enfático ao
dedicar a vitória a seu fisioterapeuta particular, Nílton Petrone,
o Filé. "Ele me acompanhou em
todos os momentos, não me
abandonou", disse. Em seguida,
Ronaldo enfatizou também a importância de sua mulher, Milene
Domingues, e de seu filho, Ronald. "Família é tudo."
Com apenas 25 anos -dois títulos de Copa do Mundo, como
Pelé na mesma idade-, Ronaldo
promete mais para o futuro. "Sou
ambicioso." Contudo evita falar
sobre um curto prazo. "Hoje quero apenas comemorar. Estou
muito feliz, foi duro. Fizemos um
grande trabalho."
Amanhã, o brasileiro deve ser
anunciado o melhor jogador da
Copa-2002 pela Fifa. Seu maior
adversário na disputa é Rivaldo,
autor do chute a gol que propiciou o rebote aproveitado por Ronaldo para marcar o primeiro da
vitória sobre a Alemanha -ao lado dele, Ronaldo forma a dupla
que mais gols fez na história do
Brasil em Mundiais: 19. A participação do artilheiro na jogada não
se resumiu "apenas" ao toque final, já que foi ele quem roubou a
bola que deu início à trama.
A Copa da Coréia do Sul e do Japão também marcou o amadurecimento do jogador, que se incorporou ao esquema de trabalho do
técnico Luiz Felipe Scolari como
se fosse um novato.
"Não existe conquista individual alguma que supere a importância do grupo", disse.
Sob o rígido comando de Scolari, Ronaldo foi enquadrado nas
regras do treinador quanto à privação de sexo, já que as mulheres
dos jogadores foram proibidas de
visitar a concentração.
Questionado sobre o que havia
sido mais difícil, ganhar a Copa
do Mundo ou ficar quase 50 dias
sem sexo, Ronaldo não se intimidou. "Acho que a Copa foi mais
difícil. Sexo daqui a pouco a gente
vai fazer. Além disso, o Mundial
só existe de quatro em quatro
anos", afirmou o atacante.
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