São Paulo, domingo, 02 de junho de 2002

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JOSÉ GERALDO COUTO

Será que Scolari é um humorista enrustido?

"Papai Scolari", que todos consideram um homem sisudo e austero, está se revelando um grande gozador.
Ao comentar a derrota francesa diante do Senegal, o treinador disse à TV Globo que, dada a ausência de Zidane, a França sentiu a falta de alguém que trabalhasse a bola e armasse as jogadas no meio de campo.
Só pode ser piada. Afinal, durante os últimos meses, não foram poucos os comentaristas e torcedores que detectaram essa mesma carência na seleção brasileira.
E sugeriram nomes, de acordo com a preferência de cada um: Ricardinho, Djalminha, Juninho Pernambucano, Zinho etc.
Está certo que essa reivindicação foi, de certo modo, abafada pelo ruído ensurdecedor do "lobby" pró-Romário. A falsa polêmica em torno do atacante eclipsou a questão central da armação no meio-campo.
Agora, que estávamos todos conformados com as escolhas de Scolari -e já considerando um lucro a escalação de Juninho no lugar de um volante-, é o próprio técnico que vem nos lembrar de sua mancada básica.
Lances como esse demonstram que a psique de Scolari, que é aparentemente tão rústica e linear, tem desvãos aos quais não tem acesso nossa pobre percepção.
Se chegarmos longe nessa Copa, o treinador se consagrará como gênio incompreendido. Se ficarmos no meio do caminho, poderá tentar a sorte na TV ou no rádio como humorista.

E-mail:
jgcouto@uol.com.br


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