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Se minha camiseta falasse
JOSÉ ROBERTO TORERO
da Equipe de Articulistas
Neste fim-de-semana, Romário,
o pequeno grande homem, voltou
a exibir uma camiseta com mensagem, desta vez com a inscrição:
""Favelados também fazem parte
da sociedade". Por essa e por outras é que sou contra a tentativa
da Fifa de impor restrições na divulgação de mensagens nas camisetas dos jogadores. Não é nada,
não é nada, seria um atrativo neste Brasileirão monótono, com jogos cheios de faltas.
Pensemos. Se o futebol é um espetáculo, nada mais justo que o
elemento surpresa faça parte dele.
Nesse sentido, o negócio da camiseta, com o perdão do mau trocadilho, cairia como uma luva. Depois do gol, ficávamos um tempo
em suspense, imaginando qual o
recado que o jogador teria reservado para a ocasião.
Um das alegações dos dirigentes
é que os textos podem exprimir
uma posição ideológica do atleta.
Mas e daí? Presume-se que os jogadores tenham cérebro, e esse cérebro, trabalhando, os faça ter
opiniões. Qual o problema de lermos textos sobre preferências partidárias, sátiras sobre o governo
ou versículos bíblicos? Creio que,
acima de tudo, deve valer o direito de expressão, feitas, claro, as
ressalvas de sempre: nazismo, extermínio racial, pedofilia e obscenidades, como Proer, CPMF etc.
No fundo, acho que eles têm medo que os jogadores comecem a
fazer propaganda de empresas e
eles não possam morder uma porcentagem. É pena, porque perderemos a oportunidade de vermos
mensagens provocantes, criativas
e bem-humoradas.
Pois bem, já que, com exceção
de Romário, os outros jogadores
andam meio intimidados e pararam com esse espetáculo de democracia e livre manifestação de
pensamento, só me resta, então,
imaginar mensagens. Pensei em
algumas que se casariam com o
estilo e a personalidade de certos
jogadores. Primeiro os craques do
passado:
Nilton Santos: Silêncio, biblioteca.
Sócrates: Penso, logo existo.
César Maluco: Não penso, mas
acho que existo.
Paulo César Caju: Existem pessoas que só pensam em dinheiro,
sexo e diversão. Eu sou uma delas!
Marcio Rossini: Olho por olho,
dente por dente.
Paolo Rossi: Um raio não cai
duas vezes no mesmo lugar, cai
três.
Ou ainda:
Rosemiro: Os feios que me desculpem, mas beleza é fundamental.
Tostão: Gênio trabalhando.
Ataliba: Va-va-valeu!
Reinaldo: Diga não às drogas.
Maradona: Diga sim às drogas.
Rui Rei: Doutor, eu não me engano. Meu coração é corintiano.
Agora, imaginemos possíveis
camisetas do nosso tempo:
Viola: Torço desde criancinha
para o time em que estou jogando
atualmente. Narciso: Daqui não
saio, daqui ninguém me tira. Galeano: Ninguém me ama, ninguém me quer. Vampeta e Dinei:
Nem toda nudez será castigada.
Paulão, do São Paulo: Participe
da campanha contra a fome e a
desnutrição. Bebeto: Quem não
chora não mama.
E mais:
Alex: Do not disturb. Ronaldinho: Meu outro carro também é
uma Ferrari. Zinho: Consertam-se enceradeiras. César Sampaio:
Eu amo Jesus. Marcelinho Carioca: Jesus me ama. Roni: Melhor
aqui do que no Botafogo. Qualquer jogador do Botafogo: Te cuida, Fluminense, que nós estamos
chegando! Raí: Ame a sua pátria,
ela não tem culpa dos filhos que
tem. E, finalmente, Edmundo: Fugi da Skola e cai na Bohemia.
José Roberto Torero escreve às quartas
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