São Paulo, terça-feira, 02 de janeiro de 2007

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boca-de-urna

Eleições em arqui-rivais têm traição e comilança

Cartolas de Corinthians e Palmeiras promovem orgias gastronômicas por votos

Parque São Jorge terá cem novos conselheiros; Parque Antarctica terá presidente entre Affonso Della Monica e ex-diretor Roberto Frizzo


RICARDO PERRONE
DO PAINEL FC

EDUARDO ARRUDA
PAULO GALDIERI

DA REPORTAGEM LOCAL

Rivais históricos, Corinthians e Palmeiras seguem roteiros iguais às vésperas de suas eleições. Dos dois lados, o enredo tem traição, trocas de sopapos e a tentativa de conquistar os eleitores pelo estômago.
Os corintianos elegem cem conselheiros em 14 de janeiro. O time do Parque Antarctica escolhe seu presidente entre o atual, Affonso della Monica, e o opositor, Roberto Frizzo, uma semana depois.
No último fim de semana antes das festas de final de ano, o restaurante principal do Parque São Jorge levou prejuízo por causa da guerra eleitoral.
No sábado, a oposição serviu um porco no rolete. Oficialmente, era uma festa do departamento de tênis. Mas o presidente Alberto Dualib fez até discurso. Os sócios, que são os eleitores, saíram de barriga cheia, estufando a camiseta da chapa de Dualib, entregue lá.
No dia seguinte, veio o contra-ataque da oposição, comandada por Andrés Sanchez.
Sob o pretexto de comemorar seu aniversário, ele organizou um churrasco que teve até barracas com comidas típicas, como acarajé. Seus cabos eleitorais afirmam que foram consumidos 100 kg de camarão.
"O pessoal exagera. Não foi tanto assim, foram 60 kg de camarão. Até quem estava na piscina saiu para participar."
No Palmeiras, a comilança é organizada por Mustafá Contursi, que apóia Roberto Frizzo como candidato à presidência pela oposição. O ex-presidente faz suas reuniões políticas em restaurantes e pizzarias tradicionais. Mesmos locais em que costuma receber a imprensa. Tem convidado até alguns opositores para jantar.
No Parque São Jorge, os encontros gastronômicos são tensos. Minutos antes do churrasco da diretoria, uma discussão assustou alguns conselheiros. Um associado, ligado à situção, foi armado tirar satisfações com um opositor, dentro do clube. Acabaram separados por membros dos dois grupos.
Uma das discussões mais ríspidas no Parque Antarctica aconteceu minutos antes de uma reunião do Conselho Deliberativo. Com dedo em riste, o conselheiro Mauro Marques, entre outras coisas, acusava Affonso Della Monica de ter mentido para ele ao afirmar que não haveria mudanças na diretoria de futebol antes da eleição. Constrangido, o presidente palmeirense dizia ter se tratado apenas de uma brincadeira.
A discussão, porém, esteve longe de chegar à troca de tapas, como fizeram dois conselheiros com mais de 70 anos.
Já no Corinthians, Edgar Soares, vice da área social, agrediu o sócio Rolando Wohlers, o Ciborg, ferrenho opositor.
Nos dois clubes, os eleitores terão uma certa dificuldade para identificar se alguns candidatos são da oposição ou da situação por causa de recentes trocas de lado. A mais emblemática é a de Frizzo, que deixou a vice-presidência administrativa para se candidatar contra Della Monica. O cartola rejeita o rótulo de traidor.
""Não há como negar que a chapa deles nasceu de uma traição", diz o vice José Cyrillo Jr.
Entre os corintianos, o grupo de Sanchez, ex-diretor de futebol, andava de braços dados com Nesi Curi, da situação.
Edgar Soares, articulador da chapa de Dualib, passou recentemente por constrangimento numa reunião do Conselho ao ouvir sobre o seu passado político no clube.
O conselheiro Manoel Evangelista, o Mané da Carne, outro que deixou a situação, leu artigo escrito por Soares, nos tempos em que era opositor. Sobravam críticas ao presidente.


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