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HIPISMO
País alega mudança de critérios, vence disputa contra federação e conquista classificação para sua equipe de saltos
No tribunal, Brasil ganha vaga em Atenas
ADALBERTO LEISTER FILHO
DA REPORTAGEM LOCAL
No tribunal, o Brasil conquistou
ontem o direito de enviar sua
equipe de saltos aos Jogos de Atenas. A Corte de Arbitragem do Esporte, em Lausanne (Suíça), deu
parecer favorável ao país, que tentará obter uma medalha olímpica
pela terceira vez consecutiva.
O time nacional foi bronze nos
Jogos de Atlanta-96 e Sydney-00.
Com a decisão, a CBH (Confederação Brasileira de Hipismo) se
livra de um pepino político. Segundo o ginete Álvaro Affonso de
Miranda Neto, o Doda, as vagas
em Atenas seriam dele e de Bernardo Rezende, que haviam obtido, no último Pan-Americano, a
classificação olímpica para a disputa individual. O problema é
que, aí, a CBH teria de abrir mão
do melhor ginete do país, Rodrigo
Pessoa, quarto lugar no ranking
da federação internacional.
A controvérsia começara nos
Jogos de Santo Domingo-03,
quando o Brasil levou o bronze,
mas perdeu a terceira vaga da
América para a Argentina, quarta.
EUA e México serão os outros representantes do continente.
Pelo critério do Pan, eram contados os resultados de três dos
quatro conjuntos de cada time. O
pior desempenho era descartado.
Já a FEI (Federação Eqüestre Internacional) considerou a soma
do desempenho de todos os cavaleiros. Com isso, a Argentina levou a melhor sobre o Brasil.
A regra para Atenas fora aprovada em 2002, na Assembléia Geral da FEI. Ela dizia que seriam
aproveitados os "melhores resultados", prevendo o descarte da
pior performance de cada conjunto entre três percursos. No ano
passado, porém, a entidade publicou uma nota explicando o critério e fixando o fim do descarte.
"A nota alterava o que fora firmado em 2002 e enviado ao COI
para aprovação. Como não havíamos sido atingidos por ela, esperamos", contou Camillo Ashcar
Júnior, presidente da CBH.
Com o revés no Pan, a entidade
entrou com recurso na FEI, que
negou a vaga olímpica ao Brasil. O
caso foi então para a corte de arbitragem, tribunal criado pelo COI
julgar demandas como essa.
"Lutamos por um direito nosso", disse Ashcar Júnior, que confessou estar "aliviado" com a vitória. "Agora haverá espaço para todos os nossos cavaleiros."
O fim do problema para o Brasil
representa o início de outro para a
Argentina. Segundo a sentença da
corte de arbitragem, a CBH
"preenchia as condições exigidas
pelo sistema de qualificação editado pela FEI". Acontece que não
há referência, em momento algum, ao vizinho sul-americano.
A Argentina corre o risco de ser
excluída da Olimpíada. Para não
enfrentar outra ação, a FEI terá
que pedir uma autorização especial ao COI para incluir uma equipe a mais no torneio na Grécia.
"Tenho certeza de que a Argentina não ficará fora. A federação
não nos comunicou nada sobre
esse assunto", afirmou, surpreso,
Gregório Werthein, presidente da
Federação Eqüestre da Argentina,
ao ser informado pela Folha da
decisão favorável ao Brasil.
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