São Paulo, Quarta-feira, 01 de Setembro de 1999
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TOSTÃO
Balanço do Brasileiro

De acordo com a média de aproveitamento e os números do Datafolha, o Atlético-MG e o Grêmio foram os que mais subiram na classificação nesta semana. O Galo pulou do sexto para o terceiro lugar. O time gaúcho passou para o quarto. Corinthians e Cruzeiro continuam bem na frente. Vasco, Flamengo, Lusa e Paraná completam os oito primeiros colocados.
O Guarani e a Ponte Preta caíram, mas se mantêm com mais de 50% de aproveitamento, percentual necessário para um time ter chance de classificação. O Botafogo-RJ é o lanterna, com aproveitamento de 8,3% dos pontos.
Os quatro times que tiverem a pior média nos últimos dois anos serão rebaixados. Gama, Juventude, Botafogo-RJ e Botafogo-SP seriam, hoje, os que cairiam. O time carioca, que está em último lugar na tabela, é o mais indisciplinado. Dos cinco que receberam mais cartões amarelos e vermelhos, somente a Lusa de Zagallo -que reclamou do número absurdo de faltas que seu time sofreu no último jogo- está entre os oito primeiros colocados.
A média de faltas caiu de 58,4 para 57 por partida. Para que ela continue descendo, é preciso o retorno da suspensão automática com três amarelos, e que os técnicos protestem e ajam contra esse número excessivo. A solução definitiva para diminuir o número de faltas é colocar um limite individual e coletivo. Acima de certo número, as penalizações seriam progressivamente mais severas.
Corinthians e Flamengo fazem hoje o mais importante jogo da rodada. Se o time paulista vencer, igualar-se-á ao recorde do Atlético-MG, que, em 1977, conquistou oito vitórias seguidas no início do campeonato.
As sete primeiras rodadas foram de ajustes técnicos, táticos e de escolha do elenco. Como no ano passado, somente nas rodadas finais será definida a maioria dos classificados.

Clássico Mundial

As duas partidas contra a Argentina serão grandes testes para a seleção brasileira. Os dois times jogarão quase completos, e qualquer resultado, que não seja uma goleada, é previsível.
A filosofia de jogo da seleção no amistoso de sábado será muito mais importante do que seu desenho tático. O Brasil provavelmente vai jogar mais atrás, defendendo em seu campo, sem deixar espaço em sua defesa e usando o contra-ataque -o que é mais comum nas equipes visitantes em um clássico. Luxemburgo pode surpreender e pôr o time marcando por pressão, no campo do adversário, ou ainda optar por uma solução intermediária.
A Argentina certamente vai pressionar e tentar tomar a bola para chegar rapidamente ao gol, como fez com sucesso em suas duas últimas partidas.
Luxemburgo talvez repita a eficiente tática que adotou contra o México na Copa América, quando colocou o Zé Roberto de ponta-esquerda, nas costas do defensor que marcava individualmente o lateral Roberto Carlos.
Muito mais importante do que o resultado da partida será o comportamento individual e do conjunto da equipe brasileira atuando fora de casa, contra um adversário da mesma qualidade técnica.

Levir Culpi

Levir Culpi completou no último jogo 200 partidas no comando do Cruzeiro. Dificilmente um treinador do futebol brasileiro tem a oportunidade de dirigir uma grande equipe por tão longo tempo.
O técnico tem as qualidades necessárias a sua profissão: experiência de jogador, seriedade, disciplina, capacidade teórica e conhecimento técnico. Levir Culpi é prático, intuitivo e científico.
Nos últimos anos, o Cruzeiro conquistou vários títulos, mas recentemente perdeu o Campeonato Mineiro, para o Atlético, e não conquistou nenhum Brasileiro. Nesses jogos decisivos, o técnico cometeu alguns erros. Percebo que ele não é receptivo a críticas, seja da imprensa ou da torcida.
Espero que o treinador reflita sobre o assunto, pois, do contrário, esses erros se repetirão em futuras decisões.

Rivaldo foi o brasileiro que mais se destacou na última rodada dos campeonatos europeus. Ele fez um gol maravilhoso. O jogador do Barcelona e da seleção não é um organizador nem um distribuidor de jogo, mas talvez seja hoje, em todo o mundo, o atleta com a maior capacidade individual de decidir uma partida.
Recentemente, estava viajando, confiei em minha memória -que anda falhando- e citei trechos do poema "Ausência", de Carlos Drummond de Andrade. Cometi vários erros. Perdoem-me os eternos admiradores -sou um deles- do poeta maior. Agradeço a correção do leitor Ângelo Alexandre Marzano, de Santos.


Tostão escreve aos domingos e às quartas-feiras

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