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Após maus resultados, mídia e torcedores do país pediram saída do treinador Henri Michel, que ocupa cargo desde
1986
"Marrocos terá brio', diz técnico
JOÃO CARLOS ASSUMPÇÃO
enviado especial a Lésigny
Com a honra do time colocada
em xeque, o Marrocos ganha uma
motivação a mais para superar
Brasil, Noruega e Escócia, seus adversários no Grupo A do Mundial.
"Podemos não ser uma seleção de primeiro escalão, mas somos a única da chave que estará
jogando para mostrar que tem
brio", avisou Henri Michel, técnico de Marrocos desde 1996.
Após enfrentar uma campanha
ostensiva da torcida e da mídia
marroquina, que pediram insistentemente sua saída do comando
do time, o treinador francês fez
um desabafo ao partir com seus
jogadores para a concentração na
França, em Aix-en-Provence.
"Vivemos um pesadelo desde
janeiro, quando começaram a inventar todo tipo de coisa, a dizer
que alguns jogadores faziam corpo mole, que outros fingiam contusão, que não era eu quem escalava o time... Colocaram em dúvida
nossa moral, e tudo porque perdemos a Copa da África."
Henri Michel referia-se à derrota
de Marrocos na principal competição entre seleções do continente,
quando caiu diante da África do
Sul, nas quartas-de-final, por 2 a 1.
Quando voltou de Burkina Faso,
local do torneio, o treinador recebeu ameaças de morte. Mesmo assim, resistiu no cargo.
"Até entendo o que aconteceu", diz Henri Michel. "O marroquino é louco por futebol e nós
não estamos entre as principais seleções do mundo. Mas, infelizmente, a imprensa e a torcida do
Marrocos não pensam assim."
Para o treinador, porém, o empate conquistado contra a França,
sexta-feira, em Casablanca, servirá para dar motivação aos jogadores e enchê-los de moral no início
da Copa. "Foi o primeiro jogo
entre Marrocos e França desde a
independência (do país africano),
havia 100 mil pessoas no estádio e,
mais do que com o empate, com o
bom desempenho que nós tivemos, melhorou o clima do grupo."
Nos dias que antecedem a estréia
da seleção contra a Noruega, em
10 de junho, em Montpellier, Henri Michel pretende aproveitar para
treinar o sistema defensivo da
equipe.
"É o que está faltando. No ano
passado, não seria exagero dizer
que nossa defesa era praticamente
invulnerável. Depois que a imprensa começou a fazer campanha
contra, ficou insegura. É chegado
o momento de recuperá-la."
Na França, o primeiro teste dos
africanos será contra o Chile, em
partida na quinta, em Avignon.
Além do amistoso, os marroquinos têm agendado quatro treinos
táticos e duas palestras de seus espiões, uma sobre a Noruega, seu
primeiro adversário, outra sobre o
Brasil, que joga contra o time africano em 16 de junho, em Nantes.
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