São Paulo, sábado, 01 de julho de 2006

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Clóvis Rossi

Germanizou, perdeu

O TÉCNICO José Pekerman "germanizou" a seleção argentina. Foi eliminado pela Alemanha. Justo, muito justo.
Para começar, Pekerman, teimoso, preferiu usar só a metade do duo de artistas da bola que tem no elenco, Carlos Tevez (que jogou) e Lionel Messi, que ficou no banco.
É inacreditável como, tendo à disposição um jogador que é titular no melhor time do mundo no momento, o Barcelona, um técnico não o use nem na prorrogação de uma partida que decide tudo. Justo castigo para a covardia.
Para continuar, Pekerman tirou Riquelme, para defender o 1 a 0 daquele momento, quando o atleta é o único homem de criação no time. Tudo bem que Riquelme não brilhava, como tem acontecido com freqüência em jogos decisivos, desde que trocou o Boca pela Europa. Mas era o único. Pekerman preferiu um "alemão" até na cor dos cabelos, Cambiasso, jogador útil, mas que não cria.
O resultado: um empate com gols "alemães". Bola longe do seu habitat preferido, a grama. No alto (via escanteio) para a cabeçada de um zagueiro (Ayala), como gostam de fazer os times europeus. Troca de bolas no alto, depois de cruzamento de Ballack, entre Borowski e o artilheiro Klose, para o empate.
A Alemanha, de seu lado, foi mais Alemanha do que vinha sendo. Ou seja, mais força do que jeito.
Amarrada, pouco criativa, pouco ofensiva (a Argentina teve a posse de bola durante dois terços do tempo, na primeira fase).
Soltou-se no puro desespero nos 20 minutos finais, achou o empate e ganhou nos pênaltis, uma loteria que deveria ser abolida.
Não é o melhor metro para medir quem, num dado momento ou partida, foi melhor. E, em tese, Copa é para escolher o melhor time do mundo, certo? Já a Itália fez sua melhor partida na Copa até agora.
Mesmo assim, chegou a ser sufocada pela Ucrânia até o segundo gol. O 3 x 0 final não é um retrato correto das oportunidades criadas e perdidas. Mas, nesse caso, sim, o metro certo é aquele que aparece no marcador.
É verdade que houve correria, muito esforço físico e nem tanta qualidade. Porém a bola rondou ou esteve em ambas as áreas muito mais vezes e por muito mais tempo do que na partida da Alemanha com a Argentina.


crossi@uol.com.br

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