São Paulo, sexta-feira, 01 de agosto de 2008

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China aumenta repressão sobre críticos do sistema

RAUL JUSTE LORES
DE PEQUIM

Um professor que colocou fotos na internet das escolas que desabaram no terremoto de Sichuan e que protestava pela má qualidade das mesmas foi preso e enviado para um campo de "reeducação".
A denúncia foi feita pela organização Human Rights in China (HRC). Às vésperas da Olimpíada, a ditadura chinesa tem aumentado a repressão a críticos do regime e quer calar a qualquer custo manifestações que signifiquem tensão social.
O professor Liu Shaokun foi para um campo de trabalhos forçados. Presos nesses campos não passam por julgamento, acusação formal, nem podem apelar à Justiça. Ele é a terceira pessoa presa por questionar por que tantas escolas foram destruídas pelo terremoto que ocorreu em maio.
Em Sichuan, escolas foram reduzidas a pó enquanto prédios comerciais ao redor ficaram em pé, o que provocou uma discussão inicial sobre corrupção e a utilização de materiais baratos na construção das mesmas. Cerca de 10 mil crianças que estavam em sala de aula morreram na tragédia.
Houve denúncias de censura, pois a imprensa chinesa deixou de falar do assunto. Em junho, a polícia dispersou protestos de pais que queriam homenagear seus filhos mortos e protestar pela qualidade das construções.
A mulher do professor relatou à HRC que ele foi levado para um campo de trabalho forçado e que tem sido impedida de entrar em contato com ele.
Nas últimas semanas, as famílias das vítimas têm sido pressionadas a aceitar indenizações, mas assinando compromissos de que não vão protestar ou processar as autoridades.
"Em vez de investigar a construção de escolas, as autoridades preferem a reeducação para silenciar cidadãos críticos como o professor Liu Shaokun", comenta Sharon Hom, diretora da ONG HRC.
Outro ativista de Sichuan, Huang Qi, foi preso em julho depois de publicar em seu blog artigos sobre problemas estruturais nas escolas que desabaram no terremoto. O blog foi desativado de imediato.


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