|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Para frear críticas, Rio usa jornais e "bombeiro"
Candidatura monitora informações e controla as perguntas em entrevistas
Esquema visa dar respostas rápidas, como nos protestos contra os rivais, e tentar vetar notícias tidas como nocivas à imagem do projeto carioca
DOS ENVIADOS A COPENHAGUE
As duas reclamações seguidas ao COI contra campanhas
adversárias são reflexo de um
rigoroso controle do fluxo de
informações sobre o Rio de Janeiro empreendido pelo comitê da candidatura brasileira.
O rastreamento na imprensa
por notícias consideradas nocivas à postulação é constante.
Uma vez identificadas, servem
para a estratégia de defesa.
Entrevistas com jornalistas
estrangeiros recebem um cuidado extra para evitar o impacto de perguntas negativas.
Foi assim quando um jornal
dinamarquês publicou nota sobre o cancelamento da etapa do
Rio da Copa de Mundo de natação por falta de verba. A notícia
acendeu o alerta na Rio-2016.
Na entrevista coletiva de imprensa, ontem, jornalista americano perguntou sobre o fato.
"A confederação [de desportos aquáticos] preferiu investir
na preparação para o Mundial",
respondeu rapidamente o diretor de marketing da Rio-2016,
Leonardo Gryner, referindo-se
ao torneio realizado em agosto.
Outro elemento para evitar
questionamentos nocivos é o
marqueteiro Mike Lee, mediador das entrevistas e que muitas vezes atua como um "bombeiro". Ele já trabalhou para a
Uefa e é considerado peça-chave na vitoriosa campanha de
Londres pelos Jogos de 2012.
Foi o responsável pela costura política feita pelo então primeiro-ministro britânico Tony
Blair, que deu apoio total aos
Jogos em seu país e fez campanha entre membros do COI.
Lee teve de agir quando Pelé
foi questionado sobre o financiamento público dos eventuais Jogos no Rio. "Agora, Pelé
vai tomar posse do Banco Central do Brasil", ironizou. Em
outra ocasião, ignorou pergunta de um jornalista americano.
O Rio, ao crescer na campanha, tem estado sob o ataque de
adversários nos últimos meses.
Madri e Chicago já fizeram comentários sobre a cidade.
Em ambos os casos, o comitê
carioca respondeu com reclamações em pouco tempo. No
caso de Madri, em poucas horas. Chicago foi pega de surpresa pelo presidente da Rio-2016,
Carlos Arthur Nuzman, que
disse ter protestado contra declarações dos americanos.
A imprensa internacional
enfocou casos de violência, como reportagem da revista
"New Yorker" sobre as gangues
que dominam favelas no Rio.
Dados do relatório do COI,
que elogiou a melhora na segurança, foram utilizados na defesa da candidatura carioca.
Uma falha no sistema ocorreu em entrevista de Pelé, que
cometeu erros de informação.
O ex-jogador afirmou que os
EUA tiveram "três ou quatro
Olimpíadas" (foram oito, contando as de Inverno), além
de declarar que Chicago teria
financiamento público nos
Jogos Olímpicos (é privado).
(RODRIGO MATTOS E SÉRGIO RANGEL)
Texto Anterior: Espírito Olímpico Próximo Texto: Frase Índice
|