São Paulo, sexta-feira, 01 de setembro de 2000

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+ESPORTE - PENSE
Livro faz resgate da história das "desventuras" olímpicas do Brasil

DA REPORTAGEM LOCAL

A literatura brasileira a respeito das poucas glórias olímpicas do Brasil é bastante escassa. Para os atletas que nem conseguiram atingir o feito de ganhar medalha nos Jogos, então, não há praticamente nenhum registro.
Mostrando uma história realista das participações brasileiras nos Jogos, "Brasileiros olímpicos", de autoria do trio de jornalistas Jorge Luiz Rodrigues, Lédio Carmona e Tiago Petrik, cumpre bem a função de resgatar alguns fatos curiosos.
O livro está organizado em verbetes, com os nomes de pessoas ou coisas -não necessariamente brasileiros- que tiveram alguma importância nas participações brasileiras nos Jogos.
Não é um registro sistemático. Muitos atletas podem ter ficado de fora do levantamento. Mas quem entrou, tinha alguma história interessante para contar.
Em 1932, por exemplo, a delegação brasileira fez uma participação folclórica na Olimpíada e não conseguiu nenhuma medalha. Mas Adalberto Cardoso, corredor dos 10.000 m, foi o atleta mais aplaudido do estádio Olímpico de Los Angeles, apesar de ter chegado em último lugar.
Sem dinheiro para viabilizar a participação do país, os atletas ganharam o apoio do então presidente Getúlio Vargas, que cedeu o Itaquicê, navio que levou a equipe. Para pagar as despesas, a delegação levou uma carga de 55.000 sacas de café, para ser negociada no meio do caminho.
Quem vendeu o suficiente, foi para a Olimpíada. Sem completar sua cota, Adalberto teve que ir até São Francisco para se livrar do seu carregamento.
Em cima da hora, o corredor percorreu -a pé ou de carona- os cerca de 600 km que separam as duas cidades da Califórnia. Ele chegou ao estádio somente dez minutos antes do início da prova.
Aos poucos, o público ficou sabendo das desventuras do brasileiro e o aplaudiu mais que ao polonês Janusz Kusocinski, o vencedor dos 10.000 m.
Por outro lado, algumas vezes, o livro cai no exagero, ao assumir versões duvidosas. É o caso do verbete a respeito do triplista Adhemar Ferreira da Silva.
Depois de vencer sua prova em Helsinque-1952, o atleta teria inventado a volta olímpica ao comemorar com o público de cerca de 70.000 pessoas.
Na verdade, a versão mais aceita é a de que a volta olímpica teria sido inventada pelos uruguaios que, após a conquista do torneio de futebol, em Paris-1924, comemoraram o feito correndo ao redor do campo.
De qualquer forma, esses pequenos escorregões não tiram o mérito da obra, de resgatar a história de heróis desconhecidos.
(ADALBERTO LEISTER FILHO)


FICHA
Livro: Brasileiros Olímpicos
Autores: Lédio Carmona, Jorge Luiz Rodrigues e Tiago Petrik
Número de páginas: 224
Preço: R$ 28
E-mail: edpanda@terra.com.br
Editora: Panda (R. Purpurina, 412 -São Paulo-SP)
Telefone: 0/xx/11/210-4511

TRECHO
"Durante os treinos da equipe não havia infra-estrutura no local, nem uma árvore onde se pudessem apoiar os alvos. A cada tiro, os atletas colocavam em risco suas vidas. Eles se revezavam segurando os alvos para que os outros atirassem" sobre os treinos dos atiradores do Brasil nos Jogos da Antuérpia-1920
E-mail: mais.esporte@uol.com.br


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