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São Paulo, sábado, 01 de novembro de 2003

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MOTOR

O sonho americano

JOSÉ HENRIQUE MARIANTE
EDITOR-ADJUNTO DE ESPORTE

Uma pista perto de Nova York, corridas emocionantes, acidentes fatais, uma torcida ensandecida e apaixonada. Por quase duas décadas, a América teve um grande e polêmico palco para a F-1, que se chamava Watkins Glen, um nome sonoro que povoa o imaginário daqueles que acompanharam o esporte em algum ponto entre os anos 60 e 70.
"The Glen", como era chamado, foi um circuito difícil para a F-1. No meio do nada, não tinha hotéis e serviços, os carros eram estacionados em cocheiras, os fãs bebiam tudo o que podiam em fins de semana de pura confusão.
Na virada dos 80, a corrida acabou. A categoria se achava por demais organizada para aventuras interioranas. Já corria na ensolarada Long Beach, foi ainda para Las Vegas, Detroit, Dallas e Phoenix -por vários anos, os EUA tiveram duas corridas.
Dez anos depois, o país acabou para a F-1. O público minguou, os patrocinadores sumiram, os poucos pilotos americanos se foram. A categoria era um sucesso no Japão, estava em outros continentes. Quem precisa da América?
O mundo precisa. É o maior mercado consumidor do planeta. E, se os barões da F-1, por algum motivo, um dia abriram mão disso, agora se voltam a ele com os chapéus na mão. Por força da crise e por força dos patrocinadores.
Tudo começou por Indianápolis. Tony George teve um delírio, fez uma cirurgia na pista da mamãe e conseguiu que boa parte dos patrocinadores que transitavam entre o automobilismo americano e o europeu se comprometesse com o evento. Deu certo.
O passo seguinte foi dado pela austríaca Red Bull, que resolveu investir em um ainda incipiente programa de formação de pilotos americanos para unir o melhor de seus dois mundos. Outras ações semelhantes se seguiram.
Na última delas, a poderosa BMW anunciou que sua categoria de formação, já disputada em vários países, passará a ter uma versão americana em breve com o claro objetivo de encontrar um herói local. É só o que falta.
Se a F-1 não tolera o esquema de rodeio que empurra a popular Nascar, é necessário achar algo mais apetitoso que um alemão desconhecido ou o distante glamour europeu para atrair gente comum às arquibancadas.
É necessário, como aprendemos na marra nesses últimos anos por aqui, um cidadão que fale a língua da imprensa local, que ocupe as primeiras páginas do jornal e que, principal, venda o evento.
Villeneuve poderia ter sido essa solução. Mas, avesso ao marketing, não emplacou e até por isso perdeu a vaga na BAR -pode terminar a carreira como piloto de testes, triste fim para quem tem o seu sobrenome. Pelo menos o canadense foi campeão, diferentemente de outros abacaxis, fabricados por política ou conveniência, como Michael Andretti.
Ocorre que, desta vez, os responsáveis pelo negócio não estão lá para justificar salário, muito menos para fazer política. Entraram nessa para ganhar dinheiro.
E quem encontrar primeiro essa mina de ouro em forma de moleque vai, com certeza, fazer mais, ganhar mais, lucrar mais.

Agenda
Não é só a F-1 que vai mudar de estação. O GP Brasil de moto, que normalmente acontece em setembro, está marcado para 31 de julho.

Duelo
Marc Gené foi confirmado como piloto de testes da Williams em 2004. O time, como de costume, terá um quarto carro, que, dizem, já está sendo disputado a tapa por Antonio Pizzonia e Nelsinho Piquet.

Almoço
Felipe Massa se encontra com jornalistas na próxima semana em tradicional restaurante paulistano. Sinal dos tempos, o piloto é da Sauber, mas quem convida é a Ferrari. Ao lado de Massa, estará Nicolas Todt, filho de Jean e, dizem, dono de seu contrato desde a F-3000.

E-mail mariante@uol.com.br


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