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VÔLEI
A atacante, que completou 29 anos no mesmo dia em que o Brasil venceu os EUA e garantiu a medalha de bronze, diz que sai satisfeita e confirma participação em filme de ação filipino
Com planos de ter um filho, Leila se despede da seleção em Sydney
JOSÉ ALAN DIAS
ENVIADO ESPECIAL A SYDNEY
No dia em que completou 29
anos e conquistou sua segunda
medalha em Jogos Olímpicos, a
atacante Leila diz ter cumprido
sua última partida pela seleção
brasileira de vôlei.
De reserva no bronze em Atlanta-96, a titular e musa em outro
bronze, em Sydney, conquistado
sobre os EUA, anteontem, por 3 a
0 (parciais de 25/18, 25/22, 25/21),
era -ao lado de Fofão,30, e Virna, 29- a última remanescente
da seleção que consagrou Ana
Moser, Fernanda Venturini, Márcia Fu e Ana Paula.
Enquanto as duas parceiras de
medalha na Austrália admitem a
possibilidade de estar em quadra
na Olimpíada de Atenas, em 2004,
Leila cumprirá o contrato, com o
Vasco, para disputar a Superliga,
de novembro a abril.
Em seguida, enquanto a seleção
reiniciará suas atividades, pretende ter um filho, como vem anunciando há quase dois anos.
""Não faço mais planos em relação ao vôlei. Eu sei que dei o melhor de mim. Saio daqui satisfeita.
Na próxima Olimpíada, vou estar
do outro lado, sentada."
Por enquanto, vai se aproveitar
de sua fama na Ásia, que quase
beira a histeria, acumulada em
seis edições do Grand Prix, para
participar de um filme de ação filipino. A experiência, aparentemente insólita, não causa a menor
estranheza à jogadora. ""Vou fazer
uma participação pequena. Tentarei encaixar com outros compromissos que começo a ter fora
da quadra", disse Leila, também
convidada a protagonizar comerciais de TV asiáticos.
""Quero curtir tudo isso. No Brasil, as pessoas me conhecem, tem
o assédio. Lá, não. É quase idolatria, me adoram. De não poder
sair na rua", disse.
Na seleção adulta desde 1991,
canhota, a despeito de ser baixa
(1,79 m), passou de atacante de
ponta, reserva, a principal definidora da equipe quando Ana Moser começou a sofrer com seguidos problemas nos joelhos.
As duas jogadoras atuaram lado
a lado, como titulares, pela última
vez na Copa do Mundo, no Japão,
em novembro, quando o Brasil
assegurou o direito de participar
dos Jogos de Sydney.
Leila sairá da seleção deixando
uma sucessora natural, mas de estilo completamente oposto.
Embora não muito alta (tem
1,84 m), Elisângela, 24, dois anos
de seleção, tem no vigor físico sua
maior característica.
Ou como afirma a antiga titular:
""Pode passar a bola para a Elisângela que ela desce o braço sem
medo".
Nos Jogos Pan-Americanos de
Winnipeg (Canadá), no ano passado, quando o Brasil conquistou
a medalha de ouro sobre a seleção
de Cuba, foi de Elisângela o último ponto. Até o início da Olimpíada, o técnico Bernardinho declarava que, nas partidas contra
rivais de menor estatura e maior
técnica, como a China, Leila seria
titular. Em confrontos contra Cuba ou Rússia (este último nem
ocorreu), poderia se fiar na força
da novata.
Nem precisou. Leila atuou em
todas as oito partidas do time brasileiro. Saiu da competição com
103 pontos marcados, a segunda
maior pontuadora da equipe, superada apenas por Virna, que fez
115 pontos.
Cedeu o posto para Elisângela
em apenas algumas passagens de
rede ou por estratégia de Bernardinho -como por exemplo pouco antes do tie-break contra a seleção de Cuba, na semifinal.
""Para mim, isso é o final. Com
um grupo mais batalhador, que
precisava trabalhar muito mais
do que o anterior, conseguimos
uma medalha", disse Leila.
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