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Greve de pilotos faz empresa remanejar passageiros para outras companhias aéreas; paralisação deve acabar quinta-feira
Air France cancela 90% dos vôos
dos enviados a Lésigny
Os pilotos da Air France cumpriram ameaça e entraram em greve
ontem, a nove dias do início da
Copa-98. A decisão acarreta riscos
ao andamento da competição -a
Air France vai transportar todas as
equipes participantes do Mundial.
Como decorrência do início da
greve, a empresa cancelou ontem
90% dos seus vôos internacionais
de longa distância. É o tipo de vôo
como os que a Air France mantém
entre a França e o Brasil.
Para os vôos de média e curta
distância, os cancelamentos ficaram entre 75% e 83%.
Para tentar chegar a um acordo,
o presidente da Air France,
Jean-Cyril Spinetta, vai receber representantes dos pilotos na tarde
de hoje. A Air France também divulgou possuir um esquema de
emergência para o caso de a greve
continuar durante a Copa.
As divergências entre a empresa,
que é controlada pelo governo
francês, e o SNPL, principal sindicato de pilotos do país, são basicamente duas, mas de difícil solução.
A Air France quer reduzir gastos
com salários para aumentar a
competitividade. Para tanto, cortaria os salários em 15%, oferecendo aos pilotos ações da companhia. Isso possibilitaria a economia de US$ 121 milhões ao ano.
Os pilotos divulgaram que não
aceitam a medida, a não ser que a
troca valha por um período limitado, e não por toda a carreira, como quer a empresa.
Além disso, a empresa implantou, em junho de 97, uma política
de salários diferenciados para os
pilotos. A categoria quer voltar a
ter uma política salarial única.
O governo pode aceitar a essa
exigência para resolver o impasse.
Na última semana, o ministro
dos Transportes, Jean-Claude
Gayssot, reuniu-se com os sindicatos. "Não quero ser conhecido como o ministro dos cortes salariais", afirmou Gayssot.
Ontem, a Air France direcionou
seus passageiros a outras empresas aéreas. Para os passageiros de
vôos domésticos, houve a opção
de trocar os bilhetes por lugares
em trens de mesmo destino.
A empresa colocou três linhas
telefônicas de informações a seus
clientes. Mas, devido ao grande
fluxo de ligações, era difícil obter
uma orientação dessa maneira.
Uma entidade de defesa dos consumidores criticou a greve, por
prejudicar uma competição que a
França prepara há seis anos.
A Adua, que representa usuários
de serviços públicos e privados,
divulgou nota em que afirma que a
greve é "inadmissível".
Na opinião de Christian Paris,
porta-voz do SNPL, a categoria
não reivindica vantagens, mas a
manutenção de direitos como a
não-redução de salários.
No Brasil, os passageiros com bilhete marcado para hoje e amanhã
foram remanejados para outras
empresas aéreas, principalmente
para a Varig. A greve deve durar
até quinta-feira, mas pode ser estendida até o dia 15 de junho, conforme pré-aviso (documento necessário para que a greve não seja
ilegal) depositado pelo SNPL.
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