|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
TÊNIS
O mago e o mala
RÉGIS ANDAKU
COLUNISTA DA FOLHA
Todo mundo viu o que Gustavo Kuerten fez no sábado.
Quem não viu leu. Quem não viu
nem leu não sabe o que perdeu.
"Gustavo Kuerten deu uma lição de saibro em Roger Federer.
Nocauteou o número um do
mundo com uma vitória brilhante", ditava um relato da Europa.
Na América, saiu algo como:
"Com o saibro familiar por baixo
e gritos de "Gu-ga" na orelha, Gustavo Kuerten se sentiu em casa.
Alguma coisa no Aberto da França inspira o tricampeão: não importa preparação nem saúde nem
adversário, aparentemente".
Kuerten surpreendeu, fez mágica, brecou o melhor da atualidade; atuou com uma tática inteligente, fez seu rival parecer iniciante. Dominou a partida com
maestria, ousou, usou todo o seu
arsenal de golpes no saibro, levou
a torcida parisiense ao delírio.
"Eu deveria desenhar corações
todas as vezes em que entro na
quadra, por tudo o que este torneio tem me propiciado", disse o
brasileiro. Kuerten saiu da quadra central de Roland Garros em
êxtase. No vestiário, tirou alguns
minutos para ficar sozinho, em silêncio. Rememorou alguns momentos do jogo. Fantástico!
Contra David Nalbandian, a
quem, por completo lapso, classifiquei como canhoto para Paulo
Henrique Amorim no UOL News,
Kuerten pode perder fácil fácil,
em três sets, um 6/1, 6/2 e 6/0, por
exemplo, sem oferecer resistência,
que já terá cumprido seu papel.
Mas, do jeito que este Roland
Garros está, ninguém mais duvida que o garotão pode atropelar
Nalbandian hoje, Lleyton Hewitt
na sexta e aí, no domingo, medir
forças com Guillermo Coria.
Afinal, há alguns dias, quem diria que, mesmo em seu quintal, o
surfista do saibro passaria pelo
melhor tenista da atualidade?
Com um sorrisinho simpático,
um jogo belíssimo, um estilo tranqüilo, Federer conquistou muitos
fãs, além de títulos e uma bela
grana, nos últimos tempos.
Há uns meses, porém, um jornalista inglês me atentou para o
seguinte: esse Federer, que todos
badalam, é um tremendo de um
"mala" convencido. Repare, dizia
o colega: "é sempre ele, ele, ele. Ele
ganha, ele perde, ele vai bem, ele
vai mal, ele isso, ele aquilo".
Federer, educadíssimo e simpático sempre que esta coluna lhe
dirigiu perguntas, tem, sim, uma
tendência a falar dele, e só dele.
Depois da aula de "monsieur
Kuertên", a mesma ladainha.
"EU ainda não tirei conclusões
sobre a MINHA derrota e não sei
explicar por que EU perdi com
tanta facilidade", soltou, ainda
no calor do jogo. "Posso dizer que
não joguei da maneira que EU
posso. Não matei as bolas do jeito
que EU normalmente faço."
Mais calmo, depois, ainda falou
das "condições de jogo": "O saibro
estava leve, talvez por causa do
calor. A bola estava mais rápida
do que nos outros dias".
E, claro, terminou falando dele,
sempre ele. "Realmente não importa o que EU fiz. Agora terminou. O que EU posso fazer?"
Compre uma passagem e vá
embora!
Roland Garros das moças
Nem belgas nem irmãs Williams. Paola Suarez, Elena Dementieva,
Anastasia Myskina e Jennifer Capriati nas semifinais em Roland Garros. É melhor assim?
Conquistas juvenis
Cinco jovens ganharam, além do título da segunda etapa do Circuito
Banco do Brasil de Tênis Juvenil, em Santos, vaga no Masters, que
reúne os melhores do fim do ano. Os campeões: Renzo Barioni, Bruna Cunha (18 anos), Rafael Toledo, Laryssa Ferreira (16), Rodrigo
Traldi, Lara Rafful (14), Tiago Fernandes e Isabela Miró Campos (12).
Urna vazia
E a eleição na CBT, hein?
E-mail randaku@uol.com.br
Texto Anterior: Trinta mil presenciam rachão Próximo Texto: Futebol - Tostão: Não é final de Copa Índice
|