São Paulo, terça, 2 de junho de 1998

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Após maus resultados, mídia e torcedores do país pediram saída do treinador Henri Michel, que ocupa cargo desde 1986
"Marrocos terá brio', diz técnico

JOÃO CARLOS ASSUMPÇÃO
enviado especial a Lésigny

Com a honra do time colocada em xeque, o Marrocos ganha uma motivação a mais para superar Brasil, Noruega e Escócia, seus adversários no Grupo A do Mundial.
"Podemos não ser uma seleção de primeiro escalão, mas somos a única da chave que estará jogando para mostrar que tem brio", avisou Henri Michel, técnico de Marrocos desde 1996.
Após enfrentar uma campanha ostensiva da torcida e da mídia marroquina, que pediram insistentemente sua saída do comando do time, o treinador francês fez um desabafo ao partir com seus jogadores para a concentração na França, em Aix-en-Provence.
"Vivemos um pesadelo desde janeiro, quando começaram a inventar todo tipo de coisa, a dizer que alguns jogadores faziam corpo mole, que outros fingiam contusão, que não era eu quem escalava o time... Colocaram em dúvida nossa moral, e tudo porque perdemos a Copa da África."
Henri Michel referia-se à derrota de Marrocos na principal competição entre seleções do continente, quando caiu diante da África do Sul, nas quartas-de-final, por 2 a 1.
Quando voltou de Burkina Faso, local do torneio, o treinador recebeu ameaças de morte. Mesmo assim, resistiu no cargo.
"Até entendo o que aconteceu", diz Henri Michel. "O marroquino é louco por futebol e nós não estamos entre as principais seleções do mundo. Mas, infelizmente, a imprensa e a torcida do Marrocos não pensam assim."
Para o treinador, porém, o empate conquistado contra a França, sexta-feira, em Casablanca, servirá para dar motivação aos jogadores e enchê-los de moral no início da Copa. "Foi o primeiro jogo entre Marrocos e França desde a independência (do país africano), havia 100 mil pessoas no estádio e, mais do que com o empate, com o bom desempenho que nós tivemos, melhorou o clima do grupo."
Nos dias que antecedem a estréia da seleção contra a Noruega, em 10 de junho, em Montpellier, Henri Michel pretende aproveitar para treinar o sistema defensivo da equipe.
"É o que está faltando. No ano passado, não seria exagero dizer que nossa defesa era praticamente invulnerável. Depois que a imprensa começou a fazer campanha contra, ficou insegura. É chegado o momento de recuperá-la."
Na França, o primeiro teste dos africanos será contra o Chile, em partida na quinta, em Avignon.
Além do amistoso, os marroquinos têm agendado quatro treinos táticos e duas palestras de seus espiões, uma sobre a Noruega, seu primeiro adversário, outra sobre o Brasil, que joga contra o time africano em 16 de junho, em Nantes.



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