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No segundo turno do Nacional, time abre folga na liderança com sistema tático e elenco alterados e troca emoção por confrontos com poucos gols
Contusão de Roger reforça dupla face do Corinthians
PAULO COBOS
DA REPORTAGEM LOCAL
A perda do lesionado meia Roger é mais um item na transformação corintiana em pleno Campeonato Brasileiro-2005.
Se mantiver a folgada vantagem
que tem hoje e ficar com o título, o
clube fará isso de uma forma bem
diferente da que planejava no início da competição e durante quase todo o primeiro turno.
Elenco, comissão técnica, esquema tático, torcida e forma de
resolver as partidas são hoje diferentes, sendo que algumas dessas
mudanças são radicais.
A começar pela emoção dentro
das quatro linhas. Ao final do primeiro turno, em que também era
líder, o Corinthians protagonizava os confrontos com mais gols
(somando os feitos e os sofridos)
do campeonato (média de quatro
por jogo).
Na segunda metade do Nacional, o time está muito próximo de
ser o recordista da calmaria. Em
14 jogos, aconteceram apenas 39
gols. A média de 2,79 é a terceira
mais baixa do returno, sem contar
as duas partidas que encerrariam
ontem a 35ª rodada -numa delas, o Internacional, caso batesse o
Paysandu em Porto Alegre, encurtaria a vantagem para o líder
para seis pontos.
Não faltam motivos para explicar mudança tão radical. A começar pela forma de jogar. O time
começou o Nacional apostando
no 3-5-2 do argentino Daniel Passarella, que deixava a zaga exposta
-foi com essa tática que o time
levou cinco gols do São Paulo no
primeiro turno, recorde negativo
da equipe na competição.
Márcio Bittencourt chegou e se
mostrou indeciso para montar o
time, apesar dos bons resultados.
Com Antônio Lopes, o Corinthians se definiu pelo 4-4-2 com
dois volante fixos. O resultado é
que o time passou a ter a segunda
melhor defesa do segundo turno,
ao mesmo tempo em que a média
de gols pró caiu mais de 10%.
"Estamos aprendendo a defender, e isso não é vergonha para
ninguém. Não é porque defendemos que não podemos ser ofensivos. O ideal é sermos equilibrados", disse Lopes, em discurso
que não sai da boca de Carlos Alberto Parreira na seleção.
Mas não foi só o esquema que
foi trocado. O time titular corintiano tem peças bem diferentes do
início da temporada.
Algumas foram trocadas por
negociações -os pratas da casa
Anderson e Gil deixaram o time.
A lista dos lesionados, que tem
agora Roger, já estava cheia. Fazem parte dela dois argentinos
-Sebá e Mascherano- e Jô.
Gente que surgiu no meio da
competição, como o lateral
Eduardo, e novos contratados,
como Nilmar, ganharam espaço.
O atacante, aliás, não estava no
planejamento corintiano para este Brasileiro. A diretoria do clube
e a parceira MSI nunca esconderam que a prioridade era trazer
Vágner Love, mas o acordo com o
russo CSKA nunca foi obtido.
"A gente sabe que o time que
começa uma competição nunca é
o mesmo que termina. Mas, independente de quem estiver jogando, temos que dar o máximo", declarou o meia-atacante Carlos Alberto, titular absoluto no começo
do campeonato e que passou a
maior parte do segundo turno no
banco de reservas.
Na era do Brasileiro com pontos
corridos, nenhum campeão sofreu mudanças tão profundas.
Vanderlei Luxemburgo comandou o Cruzeiro durante toda a
campanha vitoriosa do clube em
2003. No ano seguinte, ele assumiu o Santos, que acabou campeão, já com o torneio em andamento, mas antes do final do primeiro turno já havia definido esquema e elenco. Esses dois clubes
terminaram em primeiro lugar no
turno nas edições em que ficaram
com a mais nobre taça nacional.
Colaborou Márvio dos Anjos, da Reportagem Local
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