São Paulo, quarta-feira, 02 de junho de 2004

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TÊNIS

O mago e o mala

RÉGIS ANDAKU
COLUNISTA DA FOLHA

Todo mundo viu o que Gustavo Kuerten fez no sábado. Quem não viu leu. Quem não viu nem leu não sabe o que perdeu.
"Gustavo Kuerten deu uma lição de saibro em Roger Federer. Nocauteou o número um do mundo com uma vitória brilhante", ditava um relato da Europa.
Na América, saiu algo como: "Com o saibro familiar por baixo e gritos de "Gu-ga" na orelha, Gustavo Kuerten se sentiu em casa. Alguma coisa no Aberto da França inspira o tricampeão: não importa preparação nem saúde nem adversário, aparentemente".
Kuerten surpreendeu, fez mágica, brecou o melhor da atualidade; atuou com uma tática inteligente, fez seu rival parecer iniciante. Dominou a partida com maestria, ousou, usou todo o seu arsenal de golpes no saibro, levou a torcida parisiense ao delírio.
"Eu deveria desenhar corações todas as vezes em que entro na quadra, por tudo o que este torneio tem me propiciado", disse o brasileiro. Kuerten saiu da quadra central de Roland Garros em êxtase. No vestiário, tirou alguns minutos para ficar sozinho, em silêncio. Rememorou alguns momentos do jogo. Fantástico!
 
Contra David Nalbandian, a quem, por completo lapso, classifiquei como canhoto para Paulo Henrique Amorim no UOL News, Kuerten pode perder fácil fácil, em três sets, um 6/1, 6/2 e 6/0, por exemplo, sem oferecer resistência, que já terá cumprido seu papel.
Mas, do jeito que este Roland Garros está, ninguém mais duvida que o garotão pode atropelar Nalbandian hoje, Lleyton Hewitt na sexta e aí, no domingo, medir forças com Guillermo Coria.
Afinal, há alguns dias, quem diria que, mesmo em seu quintal, o surfista do saibro passaria pelo melhor tenista da atualidade?
 
Com um sorrisinho simpático, um jogo belíssimo, um estilo tranqüilo, Federer conquistou muitos fãs, além de títulos e uma bela grana, nos últimos tempos.
Há uns meses, porém, um jornalista inglês me atentou para o seguinte: esse Federer, que todos badalam, é um tremendo de um "mala" convencido. Repare, dizia o colega: "é sempre ele, ele, ele. Ele ganha, ele perde, ele vai bem, ele vai mal, ele isso, ele aquilo".
Federer, educadíssimo e simpático sempre que esta coluna lhe dirigiu perguntas, tem, sim, uma tendência a falar dele, e só dele.
Depois da aula de "monsieur Kuertên", a mesma ladainha.
"EU ainda não tirei conclusões sobre a MINHA derrota e não sei explicar por que EU perdi com tanta facilidade", soltou, ainda no calor do jogo. "Posso dizer que não joguei da maneira que EU posso. Não matei as bolas do jeito que EU normalmente faço."
Mais calmo, depois, ainda falou das "condições de jogo": "O saibro estava leve, talvez por causa do calor. A bola estava mais rápida do que nos outros dias".
E, claro, terminou falando dele, sempre ele. "Realmente não importa o que EU fiz. Agora terminou. O que EU posso fazer?"
Compre uma passagem e vá embora!

Roland Garros das moças
Nem belgas nem irmãs Williams. Paola Suarez, Elena Dementieva, Anastasia Myskina e Jennifer Capriati nas semifinais em Roland Garros. É melhor assim?

Conquistas juvenis
Cinco jovens ganharam, além do título da segunda etapa do Circuito Banco do Brasil de Tênis Juvenil, em Santos, vaga no Masters, que reúne os melhores do fim do ano. Os campeões: Renzo Barioni, Bruna Cunha (18 anos), Rafael Toledo, Laryssa Ferreira (16), Rodrigo Traldi, Lara Rafful (14), Tiago Fernandes e Isabela Miró Campos (12).

Urna vazia
E a eleição na CBT, hein?

E-mail randaku@uol.com.br


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