São Paulo, quinta-feira, 01 de agosto de 2002

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AÇÃO

Patinete e trenó

CARLOS SARLI
COLUNISTA DA FOLHA

Diferentemente do que acontece em outros esportes de prancha, como o skate e o surfe, em que o Brasil se destaca entre as maiores potências mundiais, quando se trata de deslizar sobre a neve, o desempenho dos nossos atletas só deve mesmo ser comparado entre eles.
Desde que as provas nacionais nesse terreno passaram a contar pontos para o ranking mundial (FIS), isso se tornou ainda mais evidente. Ao olhar a classificação do 17º Brasileiro OI de esqui, realizado na semana passada em Valle Nevado (Chile), fica difícil identificar um brasileiro.
Pelos nomes e sobrenomes, mais parece o ranking de uma prova suíça. Na modalidade clássica do esporte, o slalom gigante, o primeiro brasileiro da lista aparece na 17ª posição -Ricardo Kawamura, 17, que reconhece: "Não dá pra competir com os estrangeiros, mas ser o melhor do Brasil em um esporte tão pouco conhecido já é um orgulho". Com certeza. Ele é um dos quatro integrantes da equipe olímpica brasileira e acredita que o título nacional irá contribuir para alcançar a vaga nos Jogos de Turim, em 2006.
No feminino, a tarefa de Mirella Arnhold foi mais fácil. Única brasileira na prova, bastava completar duas descidas para ser campeã. Mesmo sem um bom tempo e lamentando ter de treinar e competir sozinha, ela pôde comemorar seu sexto título nacional.
Nesta semana, no Valle Nevado, em condições ideais de neve para a prática do esporte, foi realizado o Nokia Snowboard FIS Continental Cup, válido pelo oitavo Campeonato Brasileiro.
No domingo, o Boarder Cross, no qual quatro atletas descem simultaneamente uma pista com obstáculos e curvas, abriu a etapa nacional. Felipe Motta, que mantém a prancha no pé treinando surfe, skate e wakeboard, foi o melhor entre os nove brasileiros. A 16ª posição na classificação geral deu-lhe o primeiro título na modalidade, vencida pela terceira vez pelo suíço Guillaume Nantermod, ex-campeão mundial.
No feminino, Isabel Clark competiu com sete atletas e foi à final. Com o título nacional assegurado e se recuperando de uma lesão no joelho, preferiu não forçar, terminando em terceiro. A americana Sondra Van Ert venceu a prova.
Dois dias depois, Felipe e Isabel voltaram a brilhar e ficaram com mais um título, desta vez no half pipe, a pista em "U" que propicia muitas manobras aéreas. Além do bi brasileiro, eles obtiveram os melhores resultados da história na classificação geral: Felipe, em sexto, e Isabel, em segundo.
Fechando a fase internacional da etapa brasileira, a prova de slalom paralelo teve o domínio absoluto dos americanos. Riccardo Moruzzi, com o 15º tempo, superou os outros sete brasileiros inscritos e conquistou o tri na modalidade. Já no feminino, a carioca Isabel Clark ratificou o domínio do surfe na neve no país. Fez o sexto tempo na classificatória, superou as outras duas brasileiras na prova e conquistou o terceiro título em três dias.
Competir em nível internacional nessas provas exige dedicação e empatia com a neve que deve vir de berço. Para quem acompanha de longe, é um tanto frustrante ver um brasileiro ser campeão ficando em 17º no campeonato do seu país em que pese que este seja disputado no Chile. Mas para os atletas, competir -e às vezes superar rivais cujo patinete foi um trenó- é uma grande vitória.

Para agendar
Um projeto do governo do Estado, que prevê a conclusão de 20 estações de tratamento de esgotos, garante que as praias entre São Sebastião e Ubatuba estarão livres da poluição até 2005.

WCT
O australiano Mick Fanning, atual campeão do WQS, venceu a sexta etapa do Mundial de surfe e subiu para a 12ª posição. Andy Irons segue isolado na liderança, e Peterson Rosa (15º) é o único brasileiro entre os 27 que garantem vaga em 2003.

Super Surf
Ondas com mais de dois metros recepcionaram a elite nacional em Saquarema (RJ). Ontem o mar diminuiu, mas deve voltar a subir.

X-Games
Começa daqui a duas semanas a 8ª edição dos Jogos, na Filadélfia.

E-mail sarli@revistatrip.com.br



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