São Paulo, sábado, 02 de fevereiro de 2008

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Por Pequim, ginástica perde Copa

Pela 1ª vez em quatro anos, país não irá abrigar torneio do circuito mundial

Mesmo com dificuldade orçamentária, Rio, que bancaria evento, estudaria o projeto; CBG atribui perda ao calendário apertado


CRISTIANO CIPRIANO POMBO
LUÍS FERRARI
DA REPORTAGEM LOCAL

Pela primeira vez em quatro anos, o Brasil não irá abrigar um dos grandes eventos do circuito internacional de ginástica artística. E é por opção.
Isso porque a CBG (Confederação Brasileira de Ginástica) abriu mão de realizar uma etapa da Copa do Mundo no país, mesmo tendo o compromisso da Prefeitura do Rio de Janeiro que bancaria o evento.
"Foi escolha nossa. Preferimos abrir mão da Copa para preparar as ginastas para a Olimpíada de Pequim. O calendário estava apertado demais", afirma Eliane Martins, supervisora de seleções da CBG.
Até os Jogos Olímpicos ocorrerão cinco etapas da Copa do Mundo, sendo três na Europa, uma no Oriente Médio e outra na Ásia -o Brasil enviará atletas a pelo menos quatro delas.
A promessa de trazer o evento para o país fora feita pelo prefeito do Rio, Cesar Maia (DEM), às vésperas do Pan. "Está bancado", bradou o político à época, após Eliane pedir-lhe ajuda para realizar a Copa.
Para organizar uma etapa do circuito mundial da FIG, como em 2004 (Rio), 2005 (São Paulo) e 2006 (São Paulo) -em 2007, o país abrigou o torneio do Pan-, é preciso investimento de cerca de R$ 600 mil, que vão de prêmios até gastos com antidoping e hospedagens.
Após a Prefeitura do Rio ter começado 2008 com menos verba em caixa -perda de cerca de 35% em relação ao início de 2007-, Cesar Maia também recuou, não exibindo mais tanto ímpeto para bancar o evento.
"Mesmo não havendo previsão, o projeto [se for] apresentado será analisado", disse ele por e-mail. Neste mês, o Rio havia anunciado que receberia jogos da Copa Davis de tênis, mas, após não conseguir levantar a cifra de R$ 500 mil, perdeu o torneio para Sorocaba.
A Copa do Mundo de ginástica, ao lado do Mundial, é o evento em que o Brasil tem consolidado sua ascensão internacional e onde ostenta maior número de medalhas.
Atletas e treinadores endossam a decisão da CBG. "Etapa no Brasil tinha que ser no começo do ano, quando ninguém está 100% preparado, ou no final do primeiro semestre, quando nenhum estrangeiro viria para cá, pegar fuso horário e correr risco de se machucar perto da Olimpíada. Então foi acertada a decisão", afirma o técnico Renato Araújo, do Flamengo e da seleção masculina.
A CBG até cogitava contatar a Prefeitura do Rio para abrigar em dezembro a finalíssima da Copa, que ocorre a cada dois anos. Mas a federação internacional não esperou a proposta do país e pôs Madri como sede.


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