UOL


São Paulo, sábado, 01 de novembro de 2003

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

FUTEBOL

Só para atrapalhar

JOSÉ GERALDO COUTO
COLUNISTA DA FOLHA

O Corinthians enfrenta o Santos motivado pela chance de atrapalhar o rival na perseguição ao Cruzeiro e ao título. Quando você não tem nada, não tem nada a perder, já dizia Bob Dylan em "Like a Rolling Stone".
É só essa circunstância que pode dar algum equilíbrio e imprevisibilidade ao clássico de amanhã, já que o Santos hoje é amplamente superior ao Corinthians.
Tendo caído fora da Copa Sul-Americana, restou ao Santos apostar todas as fichas no Brasileirão -e só uma vitória contra o rival alvinegro poderá mantê-lo no páreo. O provável desfalque de Renato preocupa, pois ele tem sido o ponto de equilíbrio do talentoso e instável elenco santista.
Para esquentar ainda mais o clássico, há um episódio de bastidores: a tentativa velada da direção corintiana de trazer para o Parque São Jorge o treinador santista Emerson Leão. Resta saber se Leão está tão cansado do Santos a ponto de trocar o certo pelo duvidoso. Antes de tomar uma decisão, deveria conversar com Geninho e Júnior para saber o tamanho da encrenca.
O líder Cruzeiro, por sua vez, busca longe de sua torcida três pontos preciosos e a recuperação da confiança abalada. E contra um adversário perigoso, o Fortaleza, que luta para escapar da zona de rebaixamento. São dois jogos para encher os estádios.
 
Por falar em Cruzeiro, vários de seus torcedores me acusaram nesta semana de bairrismo e de predileção pelo Santos, só porque apontei na última coluna um fato objetivo, comprovável pelos números: a queda de produção do time mineiro e a ascensão do Santos nas últimas rodadas.
Repito o que já disse outras vezes: não sou santista nem cruzeirense. Gosto de ver bom futebol, qualquer que seja a cor da camisa. Por isso, admiro tanto o Cruzeiro como o Santos.
O Cruzeiro foi o melhor time ao longo do campeonato, como prova a sua campanha, que superou cabalmente o Santos nos dois confrontos diretos entre os dois clubes. Se for campeão, como é provável, o será com fartos méritos. Mas o futebol é um terreno movediço. Nele, quem fica parado é poste, como diria o Zé Simão.
O Cruzeiro, a meu ver, já estava acostumado com a idéia de ser campeão. Uma série de circunstâncias -entre elas algumas contusões, uma expulsão e a falta de sorte (bolas na trave, por exemplo)- conduziram a alguns tropeços e ao susto de perceber que o campeonato ainda não havia terminado. Foi esse susto, acho, que levou alguns cruzeirenses a ficarem tão bravos comigo.
 
A boa notícia da semana foi a garantia da CBF de que o Brasileirão de 2004 continuará sendo por pontos corridos, além da promessa de que serão rebaixados quatro clubes por ano até ficarem apenas 20 na Série A, em 2006.
Se não houver mais nenhuma mudança de rumo, o bom senso terá prevalecido, uma vez na vida, entre nossos dirigentes.

Série B
Diálogo entre torcedores preocupados com a moralização do futebol brasileiro. Torcedor A: "Quero que o Palmeiras e o Botafogo não consigam voltar à Série A, pois assim a Segundona sairá valorizada". Torcedor B: "Quero que os dois subam para mostrar a outros grandes eventualmente rebaixados que vale a pena brigar em campo, em vez de virar a mesa". Se você não torce por nenhum dos quatro finalistas, responda: "Com qual dos dois torcedores você concorda?".

Inércia de Parreira
A convocação dos "estrangeiros" para os próximos jogos da seleção comprova o que já sabíamos: Parreira só mexe nos seus escolhidos em caso de contusão. Fora isso, pode chover canivete que ele não muda.

E-mail jgcouto@uol.com.br


Texto Anterior: Motor - José Henrique Mariante: O sonho americano
Próximo Texto: Futebol: Telê será cidadão de SP, não do São Paulo
Índice


UOL
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.