São Paulo, sexta-feira, 01 de setembro de 2000

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FUTEBOL
Eleições olímpicas

JOSÉ ROBERTO TORERO
COLUNISTA DA FOLHA

Duas das mais importantes competições estão chegando: a Olimpíada e as eleições municipais. Elas têm várias coisas em comum. Em ambas gasta-se muito dinheiro para preparar os combatentes, às vezes os atletas recorrem a golpes baixos, são disputadas de quatro em quatro anos e seus vencedores recebem os louros da vitória, títulos, honrarias e, às vezes, dinheiro.
Mas há também diferenças. A principal é que o atleta, se for muito, mas muito bom, leva para casa uma medalha. Já o político, se não for nada bom, é que vai reforçar seu patrimônio com barras e mais barras de ouro.
A proximidade das duas competições me faz pensar que talvez devêssemos mandar políticos, em vez de atletas, para Sydney. É claro que cada um participaria de um esporte conforme as suas características.
Pensemos no longilíneo Marco Maciel, por exemplo. Ele não reúne as qualidades de um corredor dos 10.000 m? É persistente, gosta de longos percursos e sabe manter a concentração de uma maneira tal que está sempre nas primeiras posições. Para a maratona poderíamos convocar Lula, que, mesmo sofrendo seguidos tropeços, consegue fôlego para continuar correndo.
Já Itamar Franco é o tipo que gosta de vencer, mas não acha graça na vitória se não houver escaramuças e obstáculos. Seria o nosso homem perfeito para os 400 m com barreiras.
Francisco Rossi, o rei de Osasco, iria nos representar no salto com vara, uma modalidade em que o atleta corre muito no começo, atinge um pico e depois vem de encontro ao chão em queda livre.
Enéas, que faz tudo rapidinho, seria uma esperança de medalha nos 100 m rasos. No tiro, nossos melhores representantes seriam Covas e Serra. Mas não como atiradores e sim como alvos.
Ciro Gomes, com sua prática em ataques certeiros e esquivas rápidas, daria um perfeito esgrimista. E mesmo que não desse, teríamos que arranjar um jeito de colocá-lo na delegação, porque a presença da Patrícia Pillar infundiria grande ânimo nos atletas.
Com sua aerodinâmica calvície, Espiridião Amim é um nome certo na natação. E muitos o confundiriam com Fernando Scherer.
Eduardo Suplicy, se chegasse a tempo, seria uma boa indicação para o pugilismo, assim como ACM e Jáder Barbalho, que só não se integram à equipe porque não vêem graça em brigar com lutadores de outros países.
EJ, o magistrado Lalau e Luiz Estevão parecem nascidos para o revezamento 4x100 m, só faltando um quarto corredor para completar o time, de preferência alguém que os conheça há bastante tempo, para que haja confiança, entrosamento e um possa se beneficiar do esforço do outro.
Enfim, feitas as comparações, só resta esperar que o caro eleitor, que nas últimas vezes não alcançou o índice olímpico, dessa vez nos presenteie com medalhas.

Os irmãos Maurício e Josué da Cunha, com a ajuda da turma de Guaianazes, elaboraram uma seleção com jogadores-personagens da literatura. O goleiro seria Sérgio, do Palmeiras e de "O Ateneu", na lateral direita entraria Rodrigo, do Cruzeiro e de "O Tempo e o Vento", para a zaga foram escalados Narciso, do Santos e da "Teogonia", e Escobar, da seleção colombiana e de "Dom Casmurro". Completando a defesa, Pedrinho, do Palmeiras e do "Sítio do Pica-Pau Amarelo".
O meio-campo seria composto por Fabiano, do São Paulo e de "Vidas Secas", Teodoro, do São Paulo e de "Dona Flor e seus dois maridos", e Bentinho, da Lusa e de "Dom Casmurro".
O ataque ficaria com Basílio, do Palmeiras e de "O Primo Basílio", Enéas, da Lusa e de "Eneida", e Romeu, do Corinthians e de "Romeu e Julieta".
Sem dúvida, uma seleção sobre a qual seriam escritas muitas linhas.

Vários leitores pedem a inclusão do São Paulo e do Internacional na Taça Penetra citada no texto de 29 de agosto, já que os dois clubes se beneficiaram de maracutaias no último campeonato. Vosso pedido é uma ordem.
E-mail torero@uol.com.br


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