|
Próximo Texto | Índice
Presidente da entidade pede apuração de brasileiros sobre caso de "gatos"
Joseph Blatter, depois de ameaças de punição ao futebol do país,
irrita senadores e é convidado a dar explicações para o Congresso
CPI convoca Fifa, que já apóia investigação
JOÃO CARLOS ASSUMPÇÃO
DO PAINEL FC
JOSÉ ALBERTO BOMBIG
ENVIADO ESPECIAL A BRASÍLIA
Após ameaçar tirar o Brasil do
Mundial de 2002, Joseph Blatter,
presidente da Fifa, revoltou os integrantes da CPI do Futebol, instalada no Senado, que decidiram
convidar o dirigente para depor.
O requerimento do senador
Maguito Vilela (PMDB-GO), propondo o convite, foi aprovado ontem à tarde, por unanimidade.
Até a semana passada, não se
cogitava ouvir o dirigente, que é
suíço e não tem obrigação de aceitar o convite para depor.
Mas, para os membros da CPI
do Senado, as declarações de Blatter à revista ""Época", com ameaças à participação do Brasil na
próxima Copa, foram feitas para
intimidar a comissão. Por isso
mesmo, não poderiam ficar sem
resposta, dizem eles.
"Senti nas declarações dele
(Blatter) a arrogância típica do
mundo do futebol", disse o senador Álvaro Dias (PSDB-PR), presidente da comissão, que ontem
ouviu o depoimento de Ricardo
Liao, diretor do Departamento de
Combate a Ilícitos Cambiais e Financeiros do Banco Central.
Ontem, no entanto, Joseph Blatter, antes de saber que havia sido
convidado a depor na CPI, adotou um tom mais brando. Em e-mail enviado à Folha, por intermédio da assessoria de imprensa
da Fifa, a entidade que comanda o
futebol, ele defendeu as investigações na Câmara e no Senado.
Disse ser favorável às CPIs, já
que elas ""podem investigar questões fora do alcance da Fifa, mas
não das autoridades brasileiras".
Entre elas, citou a sonegação de
impostos, o exame das contas dos
clubes de futebol do país, possíveis irregularidades na transferência de jogadores para o exterior e o processo de fabricação de
""gatos", jogadores com idade
adulterada, no Brasil.
Keith Cooper, responsável pelo
departamento de comunicação
da entidade, afirmou, em nome
de Blatter, que ""desde o ano passado a Fifa vem dizendo que não
cabe a ela investigar se um jogador brasileiro ou estrangeiro joga
com documentos falsos".
""Os políticos têm agora uma
oportunidade para descobrir como é feita a adulteração de documentos. Não houve indício algum
de que tivesse (a fraude) participação da CBF, por isso a seleção
brasileira não sofreu punição."
Ele lembrou ainda do caso de
Wanderley Luxemburgo, ex-técnico da seleção, que também andava com documentos com idade
falsa -nasceu em 1952 e não em
1955, como informava o passaporte do treinador. ""Cabe às autoridades brasileiras verificar fraudes como esta, porque a Fifa e a
CBF não são polícia."
No e-mail, apesar de apoio às
CPIs, a Fifa deixa claro, como havia dito à ""Época", que não aceitará interferência do Congresso
brasileiro em sua área de atuação.
""Não tem sentido fazerem uma
investigação sobre a Copa do
Mundo da França no Brasil. Como não tem sentido o Congresso
discutir mudanças nas regras do
futebol. São atribuições da Fifa e
da International Board (comitê
que decide as regras do jogo)."
Além de Blatter, a CPI do Futebol confirmou que irá convocar
Renata Alves, ex-assessora de Luxemburgo. Ela irá depor no dia 9.
Próximo Texto: Futebol: Para time do Corinthians, ano 2000 é página virada Índice
|