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Teixeira, alvo de duas CPIs, cogitava tirar capital do roteiro até telefonema do presidente
FHC pede, e CBF resolve mandar seleção a Brasília
DOS ENVIADOS A YOKOHAMA
Ressentida com o governo federal após duas CPIs que a investigaram, a CBF só decidiu levar a
seleção pentacampeã do mundo
até Brasília após um telefonema
do presidente Fernando Henrique Cardoso a Ricardo Teixeira.
A idéia do dirigente, conforme a
programação distribuída pela entidade, era desembarcar o time
apenas no Rio de Janeiro, onde fica a sede da CBF, e em São Paulo.
No máximo, a equipe passaria
por Fortaleza, terra do ex-governador Tasso Jereissati (PSDB),
amigo de Teixeira.
Mas o presidente da CBF foi
convencido por FHC e por políticos governistas de que o tiro poderia sair pela culatra. Nesse raciocínio, a CBF castigaria o governo -que nada teria feito para impedir seu desgaste durante as
CPIs-, mas Teixeira poderia ser
acusado de utilizar a seleção a serviço de seus interesses pessoais.
Além disso, outro motivo que
deixou a decisão sobre o retorno
do time para o momento final era
o temor do dirigente em anunciar
uma retaliação ao Palácio do Planalto antes do jogo decisivo e ser
alvo de críticas ainda maiores
após uma eventual derrota brasileira para a Alemanha.
"Vamos até Brasília, mas a vitória na Copa do Mundo é do povo.
O presidente [da CBF" dedica este
título a todos os brasileiros", disse
Marco Antonio Teixeira, secretário-geral da entidade, ontem.
Oficialmente, a CBF disse que a
idéia de riscar Brasília do roteiro
da volta não teve tons de revanchismo. Segundo a entidade, a seleção celebraria o título diretamente com o povo. Segundo a Folha apurou, Jereissati abriu mão
da visita em prol do Planalto. Historicamente ligada ao PFL, a CBF
disse temer a utilização do título
pelo governo na campanha de José Serra (PSDB) para presidente.
Na capital federal, a seleção deverá participar de uma festa promovida pela empresa de bebidas
AmBev, patrocinadora oficial do
time. A empresa contratou um
trio elétrico que terá a cantora Ivete Sangalo, uma das musas da seleção na Ásia.
Segundo a empresa, os jogadores do time irão desfilar no trio
elétrico pelas ruas da cidade.
Além disso, apesar de o roteiro
da seleção não estar fechado, o
mais provável é que, após um rápido encontro com FHC no Planalto, os jogadores possam usar o
parlatório para acenar para as
pessoas que estiverem na praça
dos Três Poderes. Os detalhes da
visita, incluindo o horário, serão
fechados hoje pelo cerimonial da
Presidência da República.
Para permitir que os servidores
públicos federais possam saudar
os atletas, o governo federal vai
decretar, provavelmente hoje,
ponto facultativo. O governo do
Distrito Federal também deverá
seguir o exemplo do governo e tomar a mesma medida.
(FÁBIO VICTOR, FERNANDO MELLO, JOÃO CARLOS ASSUMPÇÃO, JOSÉ ALBERTO BOMBIG, PAULO
COBOS, ROBERTO DIAS, RODRIGO BUENO E
SÉRGIO RANGEL)
Colaborou a Sucursal de Brasília
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