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MOTOR
O sonho americano
JOSÉ HENRIQUE MARIANTE
EDITOR-ADJUNTO DE ESPORTE
Uma pista perto de Nova
York, corridas emocionantes, acidentes fatais, uma torcida
ensandecida e apaixonada. Por
quase duas décadas, a América
teve um grande e polêmico palco
para a F-1, que se chamava Watkins Glen, um nome sonoro que
povoa o imaginário daqueles que
acompanharam o esporte em algum ponto entre os anos 60 e 70.
"The Glen", como era chamado,
foi um circuito difícil para a F-1.
No meio do nada, não tinha hotéis e serviços, os carros eram estacionados em cocheiras, os fãs bebiam tudo o que podiam em fins
de semana de pura confusão.
Na virada dos 80, a corrida acabou. A categoria se achava por
demais organizada para aventuras interioranas. Já corria na ensolarada Long Beach, foi ainda
para Las Vegas, Detroit, Dallas e
Phoenix -por vários anos, os
EUA tiveram duas corridas.
Dez anos depois, o país acabou
para a F-1. O público minguou, os
patrocinadores sumiram, os poucos pilotos americanos se foram.
A categoria era um sucesso no Japão, estava em outros continentes. Quem precisa da América?
O mundo precisa. É o maior
mercado consumidor do planeta.
E, se os barões da F-1, por algum
motivo, um dia abriram mão disso, agora se voltam a ele com os
chapéus na mão. Por força da crise e por força dos patrocinadores.
Tudo começou por Indianápolis. Tony George teve um delírio,
fez uma cirurgia na pista da mamãe e conseguiu que boa parte
dos patrocinadores que transitavam entre o automobilismo americano e o europeu se comprometesse com o evento. Deu certo.
O passo seguinte foi dado pela
austríaca Red Bull, que resolveu
investir em um ainda incipiente
programa de formação de pilotos
americanos para unir o melhor
de seus dois mundos. Outras
ações semelhantes se seguiram.
Na última delas, a poderosa
BMW anunciou que sua categoria de formação, já disputada em
vários países, passará a ter uma
versão americana em breve com o
claro objetivo de encontrar um
herói local. É só o que falta.
Se a F-1 não tolera o esquema
de rodeio que empurra a popular
Nascar, é necessário achar algo
mais apetitoso que um alemão
desconhecido ou o distante glamour europeu para atrair gente
comum às arquibancadas.
É necessário, como aprendemos
na marra nesses últimos anos por
aqui, um cidadão que fale a língua da imprensa local, que ocupe
as primeiras páginas do jornal e
que, principal, venda o evento.
Villeneuve poderia ter sido essa
solução. Mas, avesso ao marketing, não emplacou e até por isso
perdeu a vaga na BAR -pode
terminar a carreira como piloto
de testes, triste fim para quem
tem o seu sobrenome. Pelo menos
o canadense foi campeão, diferentemente de outros abacaxis,
fabricados por política ou conveniência, como Michael Andretti.
Ocorre que, desta vez, os responsáveis pelo negócio não estão
lá para justificar salário, muito
menos para fazer política. Entraram nessa para ganhar dinheiro.
E quem encontrar primeiro essa
mina de ouro em forma de moleque vai, com certeza, fazer mais,
ganhar mais, lucrar mais.
Agenda
Não é só a F-1 que vai mudar de estação. O GP Brasil de moto, que
normalmente acontece em setembro, está marcado para 31 de julho.
Duelo
Marc Gené foi confirmado como piloto de testes da Williams em
2004. O time, como de costume, terá um quarto carro, que, dizem, já
está sendo disputado a tapa por Antonio Pizzonia e Nelsinho Piquet.
Almoço
Felipe Massa se encontra com jornalistas na próxima semana em tradicional restaurante paulistano. Sinal dos tempos, o piloto é da Sauber, mas quem convida é a Ferrari. Ao lado de Massa, estará Nicolas
Todt, filho de Jean e, dizem, dono de seu contrato desde a F-3000.
E-mail mariante@uol.com.br
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