São Paulo, domingo, 01 de outubro de 2000

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TOSTÃO

Psicólogo não ganha nem perde jogo


Não se pode desconhecer a importância da psicologia esportiva, mas não se deve supervalorizá-la. Por vários motivos, se ganha e perde. O principal deles é a qualidade técnica.
Psicólogo não ganha nem perde jogo. Ajuda, mas não pisando sobre brasas e repetindo obviedades e frases de estilo. Isso não é psicologia científica. É sugestão ou enganação. A psicologia esportiva somente será importante quando for pouco notada na vitória e na derrota. Passar a fazer parte da rotina, como a nutrição, a fisiologia e outras áreas.
Estresse não é coisa de babaca, como disse o técnico do basquete feminino, Antônio Carlos Barbosa, nem a psicologia é solução para os piores. Um campeão se faz com muito treino, técnica, malícia, razão, emoção e garra. Ele sabe que é melhor. Não tem dúvidas nem falsa modéstia. Sabe também que não é perfeito, nem invencível. Não pode vacilar.
Um campeão não parece o melhor. Ele é. O que é, é. Quando lerem esta coluna, talvez o novo técnico da seleção brasileira já seja conhecido. Ou não haverá mudanças? Tudo é possível. Felipão e Parreira são os mais cotados. O técnico do Cruzeiro é o preferido dos torcedores.
Luiz Felipe às vezes é grosseiro, utiliza métodos varzeanos e anti-esportivos, mas entende do riscado. Diferentemente de outros disciplinadores, é transparente e emotivo. Cria laços afetivos, sem perder o comando. É mais respeitado que temido. Os jogadores o obedecem e admiram.
O treinador tem fama de retranqueiro, o que não é verdade. Confundem forte marcação com defensivismo. Desde a época do Grêmio, Luiz Felipe prefere marcar na intermediária ou próximo ao outro gol. Por isso, suas equipes fazem muitos gols.
Felipão frequentemente arrisca, coloca seu time na frente, com três ou quatro atacantes, e muda a história do jogo. Depois, retorna ao feijão com arroz.
Parreira é mais prudente. Gosta de recuar, fechar os espaços defensivos, para depois contra-atacar. Num torneio curto, eliminatório, em que não se pode errar nem ser surpreendido, esse esquema não encanta, mas funciona.
O treinador do Atlético é o que tem mais conhecimento científico e informações sobre todas as seleções do mundo. É mais racional e estável. Não age com emoção, ao contrário do Felipão.
Além disso, Parreira já mostrou que tem equilíbrio emocional para lidar com as enormes dificuldades do cargo. Isso é tão importante quanto o preparo técnico. Não se sabe qual será o comportamento do Luiz Felipe.
Luxemburgo reinou absoluto. Os treinadores tomaram conta do futebol e se tornaram os principais responsáveis pelas vitórias e derrotas. Indicam a comissão técnica, muitas vezes mais pela amizade que pela competência.
A CBF anuncia a intenção de contratar um coordenador. Sei que é difícil um bom relacionamento entre esse e o técnico, principalmente pela falta de hábito. Em 94, Parreira e Zagallo formaram uma boa dupla.
O coordenador precisa ter um amplo conhecimento para supervisionar, opinar e cobrar de toda a comissão técnica. Não pode ser uma figura decorativa.
E-mail tostao.folha@uol.com.br


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