São Paulo, Quarta-feira, 02 de Fevereiro de 2000


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FUTEBOL
Da depressão à euforia

TOSTÃO

O Brasil foi espetacular contra a Colômbia. Luxemburgo atendeu à voz do povo, mudou a tática e colocou os melhores em campo. Athirson, Lucas e Edu deram mais talento e ofensividade ao time. Hoje, o técnico pode voltar ao esquema anterior. Na derrota para o México na final da Copa das Confederações, Luxemburgo cometeu o mesmo erro ao escalar três volantes (Flávio Conceição, Vampeta e Émerson).
Por outro lado, uma das grandes qualidades do técnico é planejar, treinar muito e bem suas equipes. Os times que dirige mostram com o tempo eficiência e criatividade. Esse fato aumenta as esperanças de a seleção continuar em ascensão. O treinador bombeiro, malandro, de tiro curto, sem capacidade, comum no futebol brasileiro, precisa acabar.
A excepcional atuação do Brasil contra a Colômbia foi facilitada pela esquizofrênica equipe adversária, que goleou o Equador, empatou com a fraca Venezuela, goleou o Chile e levou uma tremenda surra do Brasil. O futebol colombiano é completamente doido, sem vergonha e inconfiável.
Hoje, o Brasil enfrenta a forte e ao mesmo tempo decepcionante Argentina. O rival tem dúvidas parecidas com as do anfitrião. Seus dois melhores jogadores, Riquelme (estava machucado) e Aimar, atuam na ligação do meio-campo com o ataque. Se o técnico argentino colocá-los juntos, melhora o ataque e piora a marcação. A atuação de Athirson assustou Pekerman, que provavelmente vai reforçar a marcação no lateral. Talvez, coloque Aimar mais adiantado e retire um atacante.
Essa é a dificuldade de Luxemburgo em escalar Alex e Ronaldinho como meias. O treinador resolveu o problema ao colocar Edu no lugar de um volante. Edu defende e ataca, e o jogador do Grêmio gosta e atua melhor próximo à área adversária. A entrada de Warley e o recuo do Ronaldinho podem ser uma ótima opção durante a partida, assim como a presença dos três volantes.
Os jogadores do Brasil não eram porcarias nem ficaram maravilhosos após a goleada sobre a Colômbia. Não se pode passar da depressão á euforia.
  Neste início de temporada, o técnico Édson Cegonha, substituto provisório de Oswaldo de Oliveira, colocou o Corinthians para jogar com três zagueiros e dois alas. Carpegiani, no Flamengo, recuou o volante Leandro para atuar quase como um terceiro zagueiro.
Provavelmente, após as derrotas, serão criticados e voltarão ao esquema tradicional do país, com dois zagueiros e dois laterais. Não é o sistema tático o principal responsável por vitórias e derrotas. Muito mais importante é a qualidade dos atletas, o preparo físico e emocional, a vontade etc.
Existe um conceito errado de que a equipe que atua com três zagueiros é mais defensiva. Se os alas são apoiadores, permanecem atrás somente três zagueiros, enquanto no esquema brasileiro são quatro, já que a principal função do lateral é a marcação.
A vantagem de jogar com os três zagueiros é pressionar o adversário e substituir um zagueiro por um armador ou atacante. Assim, a equipe fica mais ofensiva. Em caso de contra-ataque, a equipe terá um zagueiro na sobra, se o adversário jogar com dois atacantes. Caso os zagueiros joguem recuados, e os alas se comportem como marcadores, a equipe terá cinco zagueiros. O time fica muito defensivo, como o Corinthians na partida contra o Vasco.
O grande problema de jogar com dois zagueiros e dois laterais é o avanço simultâneo dos últimos. Não dá tempo para os volantes fazer a cobertura. Recuar um volante para ser um terceiro zagueiro no momento da jogada, como fez Carpegiani, é diferente de atuar com três zagueiros. A zaga vê o atacante e a bola de frente, enquanto o volante tem que correr para trás e para o lado, para fazer a cobertura.
Portanto, o time que atua no ataque e pressiona o adversário deveria jogar com três zagueiros e dois alas. Para atuar no contra-ataque, é melhor jogar no esquema brasileiro. Frequentemente, os técnicos fazem o contrário.
  O São Paulo é o melhor time do Torneio Rio-São Paulo. Desde o ano passado, a equipe tem bons jogadores no meio-campo e no ataque. O grande problema era a defesa. Levir Culpi, ótimo técnico, organizado e sério, quer dar ao time o equilíbrio que não tinha.
O França está a cada dia melhor. Ele, que está contundido, não só faz gols, mas também é inteligente, veloz e habilidoso. A presença do experiente Evair a seu lado poderá ser a alavanca e a consciência que França precisava para se firmar como um dos grandes atacantes do Brasil.

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Tostão escreve às quartas e aos domingos

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