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JOSÉ ROBERTO TORERO
Bronzil! Bronzil!
Há dias em que vale a pena
sair da cama. Este foi um
desses. Estava um dia ensolarado,
os pássaros cantavam em minha
janela e, o melhor de tudo, o café
da manhã estava muito bom.
Depois fui ver o jogo entre Brasil
e EUA pelo bronze no vôlei feminino. Foi o segundo melhor tipo
de jogo para um torcedor: aquele
em que seu time é bem superior,
está tranquilo e vence o jogo com
facilidade. Foi um três a zero que
quase poderia ser chamado de
moleza. Só no segundo set as
americanas tiveram alguma esperança de vencer. Mas isso não
aconteceu. E sempre há um gostinho especial em vencer os EUA.
Nem que seja no palitinho.
Mas o melhor ainda estava por
vir. Ou por ver. Era a disputa pelo
bronze entre Brasil e Coréia do
Sul no basquete feminino. E esse
jogo foi do melhor tipo que há para um torcedor: os times eram
iguais, a partida, equilibrada,
mas seu time venceu no final.
E, no caso, foi bem no final mesmo: na prorrogação. Nos cinco
minutos extras a seleção brasileira nem parecia a mesma dos primeiros quarenta. Foi segura, soube chamar as faltas, fez uma boa
marcação, venceu e convenceu.
Algum chato pode dizer que o
bronze é pouco, mas as meninas,
tanto do vôlei como do basquete,
pulavam feito doidas e choravam
e se abraçavam. Até os australianos se emocionaram e gritaram
"Brasil, Brasil!" Mas, com seu sotaque, parecia mais "Bronzil,
Bronzil!" Ou isso ou os australianos são um povo muito irônico.
Nos tempos da Grécia antiga, os
campeões olímpicos eram homenageados com uma estátua, mas
que não poderia ter um rosto. Só o
nome do atleta e uma inscrição
com seu feito. O rosto da estátua
só poderia ser realizado quando o
atleta vencesse uma Olimpíada
pela terceira vez. Pois o boxeador
Félix Savón acaba de merecer este
direito. Ele é tricampeão de pesos-pesados. Poderia estar ganhando
milhões de dólares, mas preferiu
continuar em Cuba, competindo
por seu país. E falando em Cuba,
seu vôlei feminino também é tricampeão. Também poderia ser
feita uma estátua com a ágil Ruiz
saltando, com Costa, de costas, fazendo um levantamento, com
Bell dando uma largada sutil e
com Torres bloqueando.
Tudo bem, perdemos delas e isso nos dá uma ponta de raiva.
Mas depois de assistir à virada em
cima da Rússia, há que se admitir
que perdemos para as melhores
do mundo. E falando ainda mais
em Cuba, a pequena ilha já tem
mais de uma medalha de ouro
por cada milhão de habitante.
É a melhor relação ouro per capita do planeta. E isso num país
pobre. Mas onde há esporte para
todos desde os primeiros dias.
E-mail torero@uol.com.br
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