|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
NATAÇÃO
Nadador russo volta à piscina no Mundial de Moscou após mais de um ano afastado e diz que vai aos Jogos de Atenas
Em casa, Popov põe longevidade à prova
EDUARDO OHATA
GUILHERME ROSEGUINI
DA REPORTAGEM LOCAL
De facadas nos pulmões a medo
de água, Alexander Popov superou vários percalços para construir uma das mais sólidas e premiadas carreiras da natação.
A partir de amanhã, porém,
quando retorna às competições
após um ano e sete meses no 6º
Mundial de piscina curta, em
Moscou, o russo inicia o que deve
ser o principal desafio à sua longevidade nas piscinas: provar que,
aos 30 anos, tem fôlego para
acompanhar a nova geração e
chegar a Atenas em condições de
brigar por um lugar no pódio.
"Comecei a ganhar destaque em
1991, no Campeonato Europeu e
no Mundial de Perth (AUS), e
quero chegar nadando bem até
Atenas. Para isso, terei que passar
por competições como esta, em
meu país natal. Quero fechar um
ciclo em 2004 e encerrar a carreira", afirmou Popov à Folha.
A tarefa pode parecer complexa,
dada a qualidade da geração de
Ian Thorpe e Pieter Van den Hoogenband, mas a palavra impossível nunca se aplicou aos resultados de Popov nas piscinas.
Conhecido como "Míssil Russo", o nadador foi imbatível nos
50 m e nos 100 m livre, provas
mais nobres da modalidade, entre
1991 e 1998. Conquistou o bicampeonato olímpico em Barcelona-1992 e Atlanta-1996 e ainda é o recordista mundial dos 100 m livre
em piscina curta (46s74) e dos 50
m livre em piscina longa (21s64).
Além do currículo recheado de
triunfos, Popov resolveu aderir às
novas tecnologias que antes desprezava para se manter no topo.
Ao contrário do que havia afirmado durante a Olimpíada de
Sydney, o russo estará nadando
em Moscou, pela primeira vez,
com o fast skin, maiô baseado na
pele do tubarão que reduz o atrito
e a turbulência ao redor do corpo.
"O fast skin é um avanço tecnológico, mas que não traz grandes
ganhos físicos. Mesmo assim, estarei utilizando-o em Moscou.
Não aquele inteiro, que cobre todo o corpo, mas o que preenche
apenas a região das pernas", disse
o atleta, que começou a nadar aos
oito anos, após seu pai literalmente empurrá-lo para a piscina, já
que ele tinha medo de água.
A capital russa, aliás, não deve
trazer boas lembranças para Popov, que mora e treina em Canberra, na Austrália, desde 1993.
No dia 24 de agosto de 1996,
após os Jogos de Atlanta, o russo
estava voltando de uma festa de
aniversário quando alguns amigos iniciaram uma discussão com
um vendedor de melancias. Na
briga que sucedeu o bate-boca,
Popov levou facadas que atingiram o estômago e os pulmões e foi
submetido a uma cirurgia de três
horas em um hospital da cidade.
Contrariando todas as expectativas, o russo voltou a treinar em
novembro do mesmo ano. Venceu o Campeonato Europeu de
1997 e foi campeão no Mundial de
Perth (AUS), disputado em 1998.
O trágico incidente, porém, não
diminuiu o ânimo de Popov para
competir em seu país.
"Eu represento a Rússia. Se eu
não competisse neste Mundial,
estaria cometendo um erro. Infelizmente, não tenho muitas oportunidades de nadar no meu país.
Mas sempre que posso considero
uma honra. Sei o que represento
para o povo russo", afirmou.
Casado com a nadadora Daria
Shmeleyva e pai de Vladimir, Popov irá reencontrar um antigo rival brasileiro: Gustavo Borges.
"Nós temos uma longa lista de
competições juntos. É bom vê-lo
nadando tão bem", disse o russo.
Questionado sobre a validade
do retorno de Popov às piscinas e
do desejo de seguir até Atenas-2004, Borges foi enfático: "Quando alguém some por muito tempo, ou pára logo ou volta muito
bem. Acho que o Popov ainda vai
dar muitos resultados bons".
Texto Anterior: Futebol: Para jogo de volta contra Bahia, Lusa faz promoção Próximo Texto: O personagem: Russo "absolve" Scherer e diz que pára em 2004 Índice
|