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FUTEBOL
A seleção de Leão
TOSTÃO
COLUNISTA DA FOLHA
Ronaldinho é a principal
ausência da primeira lista de
convocados do técnico Leão. Como todo jovem, ele tem alternado
bons e maus momentos, ainda
não é um craque, mas já mostrou
talento para permanecer no time
principal. Resta saber se ainda estaria de castigo por não ter brilhado na Olimpíada. Estranho.
As grandes novidades foram
Adriano e Mineiro. A princípio,
achei prematura a convocação do
jogador do Flamengo, mas depois
compreendi a ousadia do técnico.
É preciso descobrir um excepcional centroavante, caso Ronaldo,
da Inter de Milão, e Romário, do
Vasco, não atuem na Copa.
Adriano é uma esperança.
Ele é diferente de todos os outros centroavantes. É forte, alto,
cabeceia e finaliza bem e ainda
sabe jogar como pivô, preparando
as jogadas. Vale a pena investir
no jogador.
Mineiro, da Ponte Preta, é um
bom volante, pode brilhar na seleção, mas não justifica a ausência
do Ricardinho, melhor jogador
do Cruzeiro.
Gostei da ausência de muitos
jogadores estrangeiros que vinham sendo convocados por Luxemburgo, como Evanílson, Zé
Roberto, Flávio Conceição, Marcos Assunção, Sávio, Élber, Amoroso e outros. Nessa lista, incluiria
o César Sampaio na função de volante, porque gostaria de vê-lo na
posição de zagueiro.
Emerson, Roberto e Antônio
Carlos, que não foram convocados, têm futebol para retornar.
Contudo terão de resolver os problemas de contusão (Emerson),
além de terem de tirar a máscara
(Roberto e Antônio Carlos). Um
leitor, com razão, disse-me que isso seria impossível: "Só existe um
Roberto Carlos: o mascarado.
Não existe outro".
O grande problema nas convocações da seleção brasileira é o
número de bons jogadores com a
mesma qualidade em quase todas
as posições. Cada um tem sua
preferência. Vamos aguardar e
respeitar a escolha do treinador.
Assim como aconteceu com Luxemburgo, Leão receberá críticas
e elogios nesse espaço, segundo a
minha visão sobre o futebol e o
comportamento do técnico na direção da equipe. Não sou contra
nem a favor dos dois treinadores.
Tento analisar o fato. Nada mais
que isso.
Dos sete ou oito times praticamente classificados para a segunda fase da Copa João Havelange,
somente Cruzeiro, São Paulo e
Vasco eram favoritos. O fato confirma que o bom futebol espalhou-se pelo Brasil há muito tempo. Muitos, porém, ainda não
perceberam.
Os jogadores dos tradicionais
clubes brasileiros, principalmente
os do Rio e de São Paulo, são mais
famosos, ganham mais, mas nem
sempre são os melhores. Isso explica a estranheza de alguns nomes -Bosco e Mineiro- na seleção brasileira. Outros "desconhecidos" poderiam ser chamados.
Quando uma equipe de centros
menos valorizados ganha no Rio
e em São Paulo, a vitória ainda é
recebida com surpresa, o que não
deveria acontecer.
Cruzeiro, Fluminense e São
Paulo já estão classificados. Felipão mostra novamente que é o
melhor e mais ousado técnico do
futebol brasileiro. Desde a época
do Grêmio, suas equipes pressionam e fazem vários gols. Muitos
confundem a dura marcação do
time com a violência.
O Fluminense, como o Cruzeiro,
saiu da mesmice tática. A equipe
não tem um centroavante fixo,
mas joga com dois velozes atacantes (Magno Alves e Roni), partindo em diagonal, na direção do
gol. Isso confunde o adversário.
O São Paulo é outra boa equipe.
Levir Culpi, contudo, continua refém dos volantes Alexandre e
Maldonado, estáticos, lentos e
atuando em linha. Isso já era.
A Copa João Havelange vai melhorar na segunda fase, mas não
vai empolgar. O momento é das
CPIs. Paralela a elas, a Fundação
Getúlio Vargas, por solicitação da
CBF, prepara uma detalhada
proposta de estruturação do futebol brasileiro. Portanto, ainda há
esperanças de que o futebol brasileiro tome jeito. Tomara!
Hoje, o Cruzeiro novamente enfrenta o Palmeiras pela Mercosul.
Em Ipatinga, o time jogou nitidamente para empatar e enfrentar o
Verdão nas quartas-de-final.
Agora, tem a obrigação de eliminar seu rival, já que escolheu o
adversário mais fraco. A descrença do Cruzeiro na capacidade do
Palmeiras poderá estimular o time paulista.
Não agradou, mas muitos entenderam a postura do técnico e
dos jogadores do Cruzeiro naquele jogo. Outros fariam o mesmo. É
uma realidade.
Por outro lado, os torcedores
presentes no estádio, em Ipatinga,
vaiaram e sentiram-se desrespeitados com o desinteresse do Cruzeiro em vencer. Por esse e outros
fatores é que o futebol está tão desacreditado no Brasil.
Essa é outra realidade.
E-mail
tostao.folha@uol.com.br
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