São Paulo, quinta-feira, 01 de outubro de 2009

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Para frear críticas, Rio usa jornais e "bombeiro"

Candidatura monitora informações e controla as perguntas em entrevistas

Esquema visa dar respostas rápidas, como nos protestos contra os rivais, e tentar vetar notícias tidas como nocivas à imagem do projeto carioca

DOS ENVIADOS A COPENHAGUE

As duas reclamações seguidas ao COI contra campanhas adversárias são reflexo de um rigoroso controle do fluxo de informações sobre o Rio de Janeiro empreendido pelo comitê da candidatura brasileira.
O rastreamento na imprensa por notícias consideradas nocivas à postulação é constante. Uma vez identificadas, servem para a estratégia de defesa.
Entrevistas com jornalistas estrangeiros recebem um cuidado extra para evitar o impacto de perguntas negativas.
Foi assim quando um jornal dinamarquês publicou nota sobre o cancelamento da etapa do Rio da Copa de Mundo de natação por falta de verba. A notícia acendeu o alerta na Rio-2016.
Na entrevista coletiva de imprensa, ontem, jornalista americano perguntou sobre o fato.
"A confederação [de desportos aquáticos] preferiu investir na preparação para o Mundial", respondeu rapidamente o diretor de marketing da Rio-2016, Leonardo Gryner, referindo-se ao torneio realizado em agosto.
Outro elemento para evitar questionamentos nocivos é o marqueteiro Mike Lee, mediador das entrevistas e que muitas vezes atua como um "bombeiro". Ele já trabalhou para a Uefa e é considerado peça-chave na vitoriosa campanha de Londres pelos Jogos de 2012.
Foi o responsável pela costura política feita pelo então primeiro-ministro britânico Tony Blair, que deu apoio total aos Jogos em seu país e fez campanha entre membros do COI.
Lee teve de agir quando Pelé foi questionado sobre o financiamento público dos eventuais Jogos no Rio. "Agora, Pelé vai tomar posse do Banco Central do Brasil", ironizou. Em outra ocasião, ignorou pergunta de um jornalista americano.
O Rio, ao crescer na campanha, tem estado sob o ataque de adversários nos últimos meses. Madri e Chicago já fizeram comentários sobre a cidade.
Em ambos os casos, o comitê carioca respondeu com reclamações em pouco tempo. No caso de Madri, em poucas horas. Chicago foi pega de surpresa pelo presidente da Rio-2016, Carlos Arthur Nuzman, que disse ter protestado contra declarações dos americanos.
A imprensa internacional enfocou casos de violência, como reportagem da revista "New Yorker" sobre as gangues que dominam favelas no Rio.
Dados do relatório do COI, que elogiou a melhora na segurança, foram utilizados na defesa da candidatura carioca.
Uma falha no sistema ocorreu em entrevista de Pelé, que cometeu erros de informação.
O ex-jogador afirmou que os EUA tiveram "três ou quatro Olimpíadas" (foram oito, contando as de Inverno), além de declarar que Chicago teria financiamento público nos Jogos Olímpicos (é privado).
(RODRIGO MATTOS E SÉRGIO RANGEL)


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