São Paulo, sexta-feira, 02 de abril de 2004

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HIPISMO

País alega mudança de critérios, vence disputa contra federação e conquista classificação para sua equipe de saltos

No tribunal, Brasil ganha vaga em Atenas

ADALBERTO LEISTER FILHO
DA REPORTAGEM LOCAL

No tribunal, o Brasil conquistou ontem o direito de enviar sua equipe de saltos aos Jogos de Atenas. A Corte de Arbitragem do Esporte, em Lausanne (Suíça), deu parecer favorável ao país, que tentará obter uma medalha olímpica pela terceira vez consecutiva.
O time nacional foi bronze nos Jogos de Atlanta-96 e Sydney-00.
Com a decisão, a CBH (Confederação Brasileira de Hipismo) se livra de um pepino político. Segundo o ginete Álvaro Affonso de Miranda Neto, o Doda, as vagas em Atenas seriam dele e de Bernardo Rezende, que haviam obtido, no último Pan-Americano, a classificação olímpica para a disputa individual. O problema é que, aí, a CBH teria de abrir mão do melhor ginete do país, Rodrigo Pessoa, quarto lugar no ranking da federação internacional.
A controvérsia começara nos Jogos de Santo Domingo-03, quando o Brasil levou o bronze, mas perdeu a terceira vaga da América para a Argentina, quarta. EUA e México serão os outros representantes do continente.
Pelo critério do Pan, eram contados os resultados de três dos quatro conjuntos de cada time. O pior desempenho era descartado.
Já a FEI (Federação Eqüestre Internacional) considerou a soma do desempenho de todos os cavaleiros. Com isso, a Argentina levou a melhor sobre o Brasil.
A regra para Atenas fora aprovada em 2002, na Assembléia Geral da FEI. Ela dizia que seriam aproveitados os "melhores resultados", prevendo o descarte da pior performance de cada conjunto entre três percursos. No ano passado, porém, a entidade publicou uma nota explicando o critério e fixando o fim do descarte.
"A nota alterava o que fora firmado em 2002 e enviado ao COI para aprovação. Como não havíamos sido atingidos por ela, esperamos", contou Camillo Ashcar Júnior, presidente da CBH.
Com o revés no Pan, a entidade entrou com recurso na FEI, que negou a vaga olímpica ao Brasil. O caso foi então para a corte de arbitragem, tribunal criado pelo COI julgar demandas como essa.
"Lutamos por um direito nosso", disse Ashcar Júnior, que confessou estar "aliviado" com a vitória. "Agora haverá espaço para todos os nossos cavaleiros."
O fim do problema para o Brasil representa o início de outro para a Argentina. Segundo a sentença da corte de arbitragem, a CBH "preenchia as condições exigidas pelo sistema de qualificação editado pela FEI". Acontece que não há referência, em momento algum, ao vizinho sul-americano.
A Argentina corre o risco de ser excluída da Olimpíada. Para não enfrentar outra ação, a FEI terá que pedir uma autorização especial ao COI para incluir uma equipe a mais no torneio na Grécia.
"Tenho certeza de que a Argentina não ficará fora. A federação não nos comunicou nada sobre esse assunto", afirmou, surpreso, Gregório Werthein, presidente da Federação Eqüestre da Argentina, ao ser informado pela Folha da decisão favorável ao Brasil.


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