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TÊNIS
Ganhar ou ganhar
THALES DE MENEZES
Para os fãs brasileiros, o foco das
atenções agora é Florianópolis. O
confronto contra os franceses pelo
Grupo Mundial da Davis é muito
mais do que uma revanche contra
a equipe que eliminou o Brasil da
disputa no ano passado. Há mais
coisa em jogo.
Sim, o sabor de uma desforra é
embriagante, mas a posição brasileira exige uma postura bem concentrada dos atletas. Porque,
queiram ou não nossos raqueteiros, o Brasil vive uma temporada
em busca de afirmação.
É importante tentar observar a
equipe nacional com os olhos dos
analistas estrangeiros. O Brasil
atravessou boa parte da década
de 90 como um time difícil de ser
batido na Davis quando jogava
em seus domínios, pelas circunstâncias de alguns confrontos.
A Alemanha jogou à beira da
praia, com um sol de rachar coquinho. Boris Becker e seus colegas ficaram mais preocupados em
não morrer de insolação do que
em vencer seus jogos. Outras estrelas internacionais tiveram a experiência quase metafísica de jogar
com aquele nefasto corneteiro importado da torcida de vôlei soprando seu instrumento de tortura a plenos pulmões.
O Brasil ficou com tanta fama
de país do futebol transportado
para as quadras de tênis que houve até quem tentasse capitalizar
em cima da aura de bagunceiros
dos torcedores brazucas, como a
Áustria de Thomas Muster, que
jogou mal em São Paulo e inventou ameaças inexistentes vindas
da arquibancada.
Depois, a partir de 97, o fenômeno Gustavo Kuerten surgiu e elevou o Brasil a uma categoria superior no cenário tenístico mundial, aquela das equipes das estrelas solitárias. Ele faz aqui o mesmo papel de Ievguêni Kafelnikov
na equipe russa, ou seja, leva o time nas costas.
Contra a Espanha, no ano passado, Kuerten demoliu qualquer
vestígio do favoritismo inegável
da esquadra espanhola, batendo
as principais estrelas do país sem
perder nenhum set. Depois, contra
a França, Kuerten parou diante
de um inspirado Pioline, provando que depender de apenas uma
peça às vezes é fatal.
A verdade é que, três anos depois de instaurada a "Gugamania", o Brasil ainda não mostrou
outras estrelas de brilho próprio
surgidas no vácuo de Kuerten. Assim, fica intimada a turma de Meligeni, Costa, Oncins e amigos a
dar sua parcela de pontos nesse
confronto.
O Brasil jogará perto da praia
(de novo), com a torcida barulhenta (de novo) e com a expectativa de dois pontos ganhos por
Kuerten (de novo). É fundamental passar pela França, mesmo
com seus "mosqueteiros" em boa
forma, porque disputar a maldita
repescagem não é o desempenho
ideal para um país em busca de
seu lugar definitivo no cenário
global do esporte.
Boas campanhas na Davis são
um empurrão nessa tão aguardada leva de novos "Gugas". Não é
hora de vacilar.
É ganhar ou ganhar.
NOTAS
O campeão
Não há mais nada a dizer sobre Andre Agassi. Seu único
ponto fraco de outrora, o saque
pouco agressivo, foi um canhão certeiro e cruel diante de
Sampras e Kafelnikov na Austrália. Seu sexto título de Grand
Slam é justíssimo e reforça a
expectativa sobre os futuros
confrontos entre ele e Sampras
nesta temporada. Partidas que
merecem ingresso com valor
dobrado. Sem dúvida, o melhor tênis do planeta.
A campeã
Lindsay Davenport foi arrasadora. Por pouco, mas muito
pouco, não fechou a final contra Martina Hingis em um duplo 6/1 humilhante. Com 5/1
no segundo set, relaxou e permitiu o único bom momento
de Hingis no jogo, cedendo o
empate antes de fechar em 7/5
e levar a taça. A cada partida
diante de Hingis, Davenport
parece achar o caminho da vitória com mais facilidade. Está
com pinta de número um.
E-mail thalesmenezes@uol.com.br
Thales de Menezes escreve às quartas
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