São Paulo, terça, 2 de junho de 1998

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Greve de pilotos faz empresa remanejar passageiros para outras companhias aéreas; paralisação deve acabar quinta-feira
Air France cancela 90% dos vôos

dos enviados a Lésigny

Os pilotos da Air France cumpriram ameaça e entraram em greve ontem, a nove dias do início da Copa-98. A decisão acarreta riscos ao andamento da competição -a Air France vai transportar todas as equipes participantes do Mundial.
Como decorrência do início da greve, a empresa cancelou ontem 90% dos seus vôos internacionais de longa distância. É o tipo de vôo como os que a Air France mantém entre a França e o Brasil.
Para os vôos de média e curta distância, os cancelamentos ficaram entre 75% e 83%.
Para tentar chegar a um acordo, o presidente da Air France, Jean-Cyril Spinetta, vai receber representantes dos pilotos na tarde de hoje. A Air France também divulgou possuir um esquema de emergência para o caso de a greve continuar durante a Copa.
As divergências entre a empresa, que é controlada pelo governo francês, e o SNPL, principal sindicato de pilotos do país, são basicamente duas, mas de difícil solução.
A Air France quer reduzir gastos com salários para aumentar a competitividade. Para tanto, cortaria os salários em 15%, oferecendo aos pilotos ações da companhia. Isso possibilitaria a economia de US$ 121 milhões ao ano.
Os pilotos divulgaram que não aceitam a medida, a não ser que a troca valha por um período limitado, e não por toda a carreira, como quer a empresa.
Além disso, a empresa implantou, em junho de 97, uma política de salários diferenciados para os pilotos. A categoria quer voltar a ter uma política salarial única.
O governo pode aceitar a essa exigência para resolver o impasse.
Na última semana, o ministro dos Transportes, Jean-Claude Gayssot, reuniu-se com os sindicatos. "Não quero ser conhecido como o ministro dos cortes salariais", afirmou Gayssot.
Ontem, a Air France direcionou seus passageiros a outras empresas aéreas. Para os passageiros de vôos domésticos, houve a opção de trocar os bilhetes por lugares em trens de mesmo destino.
A empresa colocou três linhas telefônicas de informações a seus clientes. Mas, devido ao grande fluxo de ligações, era difícil obter uma orientação dessa maneira.
Uma entidade de defesa dos consumidores criticou a greve, por prejudicar uma competição que a França prepara há seis anos.
A Adua, que representa usuários de serviços públicos e privados, divulgou nota em que afirma que a greve é "inadmissível".
Na opinião de Christian Paris, porta-voz do SNPL, a categoria não reivindica vantagens, mas a manutenção de direitos como a não-redução de salários.
No Brasil, os passageiros com bilhete marcado para hoje e amanhã foram remanejados para outras empresas aéreas, principalmente para a Varig. A greve deve durar até quinta-feira, mas pode ser estendida até o dia 15 de junho, conforme pré-aviso (documento necessário para que a greve não seja ilegal) depositado pelo SNPL.



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