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"Anistia" chinesa na internet mantém restrição ao Tibete
Páginas sobre a região autônoma, assim como as ligadas ao movimento Falun Gong, seguem sem acesso a jornalistas
Recuo pode ser considerado uma vitória do presidente do COI, Jacques Rogge, que chegou ontem à China sob o furacão de reações à censura
ADALBERTO LEISTER FILHO
EDUARDO OHATA
ENVIADOS ESPECIAIS A PEQUIM
Um dia após ser pressionado
pelo Comitê Olímpico Internacional (COI), o governo chinês
liberou parcialmente o acesso
de jornalistas a páginas da internet cujo conteúdo é considerado "sensível" pelo regime.
Nas primeiras horas de hoje
(no horário de Pequim), sites
como o da Anistia Internacional, da ONG Human Rights
Watch e a versão chinesa do
portal da BBC, antes bloqueadas, estavam disponíveis no
centro de imprensa de Pequim.
Páginas do movimento espiritual Falun Gong, banido no
país, ou ligadas ao Tibete, porém, continuavam censuradas.
A Folha testou o acesso em
endereços antes fechados e que
travavam os computadores caso fossem digitados na barra de
endereços. Constatou que, aos
poucos, eles estavam sendo
exibidos normalmente.
O recuo chinês pode ser considerado uma vitória de Jacques Rogge, presidente do COI,
que desembarcou ontem na capital chinesa sob o furacão de
reações que a censura -inesperada, segundo o próprio chefe de imprensa do comitê, Kevan Gosper- provocou na comunidade internacional.
O COI se reuniu ontem mesmo com o Bocog para discutir a
restrição ao acesso à internet
durante a Olimpíada. Segundo
a entidade, em nenhum momento houve algum tipo de negociação que permitisse a manutenção da política de bloqueio anunciada pelo governo.
Em nota oficial divulgada
ontem, o COI declarou que manifestou sua insatisfação com a
situação e que aguardava que a
organização dos Jogos oferecesse "uma resposta" para a
restrição, que provocou saia
justa entre Rogge e Gosper -o
chefe de imprensa sentiu-se
traído e criticou abertamente
seu superior por não tê-lo informado sobre a censura.
O tema provocou reações em
todo o mundo ontem. Embora
com dificuldade de divulgar
seu discurso na sala de imprensa dos Jogos de Pequim, ONGs
de direitos humanos e ativistas
políticos se manifestaram de
forma contundente contra a
censura imposta pelo Bocog.
Assinada por autoridades como o ex-presidente tcheco Vaclav Havel, o clérigo sul-africano Desmond Tutu e o filósofo
francês André Glucksmann,
além de membros do Parlamento Europeu, a missiva pedia o livre acesso às informações na sede da Olimpíada.
Os autores criticam as limitações ao trabalho da imprensa
e as tentativas do governo chinês de retirar o tema dos direitos humanos do noticiário alegando que isso estaria politizando os Jogos Olímpicos.
O grupo argumenta que "falar de direitos humanos não é
falar de política. Só regimes autoritários e totalitários tentam
parecer que isso seja. Falar de
direitos humanos é um dever."
O manifesto também pede
ao COI que permita que manifestações políticas sejam feitas.
O texto clama que o comitê
afrouxe suas restrições para
que os atletas em Pequim possam "aprender sobre a situação
real na China" e também "se
manifestar livremente quando
e onde quiserem, de acordo
com sua consciência".
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