São Paulo, sexta-feira, 01 de outubro de 2004

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TÊNIS

País só é favorito contra a Colômbia, na terceira divisão, se boicote acabar

Brasil enfrenta incógnita na Davis

DA REPORTAGEM LOCAL

Só o cenário político, como aconteceu durante todo este ano, poderá definir o status do Brasil em sua estréia na terceira divisão da Copa Davis em 2005.
Se até março Nelson Nastás tiver deixado a presidência da confederação e os principais tenistas, liderados por Gustavo Kuerten, cumprirem a promessa de acabar com o boicote, o país é favorito.
O adversário da primeira rodada, de 4 a 6 de março, é a Colômbia. Seus quatro jogadores mais bem ranqueados, juntos, somam 505 pontos. É menos do que os 595 pontos que Ricardo Mello, segundo melhor brasileiro e 67º do mundo, adquiriu sozinho.
Com ele, Gustavo Kuerten, André Sá e Flávio Saretta, o Brasil é forte candidato a abrir 5 a 0 no retrospecto dos confrontos entre os dois países na história do torneio.
A última vez em que as duas seleções se encontraram foi em Porto Alegre, em 1985. Dacio Campos, Marcos Hocevar, Cassio Motta e Carlos Alberto Kirmayr marcaram 4 a 1 no saibro. Kirmayr foi o capitão do Brasil no confronto da queda para a terceira divisão, diante do Peru.
Desde que iniciou seu calvário na Davis, a equipe brasileira nunca esteve diante de um adversário tão mal ranqueado no torneio.
A Colômbia é 69º país do ranking. O Canadá, que derrubou o Brasil para a segunda divisão em 2003, é o 19º e mais bem colocado. O Paraguai ocupa o 20º posto, e a Venezuela, o 26º. O Peru, último algoz do Brasil, é o 31º.
"Não vejo grandes problemas para o Brasil voltar ao Grupo 1, atuando com o elenco principal. Acredito na qualidade dos nossos jogadores, que em março estarão aptos para voltar a jogar pelo país", afirmou Nastás.
O dirigente, porém, não confirmou se realizará o pleito até o início de março. Seu mandato termina em dezembro, mas, segundo ele, o estatuto permite a eleição até o primeiro trimestre de 2005.
Caso o imbróglio político não seja decidido até lá e o boicote continue, o cenário se altera.
A Colômbia jogará em casa e tem como melhor jogador Alejandro Falla, 118º do ranking. É, teoricamente, o adversário mais difícil do grupo se o Brasil apelar novamente para equipes inferiores.
Michael Quintero, segundo melhor colombiano (410º), supera, por exemplo, Ronaldo Carvalho (438º), destaque da equipe C que despencou diante dos peruanos.
No último fim de semana, o Brasil viveu o último ato da crise que o levou à sua pior posição na Copa Davis desde a criação do Grupo Mundial, em 1981.
Os problemas começaram com a queda para o Grupo 1 do Zonal Americano -a segunda divisão-, ainda com o time principal, em 2003. O país estava no Grupo Mundial desde 1997.
Em seguida, Guga e cia. fizeram um boicote: só voltariam ao torneio se Nastás deixasse o cargo. Acusam o presidente de má administração à frente da CBT.
Como o dirigente não saiu, o país teve de apelar a times inferiores e até a juvenis e foi, passo a passo, despencando no torneio.
Se passar pela primeira rodada da Davis, a equipe pegará o vencedor de Bahamas x Antilhas Holandesas. Será o segundo degrau. O time só volta à segunda divisão se ultrapassar a terceira rodada.


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