São Paulo, sexta-feira, 02 de abril de 2004

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BOXE

Cinturão com prazo de validade

EDUARDO OHATA
DA REPORTAGEM LOCAL

Kelson Pinto desperdiçou a chance de disputar o título interino dos meio-médios-ligeiros (até 63,5 kg) da OMB no sábado.
Não digo que Kelson, o primeiro do ranking da OMB, não disputará mais um título, trata-se só de um comentário sobre a natureza do cinturão pelo qual ele pegaria Ricky Hatton, quinto pela OMB.
O caso é que quando Kelson "Fera" se recuperar da virose que sua equipe alega ter sido o motivo de sua desistência e tiver recuperado condições para subir ao ringue novamente, o título interino provavelmente não existirá mais.
Por que faço esta afirmação?
É que o título interino é perecível, só existe enquanto o campeão regular não tem condições de defender seu título, por contusões ou por ter assumido compromissos.
Ou seja, Kelson, 27, disputaria contra Hatton o direito de ser o campeão estepe, ou substituto.
Quando, e se, o campeão regular voltar a defender seu cinturão de meio-médio-ligeiro, o vencedor de Kelson x Hatton automaticamente teria o direito de desafiá-lo para definir um único campeão. Seria mais ou menos a unificação de um mesmo cinturão.
Mas esse título interino está fadado a desaparecer. É que o campeão regular da categoria, o americano Zab Judah, disputa o cinturão unificado dos meio-médios (até 66,6 kg) no outro sábado contra o compatriota Cory Spinks.
Se ganhar, Judah deve permanecer entre os meio-médios ou subir ainda mais de peso, deixando vago o título regular dos meio-médios-ligeiros da OMB. Caso sofra uma derrota, Judah retorna aos meio-médios-ligeiros para reclamar seu cinturão da OMB.
Conforme o presidente da OMB, Francisco "Paco" Valcarcel, indicou a esta coluna, a entidade não vai sancionar Hatton x Dennis Holbaek na Inglaterra amanhã pelo cinturão interino.
Assim, se Judah retornar à categoria, não vai encontrar um campeão interino -e tampouco existirá uma razão para haver um.
Ou seja, caso Kelson volte a ganhar oportunidade para disputar um cinturão, não deve ser por um interino, mas por um regular.
Curiosamente, o treinador de Kelson, o baiano Luís Carlos Dórea, também enfrentou problemas para explicar um cinturão que ganhou durante a época em que lutava, na década de 80.
Tratava-se do título internacional do CMB, que no Brasil foi batizado de "título mundial júnior".
Dórea achava difícil transmitir o conceito. "Eu explicava, explicava, mas as pessoas não entendiam", reconhece o treinador.
Para simplificar, segundo definição do próprio CMB, qualquer pugilista ranqueado entre os 30 melhores pode lutar pelo título internacional, um cinturão que carrega mais peso do que outros cinturões regionais do CMB.
Entre os privilégios do campeão internacional, está o direito de desafiar pelo título do CMB sem passar por avaliação do comitê executivo da entidade (como acontece com quem está ranqueado entre o 16º e o 30º posto).
Na prática, o título internacional é como uma colocação entre os 15 primeiros do CMB. Mas é mesmo confuso, um resultado da multiplicidade de cinturões...

Brasil 1
Popó está bastante confiante de que fechará o contrato com a rede de TV a cabo HBO. Diz que sua próxima luta será no dia 19 de junho e transmitida pela emissora. Porém fontes ligadas à Showtime afirmam que por enquanto a rede não está totalmente fora do cenário.

Brasil 2
Os campeões da 62ª edição da tradicional Forja de Campeões que terminou esta semana: Raimundo Bonfim (mosca-ligeiro), Sergio Gregorio (mosca), Willian da Silva (galo), Marcos José Silva (pena), Paulo Danilo (leve), Marcos Santos Filho (meio-médio-ligeiro), Karim Aun (meio-médio), Juan Nogueira (médio), Fernando Gonçalves (meio-pesado), Anderson da Silva (peso-pesado) e Jeferson Silva (superpesado). A academia campeã do campeonato foi a Kid Jofre.

E-mail eohata@folhasp.com.br


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