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DOPING
Atraso na divulgação de resultados de testes pode chegar a 4 semanas e desmoralizar mobilização para a Olimpíada
Sydney pode cassar medalha após Jogos
JOSÉ ALAN DIAS
ENVIADO ESPECIAL A SYDNEY
Toda a mobilização e alarde do
comitê organizador dos Jogos e
da Agência Mundial Antidoping
para inscrever Sydney como a
Olimpíada limpa de substâncias
proibidas ameaça ser derrubada
pela demora da divulgação dos
resultados dos testes preventivos.
Um consórcio encabeçado pela
Wada, sigla em inglês da Agência
Mundial Antidoping, instituída
no ano passado e ligada ao COI
(Comitê Olímpico Internacional),
do qual participa a Agência Australiana de Controle de Drogas no
Esporte (Asda), está conduzindo
2.500 dos testes fora de competição -feitos sem prévia notificação aos competidores.
Esses testes preventivos são
aplicados a atletas de todas as nações e de todos os esportes participantes dos Jogos Olímpicos.
Entre os que já se submeteram
ao controle estão membros da
equipe de natação (Luiz Lima e
Edvaldo Valério incluídos), os
primeiros a chegarem a Canberra,
capital australiana, local escolhido para a adaptação da delegação
brasileira.
De acordo com os dirigentes
australianos, a maioria dos 2.500
testes será completada antes da
abertura dos Jogos, no próximo
dia 15. Mais 400 desses exames
preventivos estarão sob responsabilidade exclusiva do COI, no programa pré-Olimpíada, que será
iniciado amanhã.
Serão feitas coletas de urina e
também de sangue -a novidade
desta Olimpíada, que servirá para
detectar o hormônio EPO (eritropoietina), que aumenta a resistência e a oxigenação do sangue.
O obstáculo é que o processo de
análise das amostras e divulgação
dos resultados se estende por
duas a quatro semanas.
Ou seja, abre a possibilidade para que um atleta que figura no
grupo dos testados previamente
tome parte da Olimpíada e, somente depois de terminada sua
participação, saiba se foi aprovado ou não no crivo do antidoping.
Um exemplo concreto: um atleta participa das eliminatórias e ganha vaga na final dos 200 m rasos
no atletismo. Perde e não faz o antidoping, por não ser sorteado.
Dias depois, descobre-se que ele
havia corrido dopado. O resultado final da prova não muda, mas
ele tirou a chance de um atleta
"limpo" disputar a final.
""Durante os Jogos, os resultados das análises feitas depois das
provas serão conhecidos, como
de praxe, entre 48 e 72 horas", disse Natalie Howson, chefe-executiva da agência australiana de controle de doping no esporte, durante apresentação dos resultados
dos testes feitos com atletas locais
(leia texto nesta página).
Se for comprovado o uso de doping por atleta ainda antes do período olímpico não caberá à Wada ou aos organizadores australianos decidirem sobre o caso.
Feita a contraprova (análise da
segunda parte da amostra de sangue ou urina) e ratificado o resultado positivo, a comissão médica
do COI é oficialmente comunicada. Caberá a ela analisar o caso e,
por sua vez, informá-lo ao chefe
da delegação a que pertence o
competidor. A partir daí, o COI
anuncia o afastamento.
Mesmo que um atleta ganhe
medalha e passe pelo antidoping,
poderá ter a condecoração retirada, se o exame preventivo tiver
dado positivo.
Somente com o desenvolvimento da tecnologia para a realização do exame que permite a detecção do EPO, o governo australiano gastou US$ 1 milhão.
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