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AÇÃO
Comem quietos
CARLOS SARLI
COLUNISTA DA FOLHA
Um nasceu em Santo André.
O outro, no Guarujá. Em comum, os vários títulos que vêm
acumulando durante a carreira e
o apelido: Mineirinho, que o primeiro herdou do pai, e o segundo,
do irmão. Sandro Dias, o Mineirinho do skate, chegou antes. Anos
mais tarde ficamos conhecendo o
do surfe: Adriano de Souza. Hoje,
eles brilham internacionalmente
em seus respectivos habitats.
Sandro, 29, foi educado para ser
herdeiro dos negócios do pai, proprietário de uma pedreira.
Embora desde os 11 brinque de
andar de skate, o Mineirinho de
Santo André não se iludiu e, a
princípio, não deixou que o sonho
de se tornar profissional da pranchinha ganhasse asas. Entre a
oportunidade iminente e confortável de virar um grande empresário ou tentar ganhar a vida de
calção e camiseta sobre quatro rodinhas, ficou com a primeira.
Ainda mais na década de 80,
quando, depois do boom inicial, o
skate ficou meio fora de moda.
Porque tinha a cabeça no lugar,
Sandro abandonou as competições nacionais nas quais volta e
meia se inscrevia para cursar a
faculdade de administração. Sua
vida seguia assim, dentro do roteiro, até que, no final dos anos
90, ele percebeu que o esporte que
amava estava ressurgindo das
cinzas. Tirou a prancha do armário, pediu demissão do escritório
que poderia hoje estar comandando e foi ousar viver da paixão.
A ousadia deu certo e, em 2003,
depois de ralar pra valer, Mineirinho conquistou o título mundial,
no Canadá. Nos X-Games do Rio,
na praia do Leme, em maio, executou um perfeito 900º, atualmente a manobra mais casca da
modalidade, e saiu da pista
aplaudido de pé. Hoje, vive com
salário digno de alto executivo
(graças aos patrocínios que conquistou), mas com calção e camiseta. Seu escritório: uma rampa
vertical que pode estar em Santa
Anna, cidade californiana onde
mora, ou na pista pública de São
Bernardo, onde tudo começou.
A história de Adriano, 17, o Mineirinho do surfe, veio à tona neste ano, quando se tornou o mais
jovem atleta a faturar o título
mundial Pro Junior, na Austrália,
um torneio da ASP para atletas
com menos de 20 anos. Título, diga-se de passagem, já conquistado por gente como Andy Irons, o
atual campeão do WCT.
Adriano começou a deslizar sobre as ondas em 95, nas praias do
Guarujá, e três anos depois conquistaria seu primeiro título, em
um campeonato colegial.
Em 2002, representou o Brasil
no ISA Games, na África do Sul, e
voltou para casa com um terceiro
lugar no bolso. Numa prova nos
EUA, considerada a maior da
modalidade no Atlântico, chegou
à final em três categorias e ganhou o apelido de "Brazilian Rocket". Só neste semestre, além do
Mundial, já embolsou o Oakley
Challenge Junior, no Rio, chegou
à semifinal da etapa das Maldivas (seis estrelas) do WQS e venceu a Seletiva Petrobras de Surf
Masculino, em Ubatuba. Talento
descoberto ainda na infância,
desde então vem sendo preparado
para o momento que apenas começa a desfrutar.
Nessa batida, e sem muito alarde, os dois vão longe.
Velhos do mesmo berço
Eventos celebram os precursores do surfe e do skate. A Surf & Beach
Show acaba amanhã no Pavilhão Imigrantes e promove em Maresias
o Super Master, prova de longboard para atletas com mais de 40, e no
Parque Municipal, em Barueri, acontece o "Urgh Lendas do Skate".
Foguete havaiano
Considerado um dos melhores shapers do mundo, Dick Brewer está
no Brasil trabalhando na G-Zero.
Ciclismo - RAAM
O quarteto brasileiro Extra Distance terminou a prova em 7 dias, 2
horas e 30 minutos. Já a dupla Ronaldo Mattar e Marcos Vinicius, da
TBW Brasil, concluiu os 4.733 km em 8 dias, 14 horas e 8 minutos.
E-mail sarli@trip.com.br
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