|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
FUTEBOL
Clube cancela festa, enquanto torcedores organizam protesto no Parque São Jorge para "comemorar" aniversário
Torcida enterra hoje Corinthians, 90
MAÉRCIO SANTAMARINA
DA REPORTAGEM LOCAL
""Quem iria imaginar que no dia
dos 90 anos do Corinthians estaríamos passando por esta situação. Sem dúvida é o pior momento que estou vivendo no clube."
A afirmação feita ontem pelo
meia Ricardinho reflete a indignação dos torcedores corintianos,
que chegou ao seu ápice -segundo o próprio atleta- com a derrota de 3 a 0 para o Santos, na noite de anteontem, no Pacaembu,
pela Copa João Havelange.
O time, que teve um aproveitamento de pontos de 59% no primeiro semestre, vê esse índice reduzido para 30% agora, no segundo. Foram 7 derrotas em 11 jogos
oficiais disputados sob o comando do técnico Oswaldo Alvarez.
Diante desse panorama, integrantes das principais torcidas organizadas corintianas resolveram
organizar um protesto para ""comemorar" o aniversário hoje.
Além de um bolo, três caixões
de defuntos serão levados ao Parque São Jorge para o enterro simbólico do HMTF, atual parceiro
do Corinthians, do presidente do
clube, Alberto Dualib, e de seu diretor de futebol, Carlos Nujud.
""A situação chegou a um ponto
insustentável. O time, que foi
campeão mundial em janeiro deste ano, não tem quem colocar em
campo agora, mesmo com um
acordo de parceria milionário.
Por isso, pretendemos reunir pelo
menos 5.000 torcedores para manifestar a nossa indignação", disse ontem o presidente da Gaviões
da Fiel, José Cláudio de Almeida
Moraes, o Dentinho. A torcida
tem cerca de 60 mil associados.
A concentração em frente à sede
social do clube, inaugurada no
início do ano, está marcada para
começar às 19h. ""Se fosse antes,
não conseguiríamos reunir o número que pretendemos."
Para evitar um confronto, a
exemplo do que ocorreu após a
eliminação do time na Libertadores da América, em junho último,
a diretoria corintiana decidiu não
realizar nenhuma festa hoje em
comemoração dos 90 anos.
A festa oficial de aniversário se
restringirá a atividades recreativas amanhã e domingo.
O único evento previsto para
hoje, além do protesto da torcida,
é uma sessão solene na Assembléia Legislativa, proposta pelo
deputado Afanasio Jazadji (PFL).
Mesmo assim, como ele pretende
homenagear ex-presidentes desafetos de Dualib, os atuais dirigentes podem boicotar a sessão.
""Agora que a falta de autoridade
veio à tona e a seriedade da parceria com o HMTF está sendo questionada, os dirigentes estão se escondendo", afirmou Moraes.
Segundo ele, as torcidas organizadas vão pressionar o clube até
conseguirem a demissão de Nujud. Ontem, a Camisa 12, a segunda maior organizada, apresentou
um ofício a Dualib exigindo a saída da diretor de futebol.
""A manifestação é um direito da
torcida, desde que seja feita com
ordem", afirmou Nujud, dizendo
que pedirá reforço no policiamento do Parque São Jorge hoje.
No último dia 26 de junho, na
reapresentação do time após o
fracasso na Libertadores, integrantes da Gaviões tentaram
agredir o atacante Edílson durante manifestação. O jogador acabou deixando o clube por isso.
O técnico Oswaldo Alvarez, de
acordo com Moraes, também começará a ser pressionado. ""Ele
tem que mostrar a que veio. Não
adianta ficar só pedindo paciência
aos torcedores. Tem que brigar
pelo seu trabalho, senão estará
sendo conivente com a diretoria
do Corinthians", afirmou.
""A torcida tem de entender a fase de transição do time. A carga é
grande. Com a ajuda de todos vamos sair dessa", disse Alvarez.
Texto Anterior: Agenda Próximo Texto: Reforço é usado como estratégia Índice
|