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FUTEBOL
Só para atrapalhar
JOSÉ GERALDO COUTO
COLUNISTA DA FOLHA
O Corinthians enfrenta o
Santos motivado pela chance de atrapalhar o rival na perseguição ao Cruzeiro e ao título.
Quando você não tem nada, não
tem nada a perder, já dizia Bob
Dylan em "Like a Rolling Stone".
É só essa circunstância que pode
dar algum equilíbrio e imprevisibilidade ao clássico de amanhã,
já que o Santos hoje é amplamente superior ao Corinthians.
Tendo caído fora da Copa Sul-Americana, restou ao Santos
apostar todas as fichas no Brasileirão -e só uma vitória contra o
rival alvinegro poderá mantê-lo
no páreo. O provável desfalque de
Renato preocupa, pois ele tem sido o ponto de equilíbrio do talentoso e instável elenco santista.
Para esquentar ainda mais o
clássico, há um episódio de bastidores: a tentativa velada da direção corintiana de trazer para o
Parque São Jorge o treinador santista Emerson Leão. Resta saber
se Leão está tão cansado do Santos a ponto de trocar o certo pelo
duvidoso. Antes de tomar uma
decisão, deveria conversar com
Geninho e Júnior para saber o tamanho da encrenca.
O líder Cruzeiro, por sua vez,
busca longe de sua torcida três
pontos preciosos e a recuperação
da confiança abalada. E contra
um adversário perigoso, o Fortaleza, que luta para escapar da zona de rebaixamento. São dois jogos para encher os estádios.
Por falar em Cruzeiro, vários de
seus torcedores me acusaram nesta semana de bairrismo e de predileção pelo Santos, só porque
apontei na última coluna um fato
objetivo, comprovável pelos números: a queda de produção do time mineiro e a ascensão do Santos nas últimas rodadas.
Repito o que já disse outras vezes: não sou santista nem cruzeirense. Gosto de ver bom futebol,
qualquer que seja a cor da camisa. Por isso, admiro tanto o Cruzeiro como o Santos.
O Cruzeiro foi o melhor time ao
longo do campeonato, como prova a sua campanha, que superou
cabalmente o Santos nos dois
confrontos diretos entre os dois
clubes. Se for campeão, como é
provável, o será com fartos méritos. Mas o futebol é um terreno
movediço. Nele, quem fica parado
é poste, como diria o Zé Simão.
O Cruzeiro, a meu ver, já estava
acostumado com a idéia de ser
campeão. Uma série de circunstâncias -entre elas algumas contusões, uma expulsão e a falta de
sorte (bolas na trave, por exemplo)- conduziram a alguns tropeços e ao susto de perceber que o
campeonato ainda não havia terminado. Foi esse susto, acho, que
levou alguns cruzeirenses a ficarem tão bravos comigo.
A boa notícia da semana foi a
garantia da CBF de que o Brasileirão de 2004 continuará sendo
por pontos corridos, além da promessa de que serão rebaixados
quatro clubes por ano até ficarem
apenas 20 na Série A, em 2006.
Se não houver mais nenhuma
mudança de rumo, o bom senso
terá prevalecido, uma vez na vida, entre nossos dirigentes.
Série B
Diálogo entre torcedores preocupados com a moralização do
futebol brasileiro. Torcedor A:
"Quero que o Palmeiras e o Botafogo não consigam voltar à
Série A, pois assim a Segundona sairá valorizada". Torcedor
B: "Quero que os dois subam
para mostrar a outros grandes
eventualmente rebaixados que
vale a pena brigar em campo,
em vez de virar a mesa". Se você
não torce por nenhum dos quatro finalistas, responda: "Com
qual dos dois torcedores você
concorda?".
Inércia de Parreira
A convocação dos "estrangeiros" para os próximos jogos da
seleção comprova o que já sabíamos: Parreira só mexe nos
seus escolhidos em caso de contusão. Fora isso, pode chover
canivete que ele não muda.
E-mail jgcouto@uol.com.br
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