São Paulo, Quarta-feira, 01 de Dezembro de 1999


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VÔLEI
Ana Moser, maior destaque da seleção desde 1987, decide se aposentar por causa das dores no joelho
Brasil perde a sua melhor atacante

JOSÉ ALAN DIAS
da Reportagem Local

Não se passaram mais que três minutos, do momento em que entrou numa sala, onde era esperada por jornalistas, até que Ana Moser, a maior atacante do vôlei brasileiro na história, anunciasse sua retirada das quadras.
Ana Moser, 31, titular da seleção desde 1987, disse que abandona a carreira ""por não ter mais a mínima condição de jogar", em decorrência de contusões nos joelhos. Durante a carreira, passou por quatro quatro cirurgias, duas em cada joelho. A primeira delas, aos 16 anos, no esquerdo. A última, e mais delicada, no direito, em janeiro de 1996, na preparação para a Olimpíada de Atlanta.
""O problema agora é o joelho esquerdo. Não adianta mais eu poupar. Ele não reage mais. Eu sinto muita dor", explicou a atacante. ""Sei que, se continuar (jogando), vou quebrar em janeiro."
Duas semanas atrás, participou de sua última competição, a Copa do Mundo, em que o Brasil assegurou vaga nos Jogos de Sydney. Das 11 partidas da seleção, ela esteve presente em 6 -naquele que ficará como o último jogo de sua carreira, contra o Japão, dia 16, assinalou 13 pontos.
A atacante havia estabelecido que a meta era disputar a quarta Olimpíada -fora sexta em Seul-88, quarta em Barcelona-92 e bronze em Atlanta-96. Depois, pararia. Foi demovida da idéia durante a Copa do Mundo.
""Dois meses antes da Copa, só fazia a parte física. Para o primeiro jogo (contra a Croácia ), não treinei dois dias. De um jogo para outro, eu não fazia nada. E isso tomando dois tipos de antiinflamatórios", disse Ana Moser.
""Coloquei a seleção em risco. Avisei o Bernardo (Bernardinho, técnico da equipe) que poderia não dar. Não consigo repetir isso", completou.
Ontem, foi cancelado o contrato que mantinha até abril de 2001 com o BCN, que a contratara seis meses atrás e pelo qual jogou só quatro partidas -o restante do período esteve na seleção. Devido à falta de atletas de nível no mercado, a equipe não poderá se reforçar para a Superliga, que começa amanhã. ""Vamos disputar com o grupo que temos", disse o técnico Sérgio Negrão.
Em 15 anos como profissional, ela atuou em oito equipes. Em duas teve passagens marcantes. Pelo Sadia (88 a 90), em que conquistou três títulos nacionais, jogando ao lado de Fernanda Venturini. Depois, de 93 a 95, pelo Leite Moça, em que junto com Venturini e Ana Paula levaria mais três títulos nacionais.
Foi numa partida do Leites Nestlé, em 22 de dezembro de 95, que sofreu contusão que a levaria à quarta cirurgia. Nos últimos cinco anos, para jogar, recorreu a uma série de métodos, desde cirurgias espirituais, RPG (Reeducação Postural Global), exercícios em piscina e terapia corporal.
""Nos últimos cinco anos, contrariei todas as expectativas, todas as previsões de que não poderia mais jogar. Eu me sinto privilegiada por tudo o que passei, mesmo com as contusões", disse.


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