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Frase de Henry irrita a seleção
Para Juninho, francês foi infeliz ao dizer que brasileiros gastam tempo jogando bola e não estudam
Fred e Cafu, no entanto, concordam com adversário e afirmam que as crianças brasileiras ficam mais na várzea do que nas escolas
DOS ENVIADOS A FRANKFURT
Parte dos jogadores da seleção brasileira reagiu ontem à
declaração do francês Henry de
que os brasileiros são bons no
futebol porque não vão à escola. Mas alguns concordaram
com o astro rival.
Quem mais se irritou foi o
brasileiro que mais conhece a
França: o meia Juninho, astro
do Lyon há cinco anos. Para o
jogador, o atacante foi "infeliz"
ao dizer, anteontem, que as
crianças brasileiras não vão à
escola, jogam futebol das "8h às
18h" e que, por isso, o país tem
tantos talentos no esporte.
"Eles jogam na praia, na rua...
Eles nascem jogando futebol.
Quando eu era pequeno, ia à escola das 8h às 17h, e minha mãe
não me deixava descer para jogar", afirmou o francês.
"Ele mexeu em questões políticas. A criança brasileira sofre muito. Em 70% ou 80% dos
casos, a criança não tem condição de ir à escola", disse o pernambucano, que cresceu em
uma família de classe média.
"Os próprios pais não conseguiram ir. Foi uma falta de educação e delicadeza muito grande da parte dele. Não sei por
que ele disse isso. Eu acho que o
francês é muito mais privilegiado. Tem escola, saúde. Coisa
que o brasileiro sofre para ter."
Outro que não gostou da declaração de Henry foi o lateral-esquerdo Roberto Carlos. "Ele
não deve saber do que está falando", disse o brasileiro.
Outros jogadores, porém,
não se incomodaram com as
palavras do jogador francês.
O capitão Cafu, que cresceu
no Jardim Irene, bairro pobre
de São Paulo, analisou de outra
maneira a afirmação do francês. Disse que Henry está "certo". "Eu ouvi muito bem o que
ele disse. Muitas crianças largam realmente a escola e ficam
jogando futebol. Precisamos de
uma atuação melhor dos governantes para que isso não aconteça", afirmou o capitão.
O atacante Fred, companheiro de clube de Juninho, também avalizou as palavras do
atacante do Arsenal. "Ele não
falou nada demais, isso acontece de verdade. Desde pequeno
você sempre tem um campo de
várzea e a criançada jogando. E
nem sempre dão a mesma atenção ao estudo", afirmou.
Não é a primeira vez que
Henry mexe com a seleção. O
francês ajudou a animar os
atletas da equipe brasileira nos
intervalos dos treinos na Alemanha. O perudo, um jogo de
dados, virou mania entre os comandados pelo técnico Carlos
Alberto Parreira.
A brincadeira foi levada para
dentro da concentração da seleção pelo volante Gilberto Silva, companheiro de Arsenal do
francês há quatro anos.
""O Henry sugeriu que eu
trouxesse o perudo", disse o volante, que falou ainda que
Henry é tão vital para a França
quanto Zidane. "Ele é muito
bom, movimenta-se muito e
marcá-lo é muito difícil."
(EDUARDO ARRUDA, PAULO COBOS, RICARDO PERRONE E SÉRGIO RANGEL)
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