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FUTEBOL
Da depressão à euforia
TOSTÃO
O Brasil foi espetacular contra a
Colômbia. Luxemburgo atendeu
à voz do povo, mudou a tática e
colocou os melhores em campo.
Athirson, Lucas e Edu deram
mais talento e ofensividade ao time. Hoje, o técnico pode voltar ao
esquema anterior. Na derrota para o México na final da Copa das
Confederações, Luxemburgo cometeu o mesmo erro ao escalar
três volantes (Flávio Conceição,
Vampeta e Émerson).
Por outro lado, uma das grandes qualidades do técnico é planejar, treinar muito e bem suas
equipes. Os times que dirige mostram com o tempo eficiência e
criatividade. Esse fato aumenta as
esperanças de a seleção continuar
em ascensão. O treinador bombeiro, malandro, de tiro curto, sem
capacidade, comum no futebol
brasileiro, precisa acabar.
A excepcional atuação do Brasil
contra a Colômbia foi facilitada
pela esquizofrênica equipe adversária, que goleou o Equador, empatou com a fraca Venezuela, goleou o Chile e levou uma tremenda surra do Brasil. O futebol colombiano é completamente doido,
sem vergonha e inconfiável.
Hoje, o Brasil enfrenta a forte e
ao mesmo tempo decepcionante
Argentina. O rival tem dúvidas
parecidas com as do anfitrião.
Seus dois melhores jogadores, Riquelme (estava machucado) e Aimar, atuam na ligação do meio-campo com o ataque. Se o técnico
argentino colocá-los juntos, melhora o ataque e piora a marcação. A atuação de Athirson assustou Pekerman, que provavelmente vai reforçar a marcação no lateral. Talvez, coloque Aimar mais
adiantado e retire um atacante.
Essa é a dificuldade de Luxemburgo em escalar Alex e Ronaldinho como meias. O treinador resolveu o problema ao colocar Edu
no lugar de um volante. Edu defende e ataca, e o jogador do Grêmio gosta e atua melhor próximo
à área adversária. A entrada de
Warley e o recuo do Ronaldinho
podem ser uma ótima opção durante a partida, assim como a presença dos três volantes.
Os jogadores do Brasil não eram
porcarias nem ficaram maravilhosos após a goleada sobre a Colômbia. Não se pode passar da depressão á euforia.
Neste início de temporada, o técnico Édson Cegonha, substituto
provisório de Oswaldo de Oliveira, colocou o Corinthians para jogar com três zagueiros e dois alas.
Carpegiani, no Flamengo, recuou
o volante Leandro para atuar
quase como um terceiro zagueiro.
Provavelmente, após as derrotas, serão criticados e voltarão ao
esquema tradicional do país, com
dois zagueiros e dois laterais. Não
é o sistema tático o principal responsável por vitórias e derrotas.
Muito mais importante é a qualidade dos atletas, o preparo físico e
emocional, a vontade etc.
Existe um conceito errado de
que a equipe que atua com três
zagueiros é mais defensiva. Se os
alas são apoiadores, permanecem
atrás somente três zagueiros, enquanto no esquema brasileiro são
quatro, já que a principal função
do lateral é a marcação.
A vantagem de jogar com os três
zagueiros é pressionar o adversário e substituir um zagueiro por
um armador ou atacante. Assim,
a equipe fica mais ofensiva. Em
caso de contra-ataque, a equipe
terá um zagueiro na sobra, se o
adversário jogar com dois atacantes. Caso os zagueiros joguem recuados, e os alas se comportem como marcadores, a equipe terá cinco zagueiros. O time fica muito
defensivo, como o Corinthians na
partida contra o Vasco.
O grande problema de jogar
com dois zagueiros e dois laterais
é o avanço simultâneo dos últimos. Não dá tempo para os volantes fazer a cobertura. Recuar um
volante para ser um terceiro zagueiro no momento da jogada, como fez Carpegiani, é diferente de
atuar com três zagueiros. A zaga
vê o atacante e a bola de frente,
enquanto o volante tem que correr para trás e para o lado, para
fazer a cobertura.
Portanto, o time que atua no
ataque e pressiona o adversário
deveria jogar com três zagueiros e
dois alas. Para atuar no contra-ataque, é melhor jogar no esquema brasileiro. Frequentemente, os
técnicos fazem o contrário.
O São Paulo é o melhor time do
Torneio Rio-São Paulo. Desde o
ano passado, a equipe tem bons
jogadores no meio-campo e no
ataque. O grande problema era a
defesa. Levir Culpi, ótimo técnico,
organizado e sério, quer dar ao time o equilíbrio que não tinha.
O França está a cada dia melhor. Ele, que está contundido,
não só faz gols, mas também é inteligente, veloz e habilidoso. A
presença do experiente Evair a
seu lado poderá ser a alavanca e a
consciência que França precisava
para se firmar como um dos grandes atacantes do Brasil.
E-mail tostao.folha@uol.com.br
Tostão escreve às quartas e aos domingos
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