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+ESPORTE - PENSE
Livro faz resgate da história das "desventuras" olímpicas do Brasil
DA REPORTAGEM LOCAL
A literatura brasileira a respeito das poucas glórias olímpicas
do Brasil é bastante escassa. Para
os atletas que nem conseguiram
atingir o feito de ganhar medalha
nos Jogos, então, não há praticamente nenhum registro.
Mostrando uma história realista das participações brasileiras
nos Jogos, "Brasileiros olímpicos", de autoria do trio de jornalistas Jorge Luiz Rodrigues, Lédio Carmona e Tiago Petrik,
cumpre bem a função de resgatar alguns fatos curiosos.
O livro está organizado em verbetes, com os nomes de pessoas
ou coisas -não necessariamente brasileiros- que tiveram alguma importância nas participações brasileiras nos Jogos.
Não é um registro sistemático.
Muitos atletas podem ter ficado
de fora do levantamento. Mas
quem entrou, tinha alguma história interessante para contar.
Em 1932, por exemplo, a delegação brasileira fez uma participação folclórica na Olimpíada e
não conseguiu nenhuma medalha. Mas Adalberto Cardoso,
corredor dos 10.000 m, foi o atleta mais aplaudido do estádio
Olímpico de Los Angeles, apesar
de ter chegado em último lugar.
Sem dinheiro para viabilizar a
participação do país, os atletas
ganharam o apoio do então presidente Getúlio Vargas, que cedeu o Itaquicê, navio que levou a
equipe. Para pagar as despesas, a
delegação levou uma carga de
55.000 sacas de café, para ser negociada no meio do caminho.
Quem vendeu o suficiente, foi
para a Olimpíada. Sem completar sua cota, Adalberto teve que
ir até São Francisco para se livrar
do seu carregamento.
Em cima da hora, o corredor
percorreu -a pé ou de carona- os cerca de 600 km que separam as duas cidades da Califórnia. Ele chegou ao estádio somente dez minutos antes do início da prova.
Aos poucos, o público ficou sabendo das desventuras do brasileiro e o aplaudiu mais que ao
polonês Janusz Kusocinski, o
vencedor dos 10.000 m.
Por outro lado, algumas vezes,
o livro cai no exagero, ao assumir
versões duvidosas. É o caso do
verbete a respeito do triplista
Adhemar Ferreira da Silva.
Depois de vencer sua prova em
Helsinque-1952, o atleta teria inventado a volta olímpica ao comemorar com o público de cerca
de 70.000 pessoas.
Na verdade, a versão mais aceita é a de que a volta olímpica teria sido inventada pelos uruguaios que, após a conquista do
torneio de futebol, em Paris-1924, comemoraram o feito correndo ao redor do campo.
De qualquer forma, esses pequenos escorregões não tiram o
mérito da obra, de resgatar a história de heróis desconhecidos.
(ADALBERTO LEISTER FILHO)
FICHA
Livro: Brasileiros Olímpicos
Autores: Lédio Carmona, Jorge Luiz
Rodrigues e Tiago Petrik
Número de páginas: 224
Preço: R$ 28
E-mail: edpanda@terra.com.br
Editora: Panda (R. Purpurina, 412
-São Paulo-SP)
Telefone: 0/xx/11/210-4511
TRECHO
"Durante os treinos da equipe não
havia infra-estrutura no local, nem
uma árvore onde se pudessem
apoiar os alvos. A cada tiro, os atletas colocavam em risco suas vidas.
Eles se revezavam segurando os alvos para que os outros atirassem"
sobre os treinos dos atiradores do
Brasil nos Jogos da Antuérpia-1920
E-mail:
mais.esporte@uol.com.br
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