São Paulo, terça-feira, 01 de novembro de 2005

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No segundo turno do Nacional, time abre folga na liderança com sistema tático e elenco alterados e troca emoção por confrontos com poucos gols

Contusão de Roger reforça dupla face do Corinthians

PAULO COBOS
DA REPORTAGEM LOCAL

A perda do lesionado meia Roger é mais um item na transformação corintiana em pleno Campeonato Brasileiro-2005.
Se mantiver a folgada vantagem que tem hoje e ficar com o título, o clube fará isso de uma forma bem diferente da que planejava no início da competição e durante quase todo o primeiro turno.
Elenco, comissão técnica, esquema tático, torcida e forma de resolver as partidas são hoje diferentes, sendo que algumas dessas mudanças são radicais.
A começar pela emoção dentro das quatro linhas. Ao final do primeiro turno, em que também era líder, o Corinthians protagonizava os confrontos com mais gols (somando os feitos e os sofridos) do campeonato (média de quatro por jogo).
Na segunda metade do Nacional, o time está muito próximo de ser o recordista da calmaria. Em 14 jogos, aconteceram apenas 39 gols. A média de 2,79 é a terceira mais baixa do returno, sem contar as duas partidas que encerrariam ontem a 35ª rodada -numa delas, o Internacional, caso batesse o Paysandu em Porto Alegre, encurtaria a vantagem para o líder para seis pontos.
Não faltam motivos para explicar mudança tão radical. A começar pela forma de jogar. O time começou o Nacional apostando no 3-5-2 do argentino Daniel Passarella, que deixava a zaga exposta -foi com essa tática que o time levou cinco gols do São Paulo no primeiro turno, recorde negativo da equipe na competição.
Márcio Bittencourt chegou e se mostrou indeciso para montar o time, apesar dos bons resultados.
Com Antônio Lopes, o Corinthians se definiu pelo 4-4-2 com dois volante fixos. O resultado é que o time passou a ter a segunda melhor defesa do segundo turno, ao mesmo tempo em que a média de gols pró caiu mais de 10%.
"Estamos aprendendo a defender, e isso não é vergonha para ninguém. Não é porque defendemos que não podemos ser ofensivos. O ideal é sermos equilibrados", disse Lopes, em discurso que não sai da boca de Carlos Alberto Parreira na seleção.
Mas não foi só o esquema que foi trocado. O time titular corintiano tem peças bem diferentes do início da temporada.
Algumas foram trocadas por negociações -os pratas da casa Anderson e Gil deixaram o time.
A lista dos lesionados, que tem agora Roger, já estava cheia. Fazem parte dela dois argentinos -Sebá e Mascherano- e Jô.
Gente que surgiu no meio da competição, como o lateral Eduardo, e novos contratados, como Nilmar, ganharam espaço.
O atacante, aliás, não estava no planejamento corintiano para este Brasileiro. A diretoria do clube e a parceira MSI nunca esconderam que a prioridade era trazer Vágner Love, mas o acordo com o russo CSKA nunca foi obtido.
"A gente sabe que o time que começa uma competição nunca é o mesmo que termina. Mas, independente de quem estiver jogando, temos que dar o máximo", declarou o meia-atacante Carlos Alberto, titular absoluto no começo do campeonato e que passou a maior parte do segundo turno no banco de reservas.
Na era do Brasileiro com pontos corridos, nenhum campeão sofreu mudanças tão profundas.
Vanderlei Luxemburgo comandou o Cruzeiro durante toda a campanha vitoriosa do clube em 2003. No ano seguinte, ele assumiu o Santos, que acabou campeão, já com o torneio em andamento, mas antes do final do primeiro turno já havia definido esquema e elenco. Esses dois clubes terminaram em primeiro lugar no turno nas edições em que ficaram com a mais nobre taça nacional.


Colaborou Márvio dos Anjos, da Reportagem Local

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