São Paulo, sexta-feira, 01 de setembro de 2000

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FUTEBOL
Clube cancela festa, enquanto torcedores organizam protesto no Parque São Jorge para "comemorar" aniversário
Torcida enterra hoje Corinthians, 90

MAÉRCIO SANTAMARINA
DA REPORTAGEM LOCAL

""Quem iria imaginar que no dia dos 90 anos do Corinthians estaríamos passando por esta situação. Sem dúvida é o pior momento que estou vivendo no clube."
A afirmação feita ontem pelo meia Ricardinho reflete a indignação dos torcedores corintianos, que chegou ao seu ápice -segundo o próprio atleta- com a derrota de 3 a 0 para o Santos, na noite de anteontem, no Pacaembu, pela Copa João Havelange.
O time, que teve um aproveitamento de pontos de 59% no primeiro semestre, vê esse índice reduzido para 30% agora, no segundo. Foram 7 derrotas em 11 jogos oficiais disputados sob o comando do técnico Oswaldo Alvarez.
Diante desse panorama, integrantes das principais torcidas organizadas corintianas resolveram organizar um protesto para ""comemorar" o aniversário hoje.
Além de um bolo, três caixões de defuntos serão levados ao Parque São Jorge para o enterro simbólico do HMTF, atual parceiro do Corinthians, do presidente do clube, Alberto Dualib, e de seu diretor de futebol, Carlos Nujud.
""A situação chegou a um ponto insustentável. O time, que foi campeão mundial em janeiro deste ano, não tem quem colocar em campo agora, mesmo com um acordo de parceria milionário. Por isso, pretendemos reunir pelo menos 5.000 torcedores para manifestar a nossa indignação", disse ontem o presidente da Gaviões da Fiel, José Cláudio de Almeida Moraes, o Dentinho. A torcida tem cerca de 60 mil associados.
A concentração em frente à sede social do clube, inaugurada no início do ano, está marcada para começar às 19h. ""Se fosse antes, não conseguiríamos reunir o número que pretendemos."
Para evitar um confronto, a exemplo do que ocorreu após a eliminação do time na Libertadores da América, em junho último, a diretoria corintiana decidiu não realizar nenhuma festa hoje em comemoração dos 90 anos.
A festa oficial de aniversário se restringirá a atividades recreativas amanhã e domingo.
O único evento previsto para hoje, além do protesto da torcida, é uma sessão solene na Assembléia Legislativa, proposta pelo deputado Afanasio Jazadji (PFL). Mesmo assim, como ele pretende homenagear ex-presidentes desafetos de Dualib, os atuais dirigentes podem boicotar a sessão.
""Agora que a falta de autoridade veio à tona e a seriedade da parceria com o HMTF está sendo questionada, os dirigentes estão se escondendo", afirmou Moraes.
Segundo ele, as torcidas organizadas vão pressionar o clube até conseguirem a demissão de Nujud. Ontem, a Camisa 12, a segunda maior organizada, apresentou um ofício a Dualib exigindo a saída da diretor de futebol.
""A manifestação é um direito da torcida, desde que seja feita com ordem", afirmou Nujud, dizendo que pedirá reforço no policiamento do Parque São Jorge hoje.
No último dia 26 de junho, na reapresentação do time após o fracasso na Libertadores, integrantes da Gaviões tentaram agredir o atacante Edílson durante manifestação. O jogador acabou deixando o clube por isso.
O técnico Oswaldo Alvarez, de acordo com Moraes, também começará a ser pressionado. ""Ele tem que mostrar a que veio. Não adianta ficar só pedindo paciência aos torcedores. Tem que brigar pelo seu trabalho, senão estará sendo conivente com a diretoria do Corinthians", afirmou.
""A torcida tem de entender a fase de transição do time. A carga é grande. Com a ajuda de todos vamos sair dessa", disse Alvarez.


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