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SEGURANÇA
Organização veta uso de roupas alusivas a motivos políticos e étnicos e que não sejam do patrocinador oficial
Olimpíada impõe restrições a torcedores
MARCELO DIEGO
ENVIADO ESPECIAL A SYDNEY
Os torcedores vão ter restrições
inéditas para assistir à Olimpíada
em Sydney. Os organizadores
criaram regras especiais que permitem o banimento de qualquer
pessoa que estiver usando, em locais de disputa, camisetas com
motivos considerados ofensivos,
com alusões a religião, ideologia
política ou com símbolos de produtos que não os dos patrocinadores oficiais dos Jogos.
O direito concedido pelas autoridades é inédito na história olímpica. A pessoa, moradora de
Sydney ou visitante, que for pega
usando camisetas, fazendo publicidade ilegal ou distribuindo panfletos proibidos pode ser banida
do ginásio ou estádio em que estiver, terá de fornecer seus dados
pessoais para um cadastro policial e pode até ser impedida de
voltar ao complexo olímpico por
um período de 12 meses.
A medida foi permitida pelo governo federal australiano e chancelada pelo Socog (o comitê organizador dos Jogos), mas sofre
protestos de entidades de proteção dos direitos civis, pela supressão do direito de livre expressão.
"Poucas pessoas estão habituadas a protestar pelos seus direitos
de expressão, mas esse é um caso
concreto de abuso", disse Kevin
O'Rourke, presidente do Conselho de Direitos Civis, a uma emissora de TV local.
Para Amanda Cornwall, advogada e representante legal do
Centro de Interesse Público de
Sydney, as medidas estão previstas em lei. "Usar uma camiseta como "Danem-se os Jogos" pode ser
uma afronta moral a um telespectador ou uso de linguagem indecente", disse ela.
Para o Socog, todas as regras foram debatidas com a sociedade e
aprovadas após consenso.
O comitê organizador já informou que não haverá restrição na
hora da entrada dos torcedores
aos locais da competição, mas que
os agentes de segurança podem
retirar as pessoas que estiverem
com roupas consideradas inadequadas. O'Rourke disse que a medida tem motivos econômicos e
visa limpar as imagens para a TV.
Já panfletos e outras atividades
ligadas a temas religiosos, étnicos
ou políticos serão proibidos num
raio de 3 km ao redor dos centros
olímpicos. A comunidade cristã
australiana está prevendo a distribuição de 1 milhão de cartilhas
(códigos de conduta) durante os
Jogos. O conselho dos aborígines
(minoria no país) prepara um
protesto no centro de Sydney para o dia 10 de setembro.
As restrições de imagem se aplicam também a marcas de produtos. Pessoas e empresas que fizerem propaganda considerada
não-oficial estarão sujeitas a multas de até US$ 250 mil, para preservar a imagem dos patrocinadores oficiais dos Jogos.
A American Express (cartões de
crédito), por exemplo, teve de retirar todas suas publicidades das
ruas que vão abrigar as provas de
triatlo e ciclismo. Os Jogos são patrocinados pela concorrente Visa.
Outras irregularidades, já previstas nos códigos penais australianos, tiveram suas penas aumentadas excepcionalmente para
o período olímpico. A Olimpíada
começa no dia 15 de setembro,
com a cerimônia de abertura, e
termina no dia 1º de outubro.
Estacionar o veículo em local
proibido em Sydney vai acarretar
multa de US$ 348 no período
-cinco vezes mais do que a sanção aplicada hoje. O carro ainda
pode ser guinchado (a taxa para
retirada do depósito municipal é
de US$ 126). Utilizar-se de uma
das pistas exclusivas para os ônibus olímpicos custará US$ 300.
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