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Derrota tricolor pode se tornar uma vitória
ALBERTO HELENA JR.
da Equipe de Articulistas
De um lado, o tricolor amargurado consola-se com a certeza de que seu time perdeu por
dois gols de bola parada e um
outro em claro impedimento.
De outro, o feliz botafoguense
rejubila-se: não interessa
-metemos 3 a 2 na casa do
inimigo e ainda por cima sem
Bebeto, abatido por uma feijoada de hotel na véspera.
Todos estão certos em relação ao resultado da primeira
decisão do Rio-São Paulo, um
jogo tão emocionante e bonito
que até o derrotado saiu vitorioso de campo. Isso porque,
mais uma vez, o resultado é
que está errado. A bem da justiça, deveria estar estampado:
São Paulo 4, Bota 2, pois coube
ao tricolor o domínio da bola,
dos espaços e da criação de
tantas chances de gol, que os
dois obtidos foram um pecado.
Sobretudo pelo que fez no segundo tempo, até tomar o empate. Só para se ter uma idéia,
logo na sequência da virada de
2 a 1 sobre o Botafogo, o São
Paulo meteu uma bola no pé
da trave esquerda de Wágner
que, por certo, selaria o destino do jogo. Pois era um momento em que os cariocas estavam desarticulados em campo.
Mas esse Bota de Gilson Nunes é fogo e ferro, posto que,
mesmo pressionado pela torcida reaprumou-se e deu o troco:
3 a 2, em duas faltas bem cobradas por Sérgio Manoel e
Jorge Luís, mas que contaram
com o auxílio do goleiro Rogério -na primeira, foi atrasado na bola, com o braço errado
esticado, e acabou dentro do
gol; no segundo, desatento,
nem esboçou defesa.
Foi uma vitória arrancada
do fundo da alma alvinegra,
mas foi também a soma de pequenos e poucos erros cometidos pelo adversário ao longo
da partida, embora decisivos.
Já ao São Paulo de Nelsinho
resta uma vaga esperança de
reverter a situação lá no Maracanã. Mas sobra a certeza de
que o técnico está no caminho
certo, ao armar seu time com
apenas um cabeça-de-área
(Gallo), ao lado do meia Carlos Miguel, que, além de fechar
bem o setor, deu espaço para a
presença de um outro meia,
destro (Reinaldo ou Adriano)
no meio-campo, que, a partir
daí, ganhou um toque de bola
mais refinado. Como resultado, o time todo ganha fluência
no passe, velocidade na saída
de bola da defesa para o ataque e força ofensiva.
Eis, portanto, uma derrota
que, se bem administrada pelo
técnico tricolor, vale como
uma vitória.
É incompreensível a falta de
sintonia entre a torcida tricolor e seu maior jogador, Denílson. Menino criado lá mesmo
no CCT da Barra Funda, que,
num fulminante desempenho,
arrebatou a vaga de titular da
seleção, disputada por quatro
ou cinco celebridades internacionais, continua sendo vaiado, a cada rara jogada errada.
Qualquer torcedor de outro
clube beijaria o chão por onde
Denílson deixa a marca de
seus dribles desconcertantes. O
são-paulino vaia.
É um desses casos únicos em
que a cena deveria ser invertida: aquela multidão de cabeças-de-bagre tentando controlar a bola no campo entupido,
e Denílson, sozinho, na arquibancada, vaiando a vaia perna-de-pau, até arrebentar.
Alberto Helena Jr. escreve aos domingos, segundas e quartas
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