São Paulo, sábado, 01 de julho de 2006

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França atual é mais negra que a de 98

ADALBERTO LEISTER FILHO
MARIANA BASTOS
DA REPORTAGEM LOCAL

Para a irritação de ean-Marie Le Pen, político da ultradireita francesa, a seleção que entra em campo hoje para enfrentar o Brasil é ainda mais multirracial do que a que se sagrou campeã em 98.
Dos 11 titulares que entrarão em campo hoje, além de Zidane, com ascendência argelina, há sete negros. Desses, quatro não nasceram na França.
Thuram (Guadalupe) e Malouda (Guiana Francesa) vieram de colônias do país. Makelele (Congo) e Vieira (Senegal) são de famílias de imigrantes.
O time que iniciou a final da Copa contra o Brasil em 1998 contava com só três negros: Thuram, Desailly e Karembeu.
Isso irritou Le Pen, líder xenófobo que chegou ao segundo turno das eleições presidenciais de 2002. Ele disse que "a França não se reconhece totalmente neste time".
Parte da população apóia as idéias defendidas pelo político. Em 2000, uma pesquisa revelou que 36% da população acreditava que havia muitos jogadores de origem estrangeira na seleção.
A xenofobia voltou a se manifestar no Campeonato Francês deste ano. Torcedores do PSG chegaram a ser punidos por racismo. Apesar disso, Juninho, do Lyon, diz que o problema não é tão grave. "Tenho cinco anos de França e vi muito pouco preconceito racial. Nada se comparado a outros países europeus", afirmou à Folha o jogador.
Independentemente disso, tensões sociais graves eclodiram em 2005, quando houve distúrbios nos subúrbios de Paris em 19 noites seguidas. Os motins, em sua maioria, foram feitos por imigrantes africanos, que sempre tiveram dificuldade de conseguir uma integração efetiva ao país.


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