São Paulo, Quarta-feira, 01 de Setembro de 1999
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FUTEBOL
Presidente ignora turbulências e reúne time na véspera de jogo
Bastos Neto vai a campo "dar força" ao São Paulo

FÁBIO VICTOR
da Reportagem Local

Em meio à pressão de torcedores, que pedem sua renúncia, e da oposição, que exige mudanças no Departamento de Futebol, o presidente do São Paulo, José Augusto Bastos Neto, foi ontem ao Centro de Treinamento do clube conversar com os jogadores que hoje à noite enfrentam o Guarani, em Campinas, buscando a reabilitação no Brasileiro-99.
O time, que perdeu para o Corinthians no último domingo por 1 a 0, está em décimo lugar.
Antes do início do treino da tarde, Bastos Neto reuniu os titulares e o técnico Paulo César Carpegiani em um dos campos do CT.
Após cerca de dez minutos de conversa, deixou o local sem falar com a imprensa. Mais tarde, a Folha telefonou para o dirigente no Morumbi, mas ele não estava e nem retornou.
"Ele é meio excêntrico. A gente pode esperar tudo dele, mas ele hoje (ontem) só quis dar uma força", afirmou o zagueiro Márcio Santos, que no Brasileiro do ano passado foi um dos pivôs de uma desastrosa "intervenção" do dirigente são-paulino na equipe.
Após o time sofrer goleada de 7 a 2 para a Lusa, o dirigente foi ao CT "ensinar" aos zagueiros do time como cabecear.
"Naquela ocasião eu não o levei a sério", disse Márcio Santos.
A ida de presidentes a treinos não é prática usual entre os grandes clubes do futebol paulista. Os presidentes de Palmeiras (Mustafá Contursi) e Corinthians (Alberto Dualib), por exemplo, jamais foram ao gramado de um CT conversar com jogadores.
Alguns atletas são-paulinos, como o meia-atacante Marcelinho, não quiseram falar sobre o teor da reunião. "Pega outra pessoa. Eu prefiro não comentar essas coisas", esquivou-se.
Como Márcio Santos, o meia Carlos Miguel garantiu que a conversa foi só um incentivo.
"Ele não se meteu em nada. Veio apenas dar uma força, porque está vendo que estamos no caminho certo. Foi puro incentivo, não chegou a ter cobrança."
Para Carpegiani, "ele (Bastos Neto) é o dono do clube, e a sua presença é sempre importante".
A ida de Bastos Neto ao CT se dá num momento político delicado para o dirigente.
Conselheiros da oposição estão fazendo pressão para que o clube nomeie um diretor de futebol, cargo que hoje é acumulado pelo diretor financeiro, Paulo Amaral.
Os maus resultados no Brasileiro vêm excitando os opositores e antecipando a disputa pela sucessão. As eleições estão marcadas para abril do próximo ano, e Bastos Neto deve concorrer ao segundo mandato. Embora negue, o ex-presidente José Eduardo Mesquita Pimenta deve ser o candidato da oposição.
Além disso, no início de agosto, um grupo de torcedores lançou o Movimento Fora Bastos Neto, que pede a renúncia do dirigente e a convocação de eleições já.
Carpegiani, que disse não comentar questões políticas do clube, deve mudar a equipe mais uma vez no Brasileiro.
O atacante Sandro Hiroshi será sacado para a entrada do lateral Ânderson ou do meia Emerson.
O ala Jorginho, que passou um mês contundido, foi relacionado, mas deve ficar no banco.
NA TV - Globo e Bandeirantes, ao vivo, às 21h40 (apenas para a cidade de SP)


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