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BOXE
Sem-cabo 2
EDUARDO OHATA
DA REPORTAGEM LOCAL
Há dois anos , escrevi que a
evolução do sistema de TV a
cabo faria com que o ""garoto de
ouro" Oscar de la Hoya fosse
mantido fora de alcance como
um metal precioso e tornaria o
""príncipe" Naseem Hamed tão
inacessível para o torcedor quanto um membro da família real.
Pois bem, estamos entrando no
nono mês do ano e só cinco combates internacionais foram transmitidos pela TV aberta este ano.
Na Globo, foram transmitidas
apenas as três defesas de título de
Popó, a estréia de Mike Tyson na
Europa e o combate entre Oscar
de la Hoya e Shane Mosley.
Também houve apresentações
de Adilson Rodrigues, o Maguila,
e do atual campeão brasileiro dos
pesados, George Arias, no Programa do Ratinho, no SBT.
Fora isso, não há boxe na TV.
Até mesmo quem quiser acompanhar a segunda (ou terceira) linha do boxe internacional, dentro da série semanal Boxing Series, na ESPN International, é forçado a assinar uma TV a cabo.
Pior, quem quiser mesmo ter
acesso ao filé mignon tem de desembolsar ainda mais dinheiro.
Neste ano, combates de Hamed
(contra Augie Sanchez) e de De la
Hoya (contra Derrell Coley), as
duas últimas defesas de título do
campeão dos pesados Lennox Lewis (contra Michael Grant e
Frans Botha) e a última apresentação de Mike Tyson (contra Lou
Savarese) só estiveram disponíveis àqueles dispostos a comprá-las no pay-per-view, pagando cerca de R$ 25 (via Directv ou Net).
E nem assim os melhores combates são exibidos. Aqui, ninguém teve acesso ao desafio entre
o promissor Fernando Vargas e o
perigoso Ike Quartey, a menos
que tenha obtido um teipe com
amigos fora do Brasil. As últimas
defesas de cinturão de Roy Jones
Jr., um dos melhores do mundo,
tampouco foram exibidas.
O problema é que a estratégia
de manter as principais estrelas
do boxe longe da TV aberta pode
apresentar ""efeitos colaterais".
Primeiro, aliena os fãs do boxe,
que ficam sem ter idéia da importância de um determinado evento
quando é oferecido via pay-per-view, por não estar a par do
""enredo" que levou àquela luta.
Nos EUA, ""Sugar" Ray Leonard, ou, em menor escala, Hector ""Macho" Camacho, só se tornaram estrelas do circuito fechado (o antecessor do pay-per-view)
porque o público pôde antes ter
acesso a seus combates (e dramas) por meio da TV aberta.
O outro problema é que a não-existência de boxe na TV aberta
elimina uma das motivações para a molecada carente buscar
uma academia. Se a garotada
não vê boxe, como pode se interessar pela prática do esporte
(muitos começaram desta maneira, assistindo a lutas pela TV)?
E é justamente o pessoal que dá
a cara para bater em campeonatos amadores (e depois no profissionalismo) que não tem acesso à
programação das TVs a cabo.
A TV aberta ganha mais importância nesse sentido quando lembramos que não há academias de
boxe em cada esquina, como
acontece com os campinhos de futebol e, em menor escala, com as
quadras de basquete e de vôlei.
Nos EUA, as redes de TV aberta,
como a ABC, voltam a investir em
boxe. Tomara que o Brasil siga
também essa tendência.
Brasil 1
Prossegue a procura por um
adversário para Acelino Freitas, o Popó. Agora, os favoritos a enfrentá-lo são Germaine Fields, indicado pela rede
de TV Showtime, que transmite a luta (quem quiser conferir a última luta de Fields
pode acessar a versão eletrônica desta coluna no http://www.uol.com.br/folha/pordentrodosesportes/indexsex.htm), e Victoriano
Sosa. Também estão na corrida, com menos chances, os
argentinos Ariel Nistal e Jorge Barrios, o porto-riquenho
Angel Vasquez, insatisfeito
com o dinheiro oferecido, e o
norte-americano Fred Neal,
que tem problemas com o
empresário.
Brasil 2
O peso-leve Edson do Nascimento, o Xuxa, volta aos ringues no dia 14, contra o argentino Carlos Alberto Coronel, em Guarujá (SP).
E-mail eohata@folhasp.com.br
www.uol.com.br/folha/pensata
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