São Paulo, Quarta-feira, 02 de Fevereiro de 2000


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TÊNIS
Ganhar ou ganhar

THALES DE MENEZES

Para os fãs brasileiros, o foco das atenções agora é Florianópolis. O confronto contra os franceses pelo Grupo Mundial da Davis é muito mais do que uma revanche contra a equipe que eliminou o Brasil da disputa no ano passado. Há mais coisa em jogo.
Sim, o sabor de uma desforra é embriagante, mas a posição brasileira exige uma postura bem concentrada dos atletas. Porque, queiram ou não nossos raqueteiros, o Brasil vive uma temporada em busca de afirmação.
É importante tentar observar a equipe nacional com os olhos dos analistas estrangeiros. O Brasil atravessou boa parte da década de 90 como um time difícil de ser batido na Davis quando jogava em seus domínios, pelas circunstâncias de alguns confrontos.
A Alemanha jogou à beira da praia, com um sol de rachar coquinho. Boris Becker e seus colegas ficaram mais preocupados em não morrer de insolação do que em vencer seus jogos. Outras estrelas internacionais tiveram a experiência quase metafísica de jogar com aquele nefasto corneteiro importado da torcida de vôlei soprando seu instrumento de tortura a plenos pulmões.
O Brasil ficou com tanta fama de país do futebol transportado para as quadras de tênis que houve até quem tentasse capitalizar em cima da aura de bagunceiros dos torcedores brazucas, como a Áustria de Thomas Muster, que jogou mal em São Paulo e inventou ameaças inexistentes vindas da arquibancada.
Depois, a partir de 97, o fenômeno Gustavo Kuerten surgiu e elevou o Brasil a uma categoria superior no cenário tenístico mundial, aquela das equipes das estrelas solitárias. Ele faz aqui o mesmo papel de Ievguêni Kafelnikov na equipe russa, ou seja, leva o time nas costas.
Contra a Espanha, no ano passado, Kuerten demoliu qualquer vestígio do favoritismo inegável da esquadra espanhola, batendo as principais estrelas do país sem perder nenhum set. Depois, contra a França, Kuerten parou diante de um inspirado Pioline, provando que depender de apenas uma peça às vezes é fatal.
A verdade é que, três anos depois de instaurada a "Gugamania", o Brasil ainda não mostrou outras estrelas de brilho próprio surgidas no vácuo de Kuerten. Assim, fica intimada a turma de Meligeni, Costa, Oncins e amigos a dar sua parcela de pontos nesse confronto.
O Brasil jogará perto da praia (de novo), com a torcida barulhenta (de novo) e com a expectativa de dois pontos ganhos por Kuerten (de novo). É fundamental passar pela França, mesmo com seus "mosqueteiros" em boa forma, porque disputar a maldita repescagem não é o desempenho ideal para um país em busca de seu lugar definitivo no cenário global do esporte.
Boas campanhas na Davis são um empurrão nessa tão aguardada leva de novos "Gugas". Não é hora de vacilar.
É ganhar ou ganhar.

NOTAS

O campeão
Não há mais nada a dizer sobre Andre Agassi. Seu único ponto fraco de outrora, o saque pouco agressivo, foi um canhão certeiro e cruel diante de Sampras e Kafelnikov na Austrália. Seu sexto título de Grand Slam é justíssimo e reforça a expectativa sobre os futuros confrontos entre ele e Sampras nesta temporada. Partidas que merecem ingresso com valor dobrado. Sem dúvida, o melhor tênis do planeta.

A campeã
Lindsay Davenport foi arrasadora. Por pouco, mas muito pouco, não fechou a final contra Martina Hingis em um duplo 6/1 humilhante. Com 5/1 no segundo set, relaxou e permitiu o único bom momento de Hingis no jogo, cedendo o empate antes de fechar em 7/5 e levar a taça. A cada partida diante de Hingis, Davenport parece achar o caminho da vitória com mais facilidade. Está com pinta de número um.

E-mail thalesmenezes@uol.com.br


Thales de Menezes escreve às quartas

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