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boca-de-urna
Eleições em arqui-rivais têm traição e comilança
Cartolas de Corinthians e Palmeiras promovem orgias gastronômicas por votos
Parque São Jorge terá cem novos conselheiros; Parque Antarctica terá presidente
entre Affonso Della Monica e ex-diretor Roberto Frizzo
RICARDO PERRONE
DO PAINEL FC
EDUARDO ARRUDA
PAULO GALDIERI
DA REPORTAGEM LOCAL
Rivais históricos, Corinthians e Palmeiras seguem roteiros iguais às vésperas de suas
eleições. Dos dois lados, o enredo tem traição, trocas de sopapos e a tentativa de conquistar
os eleitores pelo estômago.
Os corintianos elegem cem
conselheiros em 14 de janeiro.
O time do Parque Antarctica
escolhe seu presidente entre o
atual, Affonso della Monica, e o
opositor, Roberto Frizzo, uma
semana depois.
No último fim de semana antes das festas de final de ano, o
restaurante principal do Parque São Jorge levou prejuízo
por causa da guerra eleitoral.
No sábado, a oposição serviu
um porco no rolete. Oficialmente, era uma festa do departamento de tênis. Mas o presidente Alberto Dualib fez até
discurso. Os sócios, que são os
eleitores, saíram de barriga
cheia, estufando a camiseta da
chapa de Dualib, entregue lá.
No dia seguinte, veio o contra-ataque da oposição, comandada por Andrés Sanchez.
Sob o pretexto de comemorar seu aniversário, ele organizou um churrasco que teve até
barracas com comidas típicas,
como acarajé. Seus cabos eleitorais afirmam que foram consumidos 100 kg de camarão.
"O pessoal exagera. Não foi
tanto assim, foram 60 kg de camarão. Até quem estava na piscina saiu para participar."
No Palmeiras, a comilança é
organizada por Mustafá Contursi, que apóia Roberto Frizzo
como candidato à presidência
pela oposição. O ex-presidente
faz suas reuniões políticas em
restaurantes e pizzarias tradicionais. Mesmos locais em que
costuma receber a imprensa.
Tem convidado até alguns opositores para jantar.
No Parque São Jorge, os encontros gastronômicos são tensos. Minutos antes do churrasco da diretoria, uma discussão
assustou alguns conselheiros.
Um associado, ligado à situção,
foi armado tirar satisfações
com um opositor, dentro do
clube. Acabaram separados por
membros dos dois grupos.
Uma das discussões mais ríspidas no Parque Antarctica
aconteceu minutos antes de
uma reunião do Conselho Deliberativo. Com dedo em riste, o
conselheiro Mauro Marques,
entre outras coisas, acusava Affonso Della Monica de ter mentido para ele ao afirmar que não
haveria mudanças na diretoria
de futebol antes da eleição.
Constrangido, o presidente
palmeirense dizia ter se tratado
apenas de uma brincadeira.
A discussão, porém, esteve
longe de chegar à troca de tapas, como fizeram dois conselheiros com mais de 70 anos.
Já no Corinthians, Edgar
Soares, vice da área social, agrediu o sócio Rolando Wohlers, o
Ciborg, ferrenho opositor.
Nos dois clubes, os eleitores
terão uma certa dificuldade para identificar se alguns candidatos são da oposição ou da situação por causa de recentes
trocas de lado. A mais emblemática é a de Frizzo, que deixou
a vice-presidência administrativa para se candidatar contra
Della Monica. O cartola rejeita
o rótulo de traidor.
""Não há como negar que a
chapa deles nasceu de uma traição", diz o vice José Cyrillo Jr.
Entre os corintianos, o grupo
de Sanchez, ex-diretor de futebol, andava de braços dados
com Nesi Curi, da situação.
Edgar Soares, articulador da
chapa de Dualib, passou recentemente por constrangimento
numa reunião do Conselho ao
ouvir sobre o seu passado político no clube.
O conselheiro Manoel Evangelista, o Mané da Carne, outro
que deixou a situação, leu artigo escrito por Soares, nos tempos em que era opositor. Sobravam críticas ao presidente.
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