São Paulo, domingo, 01 de outubro de 2000

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VÔLEI

A atacante, que completou 29 anos no mesmo dia em que o Brasil venceu os EUA e garantiu a medalha de bronze, diz que sai satisfeita e confirma participação em filme de ação filipino
Com planos de ter um filho, Leila se despede da seleção em Sydney

JOSÉ ALAN DIAS
ENVIADO ESPECIAL A SYDNEY

No dia em que completou 29 anos e conquistou sua segunda medalha em Jogos Olímpicos, a atacante Leila diz ter cumprido sua última partida pela seleção brasileira de vôlei.
De reserva no bronze em Atlanta-96, a titular e musa em outro bronze, em Sydney, conquistado sobre os EUA, anteontem, por 3 a 0 (parciais de 25/18, 25/22, 25/21), era -ao lado de Fofão,30, e Virna, 29- a última remanescente da seleção que consagrou Ana Moser, Fernanda Venturini, Márcia Fu e Ana Paula.
Enquanto as duas parceiras de medalha na Austrália admitem a possibilidade de estar em quadra na Olimpíada de Atenas, em 2004, Leila cumprirá o contrato, com o Vasco, para disputar a Superliga, de novembro a abril.
Em seguida, enquanto a seleção reiniciará suas atividades, pretende ter um filho, como vem anunciando há quase dois anos.
""Não faço mais planos em relação ao vôlei. Eu sei que dei o melhor de mim. Saio daqui satisfeita. Na próxima Olimpíada, vou estar do outro lado, sentada."
Por enquanto, vai se aproveitar de sua fama na Ásia, que quase beira a histeria, acumulada em seis edições do Grand Prix, para participar de um filme de ação filipino. A experiência, aparentemente insólita, não causa a menor estranheza à jogadora. ""Vou fazer uma participação pequena. Tentarei encaixar com outros compromissos que começo a ter fora da quadra", disse Leila, também convidada a protagonizar comerciais de TV asiáticos.
""Quero curtir tudo isso. No Brasil, as pessoas me conhecem, tem o assédio. Lá, não. É quase idolatria, me adoram. De não poder sair na rua", disse.
Na seleção adulta desde 1991, canhota, a despeito de ser baixa (1,79 m), passou de atacante de ponta, reserva, a principal definidora da equipe quando Ana Moser começou a sofrer com seguidos problemas nos joelhos.
As duas jogadoras atuaram lado a lado, como titulares, pela última vez na Copa do Mundo, no Japão, em novembro, quando o Brasil assegurou o direito de participar dos Jogos de Sydney.
Leila sairá da seleção deixando uma sucessora natural, mas de estilo completamente oposto.
Embora não muito alta (tem 1,84 m), Elisângela, 24, dois anos de seleção, tem no vigor físico sua maior característica.
Ou como afirma a antiga titular: ""Pode passar a bola para a Elisângela que ela desce o braço sem medo".
Nos Jogos Pan-Americanos de Winnipeg (Canadá), no ano passado, quando o Brasil conquistou a medalha de ouro sobre a seleção de Cuba, foi de Elisângela o último ponto. Até o início da Olimpíada, o técnico Bernardinho declarava que, nas partidas contra rivais de menor estatura e maior técnica, como a China, Leila seria titular. Em confrontos contra Cuba ou Rússia (este último nem ocorreu), poderia se fiar na força da novata.
Nem precisou. Leila atuou em todas as oito partidas do time brasileiro. Saiu da competição com 103 pontos marcados, a segunda maior pontuadora da equipe, superada apenas por Virna, que fez 115 pontos.
Cedeu o posto para Elisângela em apenas algumas passagens de rede ou por estratégia de Bernardinho -como por exemplo pouco antes do tie-break contra a seleção de Cuba, na semifinal.
""Para mim, isso é o final. Com um grupo mais batalhador, que precisava trabalhar muito mais do que o anterior, conseguimos uma medalha", disse Leila.


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