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COPA 2006
Por patrocinador, seleção congela o futebol a -17° C
Gol acidental de Ronaldo assegura vitória por 1 a 0 sobre a Rússia, em amistoso que pouco ajudou preparação do time, encerrou testes antes da convocação e valeu R$ 3,2 mi à AmBev
PAULO COBOS
ENVIADO ESPECIAL A MOSCOU
Pés e mãos congelaram, e a seleção fez ontem uma das partidas
mais frias da era Carlos Alberto
Parreira na vitória sobre a Rússia,
por 1 a 0, no estádio Lokomotiv,
em Moscou. Nunca o time nacional havia jogado com uma temperatura tão baixa -os termômetros variaram entre -10C e -17°C.
Com luvas, camisas térmicas e
proteção para o pescoço, o Brasil
só marcou em um gol meio sem
querer de Ronaldo. O time, segundo o Datafolha, finalizou só
dez vezes, ou sete a menos do que
o habitual com Parreira.
E a sensação foi a de que o jogo
só valeu para atender a interesses
comerciais. O time estava sem
quatro titulares, jogou o segundo
tempo esfacelado e encontrou rival e clima que não vão se repetir
na Copa da Alemanha.
Até o próprio treinador decretou a nulidade do amistoso para o
conceito dos jogadores. "Ninguém vai ser convocado ou deixado de fora pelo que aconteceu
nesse jogo", prometeu Parreira.
Negociado pela AmBev (por
força do contrato com a CBF),
que passou recentemente a comercializar uma de suas cervejas
na Rússia e recebeu cerca de R$
3,2 milhões pela partida, o jogo de
ontem ainda aconteceu em um
estádio com gramado precário
(lama era uma coisa comum) e
muitos lugares vazios -os organizadores haviam dito na véspera
que todos os ingressos para o confronto estavam vendidos.
O gélido ambiente causou cenas
raras. Reservas e comissão técnica
ficaram no banco, tomado por
uma grossa camada de gelo, protegidos por cobertores. Alguns
dos integrantes do estafe brasileiro se impressionavam com a temperatura apontada por termômetros digitais, que são pouco precisos e chegaram a apontar quase
-30°C. As cadeiras das arquibancadas também tinham gelo. Jogadores substituídos, como Ronaldo, preferiram ir para o vestiário a
ficar o resto da partida com os
companheiros no banco.
Ao final do duelo em Moscou,
funcionários da CBF apressavam
Parreira e os jogadores nas entrevistas coletivas para que o grupo
voltasse logo ao hotel.
Depois de passar dias defendendo o acerto do amistoso, o próprio Parreira reconheceu que o
ambiente não era bom para se jogar futebol -nem o Campeonato
Russo tem jogos marcados para
esta época do ano. "O clima e o
gramado atrapalharam bastante",
disse o treinador, que fez seis
substituições no segundo tempo e
viu seu time ficar ainda pior.
Nos primeiros 45 minutos, o
Brasil, que estreava nova camisa,
foi pouco ameaçado e contou
com a sorte para marcar.
Aos 15min, Roberto Carlos deu
um chute pouco pretensioso da
intermediária, a bola desviou no
corpo de Ronaldo, que tentou sair
da trajetória da bola, e enganou o
goleiro Akinfeev. "Acho que o gol
foi meu, a bola bateu em mim. Tenho certeza de que o Roberto Carlos não vai se importar com isso",
disse Ronaldo após a partida.
Foi apenas o terceiro tento do
atacante em 2006 -Adriano, seu
companheiro de ataque e de má
fase, novamente ficou em branco.
Na segunda metade do jogo, a
Rússia criou várias chances, principalmente depois que Roberto
Carlos saiu para a entrada de Gustavo Nery, que deixava muito espaço para os contra-ataques pelo
lado esquerdo. Foi a vez de Rogério salvar a seleção.
O goleiro, que vinha sendo preterido das convocações, fez três
defesas difíceis e assegurou o 1 a 0
para o time brasileiro, que no final
teve um gol anulado -a arbitragem assinalou impedimento.
O time só volta a se reunir agora
para os treinos visando a Copa
-primeiro, na cidade suíça de
Weggis e, depois, na Alemanha. A
convocação será em 15 de maio.
Antes da estréia no Mundial,
contra a Croácia, no dia 13 de junho, em Berlim, o time faz dois
amistosos. Um será contra a Nova
Zelândia. O outro ainda não tem
adversário definido pela CBF.
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