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FUTEBOL
Cortado da Olimpíada de 88, técnico vai ao ataque para chegar a Atenas
Gomes ousa com a sub-23
para curar trauma de Seul
SÉRGIO RANGEL
DA SUCURSAL DO RIO
Além de colocar a seleção sub-23 nos Jogos Olímpicos de Atenas-2004, o técnico Ricardo Gomes, 39, embarca hoje para o Chile com a missão de apagar uma
frustração na sua carreira: não ter
disputado uma Olimpíada.
Em 1988, o ex-zagueiro foi cortado da seleção às vésperas do
embarque da delegação para a
disputa dos Jogos de Seul, na Coréia do Sul. Os dirigentes do Benfica, de Portugal, não aceitaram liberá-lo para a disputa da competição, na qual o Brasil foi vice.
""Aquilo foi duro. Agora, vou fazer de tudo para estar em Atenas
nos próximos meses", afirmou o
treinador, capitão da seleção na
Copa de 90, que foi cortado da
disputa da Copa de 94 poucos
dias antes do início da competição nos EUA. Ele foi obrigado a
deixar o grupo que seria tetra por
causa de uma contusão.
Em entrevista exclusiva concedida à Folha, Gomes também explica os motivos que o levaram a
escalar um time ousado para o
Pré-Olímpico, afirma que o torneio no Chile será mais difícil do
que o dos Jogos na Grécia e garante que vai levar os três jogadores
com idade acima de 23 anos para
a Olimpíada. Leia a seguir os principais trechos da entrevista:
Folha - Além da missão profissional, a Olimpíada tem um significado especial para você?
Ricardo Gomes - Claro. Em 1988,
fiquei de fora dos Jogos de Seul
por determinação do Benfica, clube pelo qual jogava. Foi uma frustração muito grande na minha
carreira. Eu e o Valdo [jogador do
Botafogo] tivemos que obedecer
o nosso clube e ficar de fora. Foi
muito chato. Por isso, disputar a
Olimpíada de Atenas será especial
para a minha carreira.
Folha - Apesar de você não ter
conseguido todos os atletas que
queria, o time é forte e experiente
[nove atletas já conquistaram o
Brasileiro]. A seleção é favorita?
Gomes - Não. As competições
sul-americanas são muito complicadas. Para se ter idéia, a seleção principal só foi conseguir a
vaga para a Copa de 2002 no último jogo das eliminatórias. A rivalidade no continente é muito
grande. O jogo aqui é disputado a
cada centímetro. Na Europa, isso
já não acontece. A diversidade
técnica lá é bem maior.
Folha - Então, você acredita que a
Olimpíada será mais fácil do que o
Pré-Olímpico?
Gomes - Com certeza. Lá, vamos
ter adversários de todo o mundo,
de algumas regiões onde o futebol
não é tão forte.
Folha - Apesar dos poucos treinos
e jogos, você está surpreendendo
por escalar um time ofensivo, com
três atacantes...
Gomes - Não tem ousadia. As caraterísticas desse grupo me levam
a armar o time assim. Apesar de
contar com quase quatro atacantes [o meia Diego também chega
no ataque], a equipe está equilibrada. Os atacantes voltam para
ajudar na marcação. Com a bola
nos pés, todos têm que atacar
mesmo. Será assim.
Folha - Se o Brasil conquistar a
vaga olímpica, você vai convocar os
três atletas com mais de 23 anos?
Gomes - Vou utilizar sempre o
melhor. Não posso abrir mão desses três atletas. Além disso, já sei
que o Ronaldo, o Ronaldinho, o
Rivaldo, o Dida, o Marcos, o Roberto Carlos e o Gilberto Silva, entre outros, já manifestaram vontade de jogar na Grécia. É bom saber disso. Problema seria se tivesse que comandar uma seleção de
um país sem bons jogadores.
Folha - O Parreira e o Zagallo já
disseram que não vão ao Chile.
Mesmo de longe, eles terão interferência no seu trabalho?
Gomes - Sempre trocamos muitas informações sobre as seleções
[Ele já foi espião da seleção principal nas eliminatórias]. Mas, no
Chile, não tem nada acertado.
Vou ter autonomia total. Vou fazer o meu trabalho apenas com a
minha equipe. Quando fui convocado [pela CBF] para comandar o
time, era para ser assim. Agora,
não será diferente.
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