São Paulo, sexta-feira, 01 de dezembro de 2000

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Luxemburgo recebeu dinheiro de Nike e Traffic

DO ENVIADO A BRASÍLIA

No período em que comandou a seleção, além do salário pago pela Confederação Brasileira de Futebol, Wanderley Luxemburgo declarou ter recebido dinheiro da Nike e da Traffic, a agência que intermediou o contrato da multinacional com a CBF.
Em sua declaração de Imposto de Renda, consta o recebimento de R$ 10.041,38 da Nike do Brasil e de R$ 4.859,26 da Traffic.
Ele não soube explicar os motivos para os pagamentos. ""Deve ter sido alguma palestra", limitou-se a afirmar.
Durante seu depoimento, o técnico fez questão de defender a multinacional, dizendo que ela jamais interferiu em seu trabalho. Usou como exemplo o fato de ter convocado Edmundo, apesar de o atacante ter feito críticas à Nike e à CBF depois da Copa da França.
Ele admitiu, no entanto, que Luís Alexandre, ex-funcionário da Nike, acompanhava a seleção.
""Mas como qualquer um", disse Luxemburgo. ""Fazíamos uma concentração aberta."
Além da relação com a Nike e a CBF, o técnico teve de explicar sua ligação com José Carlos Santiago de Andrade.
Sócio de Luxemburgo, Santiago, como árbitro de futebol, chegou a trabalhar em partidas de times comandados pelo treinador.
""Ele até foi o bandeirinha de um jogo do Corinthians contra o Vitória", afirmou.
""Mas com ele apitando eu só ganhei uma vez", completou, após ter admitido que foi Santiago quem assinou, por procuração, suas declarações de Imposto de Renda de 1996 e 1997.
""Aí vem minha desorganização", disse o técnico, ao justificar o porquê de ter demorado a admitir que foi o árbitro quem assinou sua declaração.
""É lamentável que uma pessoa que se diz tão desorganizada tenha dirigido a seleção. Ele não era preparado para dirigir o Brasil", afirmou Geraldo Althoff, relator da CPI e um dos senadores favoráveis a promover a acareação do técnico com Renata Alves no ano que vem.
Também responsabilizando sua desorganização, Luxemburgo disse que não poderia explicar o porquê de ter recebido um depósito de Mauro Morishita, que ele próprio identificou como sendo o empresário de Arinélson.
O atleta, que era do Iraty, clube presidido por Sérgio Malucelli, sócio de Luxemburgo, foi transferido do Paraná para o Santos por indicação do treinador.
""Eu viajei para o Paraná com o José Paulo Fernandes, que era o diretor do Santos, para convencer o Arinélson a jogar na Vila Belmiro", voltou a dizer Luxemburgo. ""Em nenhum momento recebi qualquer comissão por compra ou venda de jogador."
Para comprovar que Arinélson era um jogador muito importante para o Santos, Luxemburgo disse que acompanhou suas atuações no Campeonato Paranaense e que Pelé, ligado à diretoria santista da época, ligou para o atleta a fim de convencê-lo a se transferir para São Paulo. (JCA)


Texto Anterior: Técnico enviou dinheiro ao exterior, suspeita comissão
Próximo Texto: Painel FC
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.